Domingo, 13 de Julho de 2014

A passadeira vermelha: correlatos psicológicos

A passadeira vermelha: correlatos psicológicos

 

Elaboram-se, no presente artigo, correlatos psicológicos relativos à passadeira vermelha.

 

Antes de mais, resuma-se o meu artigo Catar sexual feminino enquanto fobia social      ( Resende, 2012 ), considerando o catar sexual feminino como o sentimento de estar a sugar sexualmente outra mulher, nas relações sociais particularmente sexualizadas entre mulheres. Assim, considera-se nesse artigo que, com a variação do surgimento da menstruação nas várias mulheres, ou seja, o não saberem o quando a outra mulher está menstruada, e em que há o sentimento de estar a sugar sexualmente o sangue de outra mulher, o catar sexual surge como uma ameaça de castração, em que a menstruação fará lembrar o sinal depressivo de perda do pénis já efectuada. Ora, esta ameaça de castração remete-nos para algo fóbico, em que a própria tentará evitar o contacto social, mas em que ocorrerá um deslocamento contra-fóbico, para a mesma ou outras mulheres, fundamentando isso relacionamentos sociais tipicamente histéricos. Ou seja, haverá uma fuga para a frente. Como se diz nesse artigo, esta fuga para a frente é uma das estratégias defensivas utilizadas na fobia, como indicam Houzel, Emmanuelli & Moggio, no seu Dicionário de Psicopatologia da Criança e do Adolescente. Estas características indicam que haverá uma tentativa de controlar externamente a fobia social, já que assim será de mais fácil manejo. Ora, conclui-se que este evitamento e fobia social, com fuga para a frente, ajudará a explicar a sociabilidade típica dos histéricos assim como a superficialidade também típica dos relacionamentos histéricos, em que o movimento contrafóbico dará conta da sociabilidade, enquanto que o movimento fóbico dará conta da superficialidade. E isto considerando o histerismo mais tipicamente feminino.

 

É de considerar agora a passadeira vermelha, com cor semelhante à cor do sangue da menstruação, com essa passadeira associada à passagem por cima dela, com a mesma a ser pisada, e calcada, de celebridades, com o catar sexual feminino a ser típico na mulher e a histeria a ser tipicamente feminina, e considerando os sistemas histéricos capitalistas matriarcais, no âmbito do capitalismo global contemporâneo, com o desejo exacerbado nestas sociedades de visualizar essas celebridades, em particular nas cerimónias precedidas de passagem por passadeira vermelha. Em conjunto, aquele pisar, aquele calcar, transmite, em particular, ao público feminino, o acentuar da superficialidade já referida, acentuando-se desta maneira, em particular com a alta intensidade emocional envolvida nessas cerimónias, uma clivagem, um afastamento dessas mesmas celebridades em relação ao público. Isto também é evidenciado pelo uso típico nessas cerimónias de vestidos de marcas e de estilistas caríssimos, só de acesso a alguns, com elitismo envolvido, acentuando-se, pois, aquele afastamento, aquela superficialidade fóbica, aquele medo, em que temos presente, então, o acentuar de um medo em relação a celebridades.

 

O desejo de visualização destas cerimónias e destas celebridades, para além de envolver uma vivência masoquista, de querer continuar a viver em medo, envolve uma fuga para a frente, que caracteriza parte do sistema fóbico, como Houzel, Emmanuelli & Moggio ( Coord. ) ( 2004 ) nos dizem, de aproximação/evitamento, em que o evitamento estará presente no também masoquista sentimento deste público, em geral, de que aquela vida é para as celebridades, que nunca terão aquela fama, evitando, desta maneira, uma identificação contínua com as mesmas celebridades, descontinuidade essa que estará presente na necessidade exacerbada deste público de saber, conhecer, visualizar, ler, etc., sobre novas estreias de obras, intervenções, filmes, concertos, etc., dessas celebridades, ou relativo a elas, e de novas celebridades, em que temos a novidade nessa descontinuidade.

 

O também conhecido desejo, eventualmente exacerbado, nessas sociedades de querer ter fama, de ser uma celebridade, particularmente no público jovem, envolverá uma grande fuga para a frente, no enquadramento fóbico, em que o sujeito desejará, inconscientemente, ou mais ou menos conscientemente, ser também temido, em que aqueles que têm esse desejo quererão ter o poder, com temor envolvido, de influenciar os outros, de influenciar as massas, o que revela nestes sujeitos um sentimento de falta de controlo, dos acontecimentos, particularmente, perante celebridades, sentimento esse que enformará o evitamento do sistema fóbico.

 

Esta descrição indicará que aqueles que querem e desejam ser celebridades, em geral, sentem temor fóbico daqueles que manifestamente admiram, e querendo ser temidos, quererão fazer uma espécie de vingança fóbica, manifestada, por exemplo, nos anúncios feitos amiúde, a outros, de que um dia vingarão, que serão bem sucedidos.

 

O que é descrito no artigo também será válido para celebridades políticas, em que o medo em relação às mesmas enformará identificações muito peculiares do público em relação a esses políticos, em que quanto mais medo maior identificação, em que a fuga para a frente caracterizará, por exemplo, importantemente, o voto nos mesmos.

