Baseando-me no meu artigo O sobrecompensatório na mulher ( Resende, 2012 ), faço um complemento a um dos exemplos das características sobrecompensatórias da mulher, no caso, a fantasia em raparigas e mulheres de serem consideradas princesas.
O artigo referido dá vários exemplos das características sobrecompensatórias da mulher, tendo-se em conta que, para várias fases da vida da mulher, a inveja do pénis é o tema e base central na vida psicológica da mesma, levando às suas tendências sobrecompensatórias, reportando isto para as sociedades falocêntricas, particularmente as sociedades histéricas capitalistas matriarcais.
O exemplo a que se faz um complemento é o da fantasia de se considerar as raparigas e mulheres, particularmente nas sociedades capitalistas, enquanto princesas. No artigo referido é indicado que isso revelará o sentimento sobrecompensatório das mulheres enquanto não tendo contribuído para a sociedade, particularmente nas sociedades histéricas capitalistas. Avançando que não é habitual a atribuição da designação de príncipe, a rapazes ou homens, ter-se-à em conta o domínio das contribuições dos homens a nível artístico, científico e intelectual, ao nível histórico, revelando um sentimento único de reiniciar a história para as mulheres, considerando que as mesmas quererão equilibrar o desenvolvimento que as mesmas sentirão em relação aos homens. Tenha-se em conta a diferença entre as monarquias actuais, serem consideradas oficialmente num plano meramente simbólico, e as monarquias historicamente anteriores, numa consideração oficial com uma posição com poder efectivo.
Acrescente-se para o presente artigo, que a consideração das raparigas e mulheres enquanto princesas, também derivará do que é considerado “ sangue azul “ ou “ sangue real “, relacionado com a aristocracia, por na linha do artigo, a menstruação, em que a adolescente ou mulher perde sangue na mesma, implicará uma identidade em perda. Isto relacionado com aspectos depressivos, com o sinal depressivo da perda do pénis já efectuada, considerado como estando perdido, confirmado em fantasia pela menstruação.
Este sinal depressivo, associado a uma angústia depressiva, com a perda fantasiada do pénis, que será, precisamente, mais característico nas mulheres, ajudará a explicar porque a depressão, e os fenómenos depressivos, são mais característicos nas mulheres.
Continuando, essa perda fantasiada, na linha do artigo, nos remete para a sobrecompensação narcísica, precisamente, através de serem consideradas princesas, enquanto aristocratas, havendo o desejo das mesmas dessa consideração, com a sobrecompensação evidente pela identificação com a elite aristocrática, particularmente pela sua influência histórica. Haverá um desejo, pela maior intervenção histórica dos homens nas sociedades, particularmente europeias, de voltar atrás no tempo, por assim dizer, e desse modo fantasioso, na identificação referida, intervir activamente na sociedade, pressupondo-se que essa menor intervenção histórica por parte das mulheres terá tido uma diminuição consequente ao nível da auto-estima, ao nível da identificação de género, com menores referências identitárias, relativamente aos homens, que as terão tido em quantidade e qualidade. Isso vê-se pelo menor desejo fantasioso de os rapazes e homens se quererem identificar com a elite aristocrática, havendo bem menos sobrecompensações a esse nível.
Repare-se que nos vários exemplos referidos no artigo O sobrecompensatório na mulher, já mencionado, e neste artigo, baseados na sobrecompensação narcísica derivada da inveja do pénis, ao sentimento depressivo fantasiado de perda do pénis já efectuada, com sentimento de perda do amor do objecto, sentido como tendo castrado a mulher, estaremos a fazer referência a conceitos Adlerianos. Ou seja, a fazer referência a sentimentos de inferioridade derivados de sentimentos de inferioridade orgânica, que levará a sentimentos de superioridade, com sobrecompensação narcísica, sendo a noção de sobrecompensação central em Adler, levando ao chamado complexo de superioridade ( Akoun et al., 1979 ), que se liga bem ao avançado neste artigo, da identificação com princesas, com a elite aristocrática.
Bibliografia
Akoun et al. ( 1979 ). Os 10 grandes do inconsciente ( tradução portuguesa ). Verbo ( Original francês de 1978 )
Resende, S. ( 2012 ). O sobrecompensatório na mulher em www.psicologado.com ( proposto a 12/2012 )
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