Domingo, 12 de Maio de 2013

As técnicas anais enquanto relacionadas com o capitalista e com o comunista

No presente artigo, considera-se a analidade, na sua relação com o dinheiro, e suas características expulsivas e retentivas, no que diz respeito ao sistema capitalista e comunista.

 

Considerando a analidade como relacionada com o dinheiro, com o que está dentro e com o que está fora, enquanto meio transitivo de relação com o mundo exterior, associando-se, pois, fezes e dinheiro, interessa-nos, sobremaneira, para o presente artigo, as características expulsivas e retentivas da fase anal, do desenvolvimento psicossexual do indivíduo. Como se pode ver em Vocabulário da Psicanálise, de Laplanche & Pontalis ( 1990 ), temos, pois, a relação de objecto impregnada de significações ligadas ao fenómeno da defecação ( expulsão-retenção ) e ao valor simbólico das fezes, em que, como dizem os autores, terá Freud posto em evidência a equivalência simbólica fezes-dinheiro.

 

No contexto, tem-se, deste modo, a técnica anal expulsiva enquanto relacionada com a partilha da riqueza, preconizada pelos comunistas, e a técnica anal retentiva enquanto relacionada com a retenção da riqueza, preconizada pelos capitalistas.

 

No âmbito do capitalismo contemporâneo, em que há imperialismo económico, como extremo do capitalismo, em que há tentativa de apropriação da riqueza de outros, particularmente das elites em relação ao povo, teremos, considerando também o oro-falismo do histérico capitalista, que haverá uma regressão para a fase oral, ao nível da introjecção, que será uma introjecção maciça, incorporativa, que será um reforço das características anais retentivas, reforço este que caracterizará o imperialismo económico, precisamente, o extremo do capitalismo. Isto está enquadrado no meu artigo A posição castrativa como complemento das posições modificadas de Melanie Klein ( Resende, 2010 ), em que se considera a introjecção como mais característica da posição esquizo-paranóide, associada ao psicótico, e a projecção mais associada à posição depressiva, associada ao borderline, estando estas modificações consentâneas com a perspectiva teórica das relações de objecto internalizadas, com o bebé inicialmente enquanto continente e a mãe enquanto originadora de conteúdos, uma perspectiva micro-sociológica ao invés da perspectiva psicogenética de Klein.

 

Quanto a estas manobras económicas imperialistas, teremos o exemplo do empréstimo “ predador “, ou “ predatory “ loaning, em que as empresas e bancos fazem empréstimos às pessoas, sabendo, na sua análise, que muito provavelmente as pessoas não vão poder pagar os empréstimos. Haverão também apostas económicas paralelas contra a boa execução destes empréstimos, em que se ganha por as pessoas não conseguirem pagar os empréstimos. Isto levou alguns analistas a chamar estas manobras de economia de casino. Estas análises são feitas por vários economistas, como, por exemplo, Max Keiser, no seu Keiser Report, um programa de análise económica no canal russo Russia Today ( RT ). Este analista poderá ser contactado em keiserreport@rttv.ru.

 

Quanto às características do imperialismo económico, ver, por exemplo, o artigo Teoria do Tudo em Psicologia, as forças fundamentais do Universo e a comparação da coerência psicofísica dos sistemas politico-económicos da União Europeia e China         ( Resende, 2012 ), em que se aborda particularmente o imperialismo económico practicado no âmbito da União Europeia, por países como a Alemanha e a França, em relação a países da periferia da União Europeia, particularmente, Espanha, Portugal e Grécia.

 

Temos, pois, uma fase introjectiva oral, anterior à anal, em que, resumidamente, teremos uma regressão oro-anal, de modo agressivo, com técnicas retentivo-sádicas.

 

Em Vocabulário da Psicanálise, já referenciado, os autores realçam que, para Melanie Klein, o conjunto da fase oral é uma fase oral-sádica, precisamente, enquanto que para Karl Abraham, dentro da fase oral, há uma fase precoce de sucção e uma fase oral-sádica, em que a líbido e a agressividade são dirigidas para um mesmo objecto. Estas considerações de Abraham são de relacionar com a primazia dos comportamentos sexualizados nas sociedades histéricas capitalistas, realçando-se o oro-falismo do histérico, em particular, com a importância da promiscuidade sexual, e da agressividade envolvida nos correlatos expansionistas militaristas das sociedades capitalistas, nas quais podemos ver ambos os factores, sexualização e agressividade, em tão aclamados meios como os filmes de Hollywood, e séries e programas televisivos estado-unidenses, numa linha capitalista, portanto, de grande sucesso um pouco por todo o mundo. As delineações de Abraham, quanto à fase precoce de sucção e fase oral-sádica, leva-nos, pois, ao que já indiquei, quanto a uma técnica retentivo-sádica.