 

As descrições feitas têm particular importância no público feminino, em particular, e em histéricos, em geral, e isto pelo já dito.

 

 

Bibliografia

 

Houzel, D., Emmanuelli, M. & Moggio, F. ( Coord. ) ( 2004 ). Dicionário de Psicopatologia da Criança e do Adolescente. Climepsi Editores

 

Resende, S. ( 2012 ). Catar sexual feminino enquanto fobia social em www.psicologado.com ( proposto a 06/2012 )

publicado por sergioresende às 10:41
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Terça-feira, 8 de Julho de 2014

Discurso circunstanciado no histérico e catar sexual feminino

Discurso circunstanciado no histérico e catar sexual feminino

 

No presente artigo, relacionam-se os fenómenos do discurso circunstanciado no histérico e o catar sexual feminino, sendo a histeria mais tipicamente feminina.

 

Antes de tudo, tenha-se a noção do discurso circunstanciado como se caracterizando pelo discurso verbal com fraca distinção entre acessório e essencial.

 

Destaque-se também a facilidade de deslocamento do afecto entre representações no histérico, mais do que no obsessivo, e a referência que Lacan ( 1996 ) faz, em Escritos, de Freud, de que o deslocamento é o mecanismo mais eficaz de que o inconsciente dispõe para ultrapassar a censura.

 

Considere-se, ainda, o catar sexual feminino, como no artigo do Catar sexual feminino enquanto fobia social ( Resende, 2012 ), com seu condicionamento hipnótico, na psicocinese sexual, acrescente-se, em que temos o catar com importantes características sociais e hierárquicas, em que há o sentimento de estar a sugar sexualmente outra mulher, nos comportamentos sociais tipicamente sexualizados entre mulheres.

 

Para mais, temos que a censura no histérico, num sistema histérico, sociedade histérica, é mais de nível externo, não se funcionando tanto ao nível da censura interna, psíquica, fenómeno mais obsessivo, como se vê em O sonho e as identidades de percepção e de pensamento ( Resende, 2014 ). Desse artigo, temos que quanto mais se acentua a censura externa menos se acentua a censura psíquica, interna, pelo direcionamento contrário entre as mesmas. Descreve-se mais, que temos conteúdo manifesto, do sonho, mais imagético e perceptivo, com identidade de percepção mais associada ao capitalismo enquanto sistema histérico, e em que temos conteúdo latente, do sonho, com mecanismos inconscientes mais obsessivos, como a sobrerepresentatividade e a figurabilidade, e com identidade de pensamento mais associada ao comunismo enquanto sistema obsessivo, onde se perspectiva que a censura externa funcionará particularmente bem num sistema mais histérico, como o capitalismo, e seu extremo, fascismo, realçando-se, neste ponto, o indicado por Houzel, Emmanuelli & Moggio, no seu Dicionário de Psicopatologia da Criança e do Adolescente, acerca de D. Anzieu considerar na patologia histérica, no contexto do ego-pele e dos envelopes psíquicos, haver dificuldades ao nível do escudo para-excitações, o que causará uma maior dependência de estímulos externos, o que se adequa com as características mais perceptivas do histérico capitalista. Exemplos dessa maior actuação da censura externa nas populações em sociedades histéricas capitalistas são o de nos E. U. A., bastião do capitalismo, ter havido historicamente a consideração de inimigos externos como o comunismo e os comunistas, passando posteriormente para os islâmicos enquanto terroristas, no contexto da “ guerra ao terror “. Ora, a censura num sistema comunista, mais obsessivo, funcionará mais ao nível de um controlo mais directo da censura interna, psíquica, que se caracterizará, em particular, pelo questionamento, do pôr em dúvida, da identidade dos pensamentos entre si, da sua coerência, em que, politicamente, desvios ideológicos ao comunismo são especiais alvos de censura, com o exemplo conhecido do “ inimigo do povo “.

 

Continuando, portanto, num histérico, a censura externa dos media como que banaliza as representações, com a sua repetição afectiva e distribuição pelas diferentes representações, particularmente os media sensacionalistas, em que o afecto das representações vai sendo desgastado, vai passando e sendo distribuído por cada vez mais representações, em que teremos que as representações, as palavras, em particular, vão perdendo o seu valor afectivo.

 

Ainda, considerando que naquele catar sexual feminino, no seu condicionamento hipnótico, há um indagar se a outra mulher está realmente a sentir a psicocinese sexual e, em particular, se a outra mulher sabe, conhece, as sensações, particularmente sexuais, que a própria está a sentir, haverá, intui-se, também um indagar hipnótico acerca de se a outra mulher sabe o que a própria está a sentir, emocionalmente, cognitivamente, os próprios pensamentos.

