Distinguem-se, neste artigo, a heterotelepatia, ou telepatia de ser para ser, e a autotelepatia, ou telepatia intraindividual, utilizando particularmente a noção de campos alargados, da Psicologia Transpessoal.
Como referido em Caracterização específica da Serologia e do Ser ( Resende, 2011 ) e A telepatia e suas relações com os psitrões enquanto base dos psemes ( Resende, 2011 ), é de considerar que o estudo e o desenvolvimento da telepatia surgirá no contexto da Serologia. Como aí indicado, a Serologia procurará a verdade, buscará a realidade última, sendo esta associada à realidade última, a nível mental, que Bion nos fala, sendo também aí indicado que se estabelecerá um paralelo com a Teoria do Tudo em Física.
Antes de avançar, devemos relembrar a noção dos psemes e dos psitrões. Assim, os psemes são unidades de evolução psicológica, unidades psicológicas de transmissão intergeracional. Os psemes serão pensamentos inconscientes que são consituídos enquanto complexos, ou conjunto de complexos, inconscientes, e terão características Lamarckianas. Os psitrões perspectivam-se enquanto partículas psicológicas que subjazem os psemes.
Para mais, dir-se-à que a histeria é caracterizada por psitrões curtos e que a obsessão é caracterizada por psitrões longos. Isto devido à tendência para a satisfação imediata do histérico, que teria por base psitrões que estariam associados à memória curta, e daí o recalcamento histérico, e devido à tendência para o adiamento da satisfação, característico da obsessão, e relacionada com o juízo de condenação, que teria por base psitrões que estariam associados à memória a médio e a longo prazo.
Ainda, no segundo dos artigos referidos anteriormente, são consideradas a dominância psemética da obsessão sobre a histeria e a característica psitrónica de os psitrões longos se caracterizarem psemeticamente por um maior alcance, talvez por razões filogenéticas.
No âmbito da telepatia, que será neste caso a heterotelepatia, dir-se-à que o telepata obsessivo se caracterizará por características telepáticas de maior alcance, com maior distância e intensidade, do que o telepata histérico.
Isto considerando que no telepata obsessivo predominarão psitrões longos e que no telepata histérico predominarão psitrões curtos.
Ter-se-à em conta, ainda, que na utilização de telepatia através de meios como televisão, rádio, cinema, etc., o telepata histérico funcionará melhor do que o telepata obsessivo.
Assim, tem-se que, com materiais de contacto, de aproximação, mas com maior distância relativa implícita, o telepata histérico, com seus psitrões curtos, funciona melhor, e que sem esses materiais, estritamente de ser para ser, será o telepata obsessivo, com seus psitrões longos, a funcionar melhor.
Falámos, agora, mais ao nível da heterotelepatia.
Noutro plano, e voltando às questões filogenéticas e ao maior alcance psemético dos psitrões longos no obsessivo, tipicamente masculino, dir-se-à que o inconsciente colectivo, que se constituirá enquanto vestígios de experiências passadas da humanidade, particularmente pelas questões associadas à memória a longo prazo, caracterizar-se-à por uma espécie de autotelepatia, em que cada indivíduo contribuirá para a memória colectiva através destes movimentos autotelepáticos. Ao nível desta memória longa, teríamos questões como a reflexão sobre o passado e o planeamento do futuro, que se caracterizariam por movimentos psíquicos, ou mais precisamente, psitrónicos autotelepáticos, para o passado e para o futuro.
Ainda continuando a referenciar o meu artigo Características psitrónicas dos inconscientes colectivo e pessoal: a autotelepatia ( Resende, 2011 ), dir-se-à que estes movimentos autotelepáticos, para o passado e para o futuro, explicarão, em boa medida, os fenómenos das premonições e dos déjà vu.
Assim, teremos que no caso das premonições, os movimentos autotelepáticos irão do futuro para o passado, do momento X1 para o momento X0, ou presente, enquanto que nos déjà vu, os movimentos autotelepáticos irão para o passado e para o futuro, do momento X2 para o momento X0 relativamente ao momento X1, de forma a que quando se passa por X1, sente-se que já aconteceu.
