Sexta-feira, 15 de Junho de 2012

Catar sexual feminino enquanto fobia social

Relacionando o catar sexual feminino enquanto meio de deslocamento social, equaciono o mesmo com a angústia de castração e a fobia social.

 

Em Caracterização psicológica das personagens Batman, Tarzan e King-Kong ( Resende, 2010 ), utilizo o exemplo de Tarzan, que se desloca pela selva através de lianas ( cordas vegetais dependuradas em árvores ), para indicar que nos relacionamentos tipicamente femininos, particularmente histéricos, ocorre o grooming sexual, ou comportamento de catar sexualmente, com importantes características sociais e hierárquicas. Estamos a falar, portanto, de comportamentos sociais tipicamente sexualizados, particularmente entre mulheres. Diz-se mais, que este catar sexual parece ser um meio de deslocação social e societal para as mulheres. Particulariza-se, ainda, que meios como a televisão e o cinema constituem lianas sociais para as mulheres, tendo isso especial importância para a hierarquização social sentida pelas mulheres, em que se perceberá uma maior hierarquia para aquelas mulheres que surgem na televisão ou cinema.

 

Continuando, com a variação do surgimento da menstruação nas várias mulheres, ou seja, não saberem o quando a outra mulher está menstruada, e em que há o sentimento de estar a sugar sexualmente o sangue de outra mulher, o catar sexual surge como uma ameaça de castração, em que a menstruação fará lembrar o sinal depressivo de perda do pénis já efectuada. Para mais, o condicionamento hipnótico típico do catar sexual fará com que a ameaça de castração tenha uma significativa influência.

 

É de referir o caso de, estando eu presente no corredor de uma ala psiquiátrica hospitalar, surge uma paciente que começa a dizer que quando chegasse a doutora, ela iria ver, que iria fazer com que ela ( doutora ) ficasse toda molhada.

 

Ora, esta ameaça de castração remete-nos para algo fóbico, em que tentará evitar o contacto social, mas em que ocorrerá um deslocamento contra-fóbico, para a mesma ou outras mulheres, talvez principalmente outras mulheres, fundamentando isso relacionamentos sociais tipicamente histéricos. Ou seja, haverá uma fuga para a frente. Esta fuga para a frente é uma das estratégias defensivas utilizadas na fobia como nos dizem Houzel, Emmanuelli & Moggio ( Coord. ) ( 2004 ). Estas características indicam que haverá uma tentativa de controlar externamente a fobia social, já que assim será de mais fácil manejo.

 

Este evitamento e fobia social, com fuga para a frente, ajudará a explicar a sociabilidade típica dos histéricos assim como a superficialidade também típica dos relacionamentos histéricos, em que o movimento contra-fóbico dará conta da sociabilidade enquanto que o movimento fóbico dará conta da superficialidade. Isto, tendo-se a noção de que o histerismo é mais tipicamente feminino.

 

Para mais, é de notar o exemplo relativamente conhecido daquelas mulheres que têm várias dezenas de sapatos, ou mesmo apenas várias unidades, em que o senso comum dirá que será um exagero. No contexto, o ter vários sapatos apontará para uma dominação hierárquica sobre outras mulheres, já que indicará, aparentemente, que não necessita delas para funcionarem como objecto contra-fóbico. Mas dir-se-à que o afecto do objecto contra-fóbico nas outras mulheres é deslocado sobre os sapatos, em que estes continuam a funcionar como objectos contra-fóbicos. Ou seja, a ansiedade social permanece, em que o conteúdo manifesto indica uma dominação hierárquica sobre outras mulheres e o conteúdo latente indica fobia social, relacional, semelhante às restantes mulheres. Repare-se que, neste caso, da posse dos vários sapatos, é mais notória a tentativa de controlar externamente algo que será de mais difícil lide internamente.

 

Temos então o catar sexual como fonte de ansiedade e angústia de castração, com ansiedade e fobia social.

 

É ainda de evidenciar que as características sexualizadas do catar sexual, com características fóbicas, nos remetem para uma histeria de angústia, histeria esta que, precisamente, Laplanche & Pontalis ( 1990 ) aproximam, mas não totalmente, à neurose fóbica.

 

 

Bibliografia

 

Houzel, D., Emmanuelli, M. & Moggio, F. ( Coord. ) ( 2004 ). Dicionário de Psicopatologia da Criança e do Adolescente. Climepsi Editores

 

Laplanche, J. & Pontalis, J. B. ( 1990 ). Vocabulário da Psicanálise. Editorial Presença

 

Resende, S. ( 2010 ). Caracterização psicológica das personagens Batman, Tarzan e King-Kong em www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 22/11/2010

publicado por sergioresende às 18:24
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