 

Com a histeria mais tipicamente feminina e o catar sexual feminino, intui-se que o discurso circunstanciado típico no histérico, com fraca distinção entre acessório e essencial, numa verborreia mais típica no histérico, surge, em particular, verbalmente, no sentido em que esse discurso verbal constituirá uma muralha verbal para esconder, então, as suas emoções, cognições, pensamentos, etc.. Ora, pelo já dito, temos que essa muralha é utilizada por uma espécie de confiança inconsciente de que essa palavras verbalizadas não vão revelar os pensamentos, etc., por terem perdido, para o próprio, o seu valor afectivo. Mas tendo em conta a importância do deslocamento no ultrapassar da censura, como já referido, em que na fraca distinção entre acessório e essencial há o tentar esconder aquele afecto que é deslocado e verbalizado, temos que, precisamente, aquelas palavras e ideias transmitidas naquela muralha verbal nos indicam, em particular nas interrelações linguísticas que basearão lapsos inconscientes de linguagem, com a histeria com organização oro-fálica, em que a língua enquanto falo dá uma base interessante para lapsos inconscientes de linguagem, as palavras daquela muralha indicam, dizia eu, aspectos sintomáticos, por exemplo, relacionados com o recalcamento histérico, onde se recalca o que é desagradável para o indivíduo, e aspectos, em geral, problemáticos para o indivíduo, como, em especial, o outro saber o que o próprio está a sentir, a pensar, etc., o que apontaria para uma espécie de fobia a fenómenos telepáticos, em particular de transmitir ao outro pensamentos, emoções, etc.. Repare-se que aquela muralha verbal será uma tentativa do histérico de reconstituir o escudo para-excitações, que, no histérico, poderá estar deficitário, o que havendo essa muralha nos indica que o escudo estará mesmo deficitário. Estas características também basearão o fenómeno da mitomania, enquanto outro traço histérico, quer pela perda do valor afectivo das palavras, como descrito, quer pela tentativa mais ou menos delirante do histérico de reconstituir o seu mundo relacional, como descrito, considerando que o escudo para-excitações constitui um protótipo da relação do indivíduo com o mundo exterior, como indicado naquele Dicionário de Psicopatologia, de Houzel, Emmanuelli & Moggio ( Coord. )( 2004 ).

 

A fobia a fenómenos telepáticos, de transmitir ao outro pensamentos, emoções, etc., como referido, indicar-nos-ia uma contrafobia, um movimento contrafóbico, no sentido de facilitação a receber pensamentos, emoções, etc., facilitação a ser induzido pelos mesmos, a partir de outrem, o que se conjuga com o controlo externo, em particular, dos media sensacionalistas, de induzirem, subliminarmente ou não, esses pensamentos. Diríamos que na psicocinese sexual, em particular, nos media, quanto mais hetero-dúvida dos efeitos psicocinéticos sexuais, dúvida da psicocinese sexual da outra, menos dúvida na auto-dúvida psicocinética sexual, em termos de efeitos psicocinéticos sexuais. E assim, nessa menor auto-dúvida psicocinética sexual, maiores serão os sentimentos, particularmente em termos de intensidade emocional, de facilitação de receber pensamentos, emoções, etc.,  a partir de outrem, e maior será o controlo externo. Maior hetero-dúvida, em particular nos media, no sentido em que, hierarquicamente, quanto menos efeitos garantidos da própria em relação às televisionadas nos media, menores serão os efeitos no telespectador, já que a hetero-dúvida aumenta o sentimento de poder, em termos emocionais, no telespectador, diminuindo a auto-dúvida, tendo em conta que na televisão, em particular, as televisionadas são muito menos do que as telespectadoras, e a hetero-dúvida transmitirá que outras telespectadoras não estarão a conseguir os seus efeitos psicocinéticos sexuais, em que a própria, pelas suas próprias sensações psicocinéticas sexuais relativas aos media, tenderá a sentir maior controlo e mais poder nesse controlo. Assim, pelo dito, haverá aqui uma conjugação hipnótica, em que quanto mais controlo sentido da própria mais controlo externo e maior facilitação para induções externas. Como se descreve mais à frente, acerca da sociabilidade e superficialidade dos relacionamentos histéricos, isto poderá estar relacionado com essa dupla valência, com a sociabilidade associada a maior controlo sentido da própria e a superficialidade associada a maior controlo externo.

 