 

É de relacionar, agora, o imperialismo económico, já referido, com o imperialismo militar dos sistemas económicos capitalistas ocidentais, no âmbito de uma economia de guerra, particularmente nas recentes intervenções na ex-Jugoslávia, no Kosovo, Líbia, Síria e Mali, como em relação a outras intervenções por todo o mundo, especialmente por parte dos Estados Unidos da América, enquanto bastião do Capitalismo, no quadro do capitalismo global. Como se pode ver em A inveja do pénis e a inveja do clitóris e suas implicações políticas ( Resende, 2010 ), isto está relacionado com a raiva narcísica associada à inveja do pénis, com sentimentos sobrecompensatórios associados ao expansionismo imperialista, e à menstruação que, em fantasia, faz lembrar a amputação anterior do pénis. Isto no caso da mulher, sendo que no caso do homem, haverá uma identificação maciça, numa fusão psicótica, com a mãe castrada, como se pode ver em A guerra militar no homem fascista ( Resende, 2013 ), considerando o expansionismo imperialista enquanto extremo do capitalismo.

 

Repare-se que, segundo o exemplo referenciado no artigo da coerência psicofísica, já indicado, em que a China tem comunismo centralmente e Zonas Económicas Especiais capitalistas, não havendo o capitalismo selvagem do Ocidente, haverá uma integração da técnica anal expulsiva e técnica anal retentiva, e em que não haverá regressão para a fase oral, de retenção maciça, introjecção, incorporação, maciças. Isto leva-nos a supor que o que caracteriza o imperialismo económico, o capitalismo selvagem, é a regressão para a fase oral, com técnicas oro-anais agressivas, particularmente retentivo-sádicas, em que, como já se disse, há um reforço oral à retenção anal. Quanto à China, é como se o sistema politico-económico chinês obtivesse o controlo esfincteriano anal. Podemos relacionar isto com a crescente influência política e económica da China, ao ponto de, como alguns analistas vaticinam, a China poder vir, num futuro próximo, a substituir os E. U. A. como maior superpotência global, particularmente a nível económico. Isto, claro está, enquadrado no investimento maciço da China, fora desse país, em infraestruturas e oportunidades de desenvolvimento económico em várias regiões, particularmente menos desenvolvidas, como África. Isto será mais expulsivo-anal, portanto. Estas características aduzidas aqui, quanto à China, apoiam uma coerência geral, em aditamento àquela descrita no âmbito do outro artigo já indicado, do sistema politico-económico chinês, particularmente quanto ao aspecto integrativo das características anais.

 

Contudo, é de destacar que, para Laplanche & Pontalis ( 1990 ), a ligação entre o sadismo e o erotismo anal, com a natureza bipolar do sadismo, em que o mesmo tenta contraditoriamente destruir o objecto e mantê-lo dominando-o, aquela ligação, dizia eu, passa pelo funcionamento bifásico do esfíncter anal, na expulsão-retenção, e pelo controlo deste. Mais em particular, é indicado por esses autores que, para Karl Abraham, a fase anal-sádica tem dois períodos, em que no primeiro o erotismo anal está ligado à evacuação, expulsão, e a pulsão sádica à destruição do objecto, e em que no segundo período o erotismo anal está ligado à retenção e a pulsão sádica ao controlo possessivo.

 

Temos, pois, quanto ao aspecto integrativo das características anais e do controlo esfincteriano anal, referido, um manuseio integrativo do sadismo anal. Por um lado, a destruição do objecto associada à evacuação, expulsão, é manuseada pelas características já indicadas, em particular, do investimento maciço da China, fora do país, em infraestruturas e oportunidades de desenvolvimento económico, em várias regiões, particularmente menos desenvolvidas, estabelecendo e desenvolvendo, dessa maneira, o alargamento da sua esfera de influência, em detrimento de outras potências. Por outro lado, o controlo possessivo associado à retenção, é manuseado em particular pelo exemplo recente dos aumentos salariais nesse país, de 21% nas zonas rurais e de 12% nas zonas urbanas, aumentos estes inimagináveis, por exemplo, no Ocidente.

 

Assim, temos, em geral, no exemplo chinês, o controlo esfincteriano anal e o controlo do sadismo a ele associado.

 

 

Bibliografia

 

Laplanche, J. & Pontalis, J. B. ( 1990 ). Vocabulário da Psicanálise ( 7ª edição ). Editorial Presença

 

Resende, S. ( 2010 ). A inveja do pénis e a inveja do clitóris e suas implicações políticas em Artigos vários de Psicologia, Resende, S., em www.infogestnet.com/publicacoes/antpsica.pdf ( 2013 )

 

Resende, S. ( 2010 ). A posição castrativa como complemento das posições modificadas de Melanie Klein em Artigos vários de Psicologia, Resende, S., em www.infogestnet.com/publicacoes/antpsica.pdf ( 2013 )

 

Resende, S. ( 2012 ). Teoria do Tudo em Psicologia, as forças fundamentais do Universo e a comparação da coerência psicofísica dos sistemas politico-económicos da União Europeia e China em Artigos vários de Psicologia, Resende, S., em www.infogestnet.com/publicacoes/antpsica.pdf ( 2013 )

 

Resende, S. ( 2013 ). A guerra militar no homem fascista em Artigos vários de Psicologia, Resende, S., em www.infogestnet.com/publicacoes/antpsica.pdf ( 2013 )

publicado por sergioresende às 12:14
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