Em termos de arquétipos, esta autotelepatia também poderá explicar porque é que os arquétipos, por exemplo, de Herói ou de Mãe, sejam mais fortes nuns indivíduos do que em outros. Assim, considerando, como Jung ( 1988 ), que os arquétipos são propensões psíquicas, tendências probabilísticas, os movimentos autotelepáticos funcionarão como actualizadores das tendências, em que, por exemplo, uma determinada propensão é mais privilegiada do que outra.
Estas descrições autotelepáticas são reminiscentes de quando se fala de experiências de vidas passadas, que se consegue alcançar, por exemplo, através de hipnose regressiva, estando nós aqui a falar, portanto, do fenómeno de reincarnação.
Como para o inconsciente colectivo, da mesma maneira, mas mais ao nível de uma memória média, se pode caracterizar o inconsciente pessoal, ao nível dos movimentos autotelepáticos.
Considerando que, em termos temporais, os inconscientes colectivo e pessoal se caracterizam por uma relatividade temporal, temos, então, a partir dos psitrões longos, a transmissão autotelepática intergeracional e intraindividual do inconsciente colectivo e a transmissão autotelepática intraindividual do inconsciente pessoal, considerando, também, a transmissão interindividual dos psemes, que se constituem enquanto complexos inconscientes, mas que se transmitem também, por exemplo, por comportamentos e verbalizações.
Voltando à questão da caracterização geral da telepatia, em que, como já indicado no início do artigo, esta surge associada à realidade última, a nível mental, podemos equiparar esta telepatia ao estado holotrópico, tal como considerado por Stanislav Grof, por exemplo, em A Psicologia do futuro ( Grof, 2007 ). Este estado holotrópico é considerado um estado alterado de consciência que se caracteriza por ir na direcção da totalidade.
Como esta noção surge no âmbito da Psicologia Transpessoal, outra noção desta área poderá ajudar-nos a caracterizar melhor a telepatia. Assim, esta seria caracterizada pelos campos alargados de consciência.
Esta última telepatia que temos vindo a falar será a heterotelepatia, ou telepatia de ser para ser, que se caracterizará, então, por estes campos alargados de consciência, podendo nós introduzir aqui a noção da autotelepatia como se caracterizando por campos alargados de inconsciência.
Temos, então, a heterotelepatia enquanto relacionada com a consciência e a autotelepatia enquanto relacionada com a inconsciência.
Faz-se, agora, uma distinção importante quanto aos psemes em si.
Eles constituem-se enquanto complexos inconscientes, que transmitem-se interindividualmente, quer pela sua apreensão inconsciente como também, por exemplo, por comportamentos e verbalizações.
No contexto deste artigo, os psemes fundeiam o inconsciente, particularmente, o inconsciente colectivo e o inconsciente pessoal, e influenciam o consciente, particularmente pela consciencialização dos fenómenos inconscientes, que irá permitir, por exemplo, os campos alargados de consciência, onde se pode incluir a telepatia, particularmente a heterotelepatia.
No sentido descrito, os psemes terão características quer heterotelepáticas como autotelepáticas.
Bibliografia
Grof, S. ( 2007 ). A Psicologia do futuro ( tradução portuguesa ). Via Óptima. ( Edição original: Psychology of the future, 2000 )
Jung, C. G. ( 1988 ). A prática da psicoterapia ( tradução portuguesa ) in Obras Completas de C. G. Jung, Vol. XVI. Petrópolis: Editora Vozes
Resende, S. ( 2011 ). Caracterização específica da Serologia e do Ser in www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 01/02/2011
Resende, S. ( 2011 ). A telepatia e suas relações com os psitrões enquanto base dos psemes in www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 06/02/2011
Resende, S. ( 2011 ). Características psitrónicas dos inconscientes colectivo e pessoal: a autotelepatia in www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 14/02/2011
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