Complemente-se esta relação entre maior controlo sentido da própria, ao nível do catar sexual feminino, e maior controlo externo, com maior facilitação para induções externas, com o indicado noutro artigo meu, a saber, Características sexuais da teleportação psíquica enquanto relacionadas com as características sexuais do controlo externo da mente ( Resende, 2013 ). Nesse artigo, relaciono as características sexuais envolvidas na teleportação psíquica, e sua elicitação externa, particularmente no histérico e histérica, com as características sexuais envolvidas no controlo externo da mente, tal como apontado por Wilhelm Reich, com a corroboração destas ideias, por parte de Sigmund Freud. Essencialmente, estabelece-se relação entre sexualidade e dependência externa de outrem. Nesse artigo, baseio-me noutro artigo meu, Características psicológicas específicas da teleportação psíquica enquanto viagem entre mundos paralelos, para ter em conta a sugestionabilidade, enquanto traço de carácter histérico, e o transe meditativo, característico da teleportação psíquica, enquanto relacionados com o condicionamento hipnótico característico do catar sexual feminino, considerando-se também as características sexuais da sugestionabilidade referida, como ainda no sentido de outro traço de carácter histérico, neste caso, de conversão, da regressão da acção ao pensamento erotizado, em que o pensamento erotizado é reforçado pelas fontes de sugestão. Digo ainda que isto concorrerá para que externamente seja mais fácil elicitar a teleportação psíquica. Continuo, já em relação ao tema do controlo da mente, particularmente de modo externo, para me referir a Al Bielek, autor associado ao Projecto Montauk, projecto estado-unidense ultra-secreto, relacionado com viagens no tempo e controlo mental. A referência, como indicado nesse artigo, poderá ser vista na Internet, no Website do YouTube, no Canal de Jeff Webber, introduzindo o título Al Bielek: The Montauk Project ( Full Length ). Esse autor faz referência que Wilhelm Reich, quando foi para os E. U. A., foi contactado pela C. I. A., estando eles interessados em saber quais as características do controlo da mente, e quais seriam as características psicológicas relativas às quais se poderia efectuar maior controlo da mente. Reich disse-lhes que o ponto de maior vulnerabilidade para controlo externo da mente era o ponto do orgasmo, em que sendo isso particularmente verdadeiro para os homens, havia a particularidade de nas mulheres a maior vulnerabilidade nesse sentido era o ponto orgástico em relações homossexualizadas, ou seja, relações particularmente sexualizadas entre mulheres. Assim, vemos a relação entre as observações de Reich, quanto ao controlo externo da mente, e o já dito, quanto à maior facilidade externa de elicitar a teleportação psíquica enquanto relacionada com uma sugestionabilidade sexualizada, e nas mulheres, particularmente em relações sociais particularmente sexualizadas entre elas, com o condicionamento hipnótico orgástico associado, no contexto do catar sexual feminino. Esta relação é particularmente acentuada no caso da histérica e histérico. Referem-se ainda as indicações de Sigmund Freud, nos Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade, quando ele nos fala da satisfação sexual associada ao sono, como sendo uma regressão, em que a mulher, nos seus comportamentos masturbatórios do dia-a-dia, como que regressa a um estado intra-uterino, em completa dependência de outrem.

 

Temos, pois, relação entre sexualidade e dependência externa de outrem, onde se enquadram a elicitação externa da teleportação psíquica, associada ao catar sexual feminino, e o controlo externo da mente, vendo-se, então, que quanto mais acentuado for o catar sexual feminino, com maior controlo sentido da própria, maior facilidade de controlo externo da mente, a partir de outrem, com dependência, com maior facilitação para induções externas.

 

Voltando àquele artigo do Catar sexual feminino enquanto fobia social, referido anteriormente, é de considerar que com a variação do surgimento da menstruação nas várias mulheres, ou seja, o não saberem o quando a outra mulher está menstruada, e em que há o sentimento de estar a sugar sexualmente o sangue de outra mulher, o catar sexual surge como uma ameaça de castração, em que a menstruação fará lembrar o sinal depressivo de perda do pénis já efectuada. Ora, esta ameaça de castração remete-nos para algo fóbico, em que a própria tentará evitar o contacto social, mas em que ocorrerá um deslocamento contra-fóbico, para a mesma ou outras mulheres, fundamentando isso relacionamentos sociais tipicamente histéricos. Ou seja, haverá uma fuga para a frente. Como se diz nesse artigo, esta fuga para a frente é uma das estratégias defensivas utilizadas na fobia, como indicam Houzel, Emmanuelli & Moggio, no seu Dicionário de Psicopatologia da Criança e do Adolescente. Estas características indicam que haverá uma tentativa de controlar externamente a fobia social, já que assim será de mais fácil manejo. Ora, conclui-se que este evitamento e fobia social, com fuga para a frente, ajudará a explicar a sociabilidade típica dos histéricos assim como a superficialidade também típica dos relacionamentos histéricos, em que o movimento contrafóbico dará conta da sociabilidade, enquanto que o movimento fóbico dará conta da superficialidade. E isto, considerando o histerismo mais tipicamente feminino.

 

Vemos, então, que esta fobia, agora descrita, associada à superficialidade dos relacionamentos histéricos, estará relacionada com a fobia, descrita anteriormente, a fenómenos telepáticos, em particular de transmitir ao outro pensamentos, emoções, etc..

 

Para finalizar, diríamos, então, que no histérico, o discurso circunstanciado, em particular associado ao catar sexual feminino, à psicocinese sexual, tipicamente feminina, está associado à superficialidade nos relacionamentos, a um distanciamento relacional implícito, relembrando nós a muralha verbal, em que quanto maior acentuação desse discurso mais distante o histérico estará na relação, com tentativas mais ou menos deficitárias de reconstituição dessa relação.

 

 

Bibliografia

 

Houzel, D., Emmanuelli, M. & Moggio, F. ( Coord. ) ( 2004 ). Dicionário de Psicopatologia da Criança e do Adolescente. Climepsi Editores

 

Lacan, J. ( 1996 ). Escritos. Editora Perspectiva

 

Resende, S. ( 2012 ). Catar sexual feminino enquanto fobia social em www.psicologado.com ( proposto a 06/2012 )

 

--------------- ( 2013 ). Características sexuais da teleportação psíquica enquanto relacionadas com as características sexuais do controlo externo da mente em www.psicologado.com ( proposto a 12/2013 )

 

--------------- ( 2014 ). O sonho e as identidades de percepção e de pensamento em www.psicologado.com ( proposto a 04/2014 )

publicado por sergioresende às 09:35
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Quinta-feira, 5 de Dezembro de 2013

A mulher e a morte

No enquadramento da associação que se estabelece entre a mulher e a morte, relacionam-se, neste artigo, dois artigos escritos por mim, a saber, Masturbação feminina no dia-a-dia: suas implicações psicológicas e comportamentais ( Resende, 2008 ) e Orgasmo feminino enquanto “ pequena morte “ ( la petite mort ) ( Resende, 2012 ), com o dito por Jacques Lacan, no seu livro Escritos ( 1996 ). Destacam-se, ainda, aspectos sisíficos relativos à sexualidade feminina, relacionados particularmente com a morte, e o conflito estético na mulher na sua relação com o instinto de morte.

 

Resuma-se, então, aqueles meus artigos, para depois passar ao dito por Lacan.

 

Assim, o primeiro deles refere-se ao hábito diário do comportamento masturbatório feminino, e das suas implicações comportamentais e psicológicas, com o hábito da fêmea humana de se excitar e de se masturbar em qualquer local que se encontre, através da sua musculatura vaginal e pélvica, até atingir o clímax, num movimento paroxístico.

 

Indica-se que já Freud ( 1905 ), nos Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade, nos falava da satisfação sexual sentida pela rapariguinha contraindo os braços entre as pernas, como contraforça, realçando a prevalência deste tipo de comportamento.

 

Mais se refere, que na observação quotidiana, associados a estes comportamentos masturbatórios, estão as eventuais ocorrências de um “ engolir em seco “, aquando do clímax, e, muito importante, as ocorrências de comportamentos sonolentos, como o bocejar, aquando do clímax, em que a mulher ou a rapariga começam a ficar com sono, sendo de realçar a proximidade entre o clímax e os comportamentos sonolentos.

 

Ainda Freud ( 1905 ) nos fala da satisfação sexual associada ao sono, como sendo uma regressão, em que a mulher regressa como que a um estado intra-uterino, em completa dependência de outrem.

 

Destaca-se, nestes comportamentos, que por mais satisfação sexual que se obtenha, a capacidade multi-orgásmica, os comportamentos de “ engolir em seco “ e do comportamento sonolento não diminuem, indicando que a plena satisfação sexual não é obtida, persistindo os comportamentos masturbatórios. Isto leva a crer que diminui a capacidade de procura efectiva de satisfação sexual, na relação, importantemente, o que nos leva à noção, mais ou menos presente, pelo menos na cultura ocidental, da menor iniciativa sexual da mulher, em termos de comportamentos efectivos de procura de satisfação sexual.

 

Ora, quanto a esta menor iniciativa, e quanto à dependência, referida anteriormente, é de notar que Jung ( 1968 ) indica que a mulher que não se identifica com o Eros materno perde a capacidade de iniciativa. É como se a mulher, nesse comportamento sexual típico de masturbação, se identificasse mais com o Tanatos materno.

 

Ainda neste artigo se propõe que preventivamente se deverá facilitar culturalmente, politicamente ( políticas de acesso ao crédito à habitação ), educativamente, etc., a tomada de iniciativa sexual por parte da mulher para que esta possa mais facilmente identificar-se com o Amor.

 

Já no segundo dos meus artigos referidos, acrescenta-se que considerando que a resolução é a fase da resposta sexual humana que se segue ao orgasmo, teríamos aqui que a irresolução crónica na mulher estará associada à morte, sendo neste contexto que se enquadra a famosa expressão francesa do orgasmo feminino enquanto “ la petite mort ), a pequena morte.

 

Cite-se, agora, Jacques Lacan, realçando-se a coerência do indicado por mim e o referido por Lacan nesta citação. Temos, então, que da “ descoberta das migrações da líbido nas zonas erógenas à passagem metapsicológica de um princípio de prazer generalizado até o instinto de morte, torna-se o binómio de um instinto erótico passivo modelado sobre a atitude das catadoras de piolhos, caras ao poeta, e de um instinto destrutivo, simplesmente identificado à motricidade. “ ( p. 111 )    ( Lacan, 1996 ), tendo nós, pois, a passividade erótica associada à menor iniciativa sexual.

 

É ainda de indicar que esta referência ao catar feminino, relaciona-se, por exemplo, com o meu artigo Catar sexual feminino enquanto fobia social ( Resende, 2012 ), podendo nós  referenciar o indicado por mim e por Lacan com o comportamento mais primata de catar, em termos de limpeza, outros primatas, podendo nós intuir que o catar sexual feminino, ou o sentimento de estar a sugar sexualmente outra mulher, nos comportamentos sociais tipicamente sexualizados entre mulheres, derivou, de alguma forma, desse mesmo catar primata. Podíamos também intuir, neste contexto, que a limpeza, que estará implícita no catar sexual feminino, será a limpeza de aspectos mortíferos na mulher. Para mais, dir-se-à que, a caminho do clímax, os aspectos mortíferos vão sendo limpos, particularmente a nível psicológico, e que, aquando do orgasmo, surgirá a pequena morte, em que os aspectos mortíferos voltarão, o que confere uma vertente sisífica ao catar sexual feminino no dia-a-dia. Compare-se este sisifismo, relativo ao Mito de Sísifo, ao aspecto importante de quanto mais orgasmos a mulher obter, no dia-a-dia, menor iniciativa sexual terá.

 

Quanto a estes aspectos sisíficos, já num artigo de 2010, Implicações da castração edipiana na sociedade capitalista ( Resende, 2010 ), referenciei características sisíficas relativas a um enquadramento da histeria, nas sociedades capitalistas. Refere-se aí que a ameaça edipiana implícita em relação ao homem, e decorrente do mito, será a castração visual, castração visuo-narcísica, em que haverá uma tentativa de fazer regredir o homem psiquicamente, narcisicamente, considerando-se que o aspecto visual está associado à voracidade visual das primeiras fases de desenvolvimento do indivíduo. Ora, na mulher, tendo em conta a primazia da sexualidade na histeria, e o facto de esta ser mais característica na mulher, enquadrada nas características fisionómicas da mesma, ter-se-à que ocorrerá uma castração visuo-narcísica, com respectiva sobrecompensação narcísica, que estará subjacente às capacidades multi-orgásmicas da mulher, com dificuldade em obter verdadeira satisfação orgástica. Enquadre-se isto nos relacionamentos sociais tipicamente histéricos, particularmente entre mulheres, e com os homens, em consequência. Ter-se-à que a tendência, psicológica, em particular, multi-orgásmica, decorrerá da sobrecompensação visual associada à castração visuo-narcísica, vista socialmente, em espelho ou imaginada na própria. Considerando que a promiscuidade sexual é característica das mulheres, nas sociedades capitalistas, ter-se-à a tendência de procura e obtenção da visualização do orgasmo feminino. Assim, a mulher procurará restaurar-se narcisicamente pelo orgasmo, próprio e das outras mulheres. Temos, então, o enquadramento sisífico na promiscuidade sexual e na tendência de procura e obtenção da visualização do orgasmo feminino, associados às capacidades multi-orgásmicas da mulher, e isto no sentido da restauração narcísica estar associada ao orgasmo, e visualização do mesmo. O descrito agora faz ainda mais sentido se relacionarmos a castração visuo-narcísica, referida, ao catar sexual feminino, já referenciado quanto ao artigo parcialmente com essa expressão, em que nesse mesmo artigo considera-se que com a variação do surgimento da menstruação nas várias mulheres, ou seja, a mulher não saber quando a outra mulher está menstruada, indagando, eventualmente, de modo visual, sinais como a pintura cosmética, e em que há o sentimento de estar a sugar sexualmente o sangue de outra mulher, o catar sexual feminino surge como uma ameaça de castração, em que a menstruação fará lembrar o sinal depressivo de perda do pénis já efectuada. Para mais, o condicionamento hipnótico típico do catar sexual fará com que a ameaça de castração tenha uma significativa influência. Percebe-se, então, melhor, a relação sisífica entre a castração visuo-narcísica e a restauração narcísica decorrente do orgasmo, e sua visualização, perspectivando-se, ainda, a associação que se pode estabelecer entre a presença do sangue, menstrual, com a amputação precoce imaginada do pénis, e as conotações de morte que lhe estarão relacionadas, como feridas mortais de guerra, de acidentes e outras. Teríamos aqui, poder-se-ia dizer, o luto do pénis perdido, luto esse, pelo descrito, não resolvido.

 

Continuando, realce-se, antes de mais, o comportamento orgástico tipicamente associado ao dia-a-dia da mulher e as consequências que já mencionei ao nível da identificação da mulher com o instinto de morte.

 

Também aqueles meus artigos citados nesse sentido, com as referências já descritas, se relacionam com o indicado noutro artigo meu, a saber, O sobrecompensatório na mulher ( Resende, 2012 ), complementando-o importantemente. Neste, refiro, em particular, que o comportamento habitual manifestado, especialmente, por mulheres mais velhas, de pintar o cabelo, cobrindo o cabelo branco e grisalho, sinal manifesto de envelhecimento e velhice, revelam uma espécie de trauma transpessoal de género, o feminino, de não ter contribuído, assim o sentirão, tanto historicamente como os homens, para a sociedade, particularmente a Ocidental. Assim, tentarão sobrecompensatoriamente parecer mais novas, como que tentando afirmar que ainda vão a tempo, tentando denegar que nas suas vidas pessoais não se terão sentido como contribuindo tanto ou compensando tanto aquele sentimento histórico. Ora, o comportamento referido de pintar o cabelo, denegando a velhice, em conjunto com o indicado naqueles dois artigos mencionados primeiramente, como nas restantes descrições, revelarão, importantemente, e de maneira mais ou menos manifesta, um medo relativamente generalizado do género feminino da morte, e importantemente da proximidade da mesma.

 

Tenha-se em conta que a identificação da mulher com o instinto de morte, já referida, em conjunto com este medo do género feminino da morte, leva-nos a pensar no medo de morte da mulher dela própria, o que nos fornecerá contornos mitológicos Pandóricos, referentes à Caixa de Pandora. Este aspecto também estará presente na citação anterior que fiz de Lacan, quando ele fala em instinto destrutivo, associado ao instinto de morte. Assim é, pois a caixa de Pandora, na mitologia grega, refere-se ao comportamento de Pandora, primeira mulher criada por Zeus e pelos deuses, relativamente a uma caixa misteriosa, onde Zeus metera, em segredo, todos os flagelos e desastres. Esse comportamento, motivado pela curiosidade, foi desobedecer à recomendação de não abrir a caixa, e abri-la. Assim, escaparam-se da caixa os males que atormentam o mundo, acontecendo que quando procurou fechá-la apressadamente, só havia uma coisa lá dentro: a esperança ( Guedes et al., 2004 ). Relativamente ao já dito, quanto à relação entre a mulher e a morte, temos, pois, uma mensagem mitológica de esperança.

 

Repare-se ainda que Meltzer & Williams ( 1988 ), abordando a apreensão da beleza e o papel do conflito estético na violência, nos dizem que o conflito estético é uma fundação para o desenvolvimento normal, baseado na relação interna mãe-bebé. Ora, o que eu referi anteriormente quanto ao pintar do cabelo como denegação da velhice, tendo nós aqui um conflito estético, aponta consequentemente para um desenvolvimento patológico, tendo, lá está, maior relação com a violência destrutiva do instinto de morte, e com a proximidade dessa mesma morte. Realça-se, agora, o aspecto sincronístico entre uma citação desse mesmo livro de Meltzer & Williams, relacionando conflito estético e violência, e a utilização que eu fiz do mito de Pandora. A citação é: “ Formulation of the aesthetic conflict as an inside-outside problem, as a conflict between what could be perceived and what could only be construed, led directly to the problem of violence as violation: violation of the privacy of internal spaces and their representations. “. Assim, psicanaliticamente, podíamos associar esses espaços internos, e suas representações, assim como a caixa de Pandora, e de forma simbólica, à vagina, ao sexo feminino, o que seria coerente com as características sexuais, e suas consequências, relacionadas com a mulher, descritas neste artigo.

 

Antes de finalizar, cito um verso, que se refere a uma mulher, de um artista musical estado-unidense famoso, Prince, na sua canção “ Thunder ”: “ Only the children born of me will remain! “.

 

Finalizando, dir-se-à que a mensagem de esperança, referida no artigo, é de que a mulher deverá ter Amor por ela própria e pelos outros, particularmente, na identificação com o Eros materno.

 

 

Bibliografia

 

Freud, S. ( 1905 ). Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade ( tradução portuguesa ). Edição “ Livros do Brasil “

 

Guedes, F. et al. ( 2004 ). A Enciclopédia, Vol. 15, p. 6399. Editorial Verbo, S. A.

 

Jung, C. G. ( 1968 ). The Archetypes and the Collective Unconscious ( 2ª edição ). Routledge & Kegan Paul Ltd.

 

Lacan, J. ( 1996 ). Escritos. Editora Perspectiva

 

Meltzer, D. & Williams, M. H. ( 1988 ). The Apprehension of beauty: the role of aesthetic conflict in development, art and violence. Perthshire: Clunie Press. In Google Livros ( consultado em Novembro de 2013 )

 

Resende, S. ( 2008 ). Masturbação feminina no dia-a-dia: suas implicações psicológicas e comportamentais em www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 12/11/2008

 

--------------- ( 2010 ). Implicações da castração edipiana na sociedade  capitalista em www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 16/11/2010

 

--------------- ( 2012 ). Orgasmo feminino enquanto “ pequena morte “ ( la petite mort ) em www.psicologado.com ( proposto a 05/2012 )

 

--------------- ( 2012 ). Catar sexual feminino enquanto fobia social em www.psicologado.com ( proposto a 06/2012 )

 

--------------- ( 2012 ). O sobrecompensatório na mulher em www.psicologado.com          ( proposto a 12/2012 )

publicado por sergioresende às 10:47
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Quinta-feira, 8 de Agosto de 2013

Características psicológicas específicas da teleportação psíquica enquanto viagem entre mundos paralelos

No presente artigo, e pressupondo-se determinadas capacidades psicológicas para viajar entre mundos paralelos, relacionam-se aspectos psicológicos que estarão envolvidos nessa viagem, como a rejeição psicológica, que basear-se-à no não enquanto organizador psíquico por excelência, e que nos indicará que o indivíduo não deverá padecer de angústia de separação, ou seja, não deverá constituir-se enquanto borderline, como se pode ver no artigo dos mundos paralelos, referido já abaixo, relacionam-se, dizia, com características psicológicas que caracterizarão a teleportação psíquica, nos seus aspectos mais específicos.

 

Assim, resumem-se inicialmente dois artigos meus, a saber, Teoria do Tudo em Psicologia: a caminho dos mundos paralelos em Física ( Resende, 2012 ) e Características psicológicas da teleportação psíquica ( Resende, 2013 ).

 

Já descrito em parte acima, o artigo dos mundos paralelos tem a premissa da Teoria do Tudo em Psicologia, que baseia-se no relacionar de características psicológicas com características  da Física, considerando a Teoria do Tudo em Física, que pretende investigar a unificação das forças fundamentais do Universo. Como já dito, pressupõem-se determinadas capacidades psicológicas para viajar entre mundos paralelos, considerando nós, então, o não, enquanto importante organizador psíquico, que nos leva a pensar em rejeição psicológica. Deste modo, dever-se-à saber lidar com a rejeição psicológica, não devendo o indivíduo padecer de angústia de separação, ou seja, não deverá constituir-se enquanto borderline.

 

Quanto ao artigo da teleportação psíquica, considera-se que a mesma caracterizar-se-à por uma desintegração psíquica com posterior reintegração psíquica. Para mais, baseando-me num artigo meu sobre a contemplação meditativa, considero que o obsessivo, através do juízo de condenação, adia a gratificação, levando à meditação, e à integração da introjecção e da projecção, num introprojecto, levando-nos a considerar que a teleportação é caracterizada por este introprojecto, caracterizado, pois, por uma espécie de transe meditativo.

 

Essencialmente, desse artigo, temos que na teleportação psíquica, há uma fase inicial projectiva, pelo desejo inicial de teleportação, seguida de uma introjecção, pela necessidade de desintegração, e com posterior projecção, pela necessidade ulterior de reintegração. Temos ainda as características espaço-temporais, em que do maníaco ao deprimido, se vai da maior utilização das unidades tempo-mentais á menor utilização dessas unidades, passando pelo histérico e pelo obsessivo. Concluindo-se que quanto mais unidades tempo-mentais são utilizadas menos unidades espaço-mentais são utilizadas, tem-se em conta que o deprimido utiliza menos unidades tempo-mentais e mais unidades espaço-mentais, em que haverá a necessidade de menor utilização de unidades espaço-mentais. Será neste contexto, e em transe meditativo, que surge a projecção inicial, do desejo de teleportação, já que há um enquadramento psicológico de menor deslocação física em si, o que promoverá o fenómeno da teleportação. Tem-se, ainda, que a fase introjectiva estará associada à inveja do clitóris, que se caracteriza por uma tentativa de diminuição narcísica, na comparação pénis-clitóris. A mesma inveja caracteriza-se pela subcompensação narcísica, que também se pode associar à renúncia da identidade. Após isso, surge a fase projectiva, em que da fase introjectiva psicótica há a passagem para a fase projectiva depressiva. Haverá a passagem da inveja do clitóris à inveja do pénis, passagem da subcompensação narcísica à sobrecompensação narcísica.

 

Temos ainda o conceito de núcleos de personalidade, que proponho como intervindo no fenómeno da teleportação. Teríamos no mesmo indivíduo e personalidade, núcleos de personalidade, com um núcleo maníaco, um histérico, um obsessivo e um deprimido. Estes núcleos aproximam-se do conceito de traços de carácter, que existirão no âmbito de uma estrutura ou organização de personalidade. Temos os traços de carácter estruturais e os traços de carácter pulsionais, dividindo-se estes em traços de carácter libidinais e traços agressivos. Nos libidinais, temos os traços orais, anais, uretrais, fálicos e genitais e nos agressivos, os traços sádicos, masoquistas e autopunitivos.

 

Assim, no contexto da teleportação, é como se fossem utilizadas técnicas de manipulação de diferentes traços de carácter, dos núcleos, portanto.

 

Deste modo, na teleportação, teremos uma pré-fase maniaco-depressiva, em que da mania à depressão, passar-se-à por traços fálicos, associados ao histerismo, e por traços anais, associados à obsessão, em que chegamos à fase deprimida, em que devido àquela projecção inicial requerida, teremos a utilização de traços fálico-depressivos. Na sequência, em que chegamos à introjecção na fase psicótica, teremos a manipulação de traços orais, associados a características incorporativas. Nesta fase, devido àquela diminuição narcísica requerida e à renúncia da identidade, estaremos a falar da manipulação de traços de carácter agressivos autopunitivos. Posteriormente, a caminho da reintegração, teremos o caminho inverso, passando pelos traços anais, traços fálicos, quer histéricos quer depressivos, que caracterizarão a projecção nesta fase, chegando à reintegração, que será sobremaneira conseguida pela manipulação de traços de carácter genitais, que se caracterizam pela integração, particularmente egóica mas também das diferentes pulsões.

 

Associam-se, ainda, as relações espaço-temporais já referidas, em que há necessidade de unidades espaço-mentais no histérico e de unidades tempo-mentais no obsessivo, para considerar que quando há a passagem do maníaco ao deprimido, passando pelo histérico e pelo obsessivo, há uma primazia inicial da manipulação de características espaciais para depois haver uma primazia de características temporais, e que na fase inversa, a primazia vai das características temporais às espaciais. Assim, num processo de teleportação primariamente espacial, teremos a primazia da manipulação inicial de características histerico-espaciais, enquanto que num processo de teleportação primariamente temporal, teremos a primazia da manipulação inicial de características obsessivo-temporais. Se se pensar num processo integrativo espaço-temporal, teremos a integração de características fálicas e anais, tendo nós, pois, a primazia da manipulação inicial de características falico-anais.

 

Já para o presente artigo, é de realçar a importância da necessidade de lidar com a rejeição psicológica, nos mundos paralelos, e relacionar isso com características psicológicas específicas envolvidas na teleportação psíquica. Por exemplo, temos a utilização de características obsessivas, tipicamente anais, principalmente na teleportação temporal, como a anulação retroactiva, em que, no novo mundo paralelo da teleportação, se anula inconscientemente a consciência do mundo paralelo inicial, permitindo com que a consciência se torne mais estável no novo mundo paralelo temporal. Hipotetiza-se que, com estas características, a própria teleportação espacial tenha mais cunho anal do que considerado no artigo da teleportação psíquica, embora seja avançado nesse artigo a utilização de características falico-anais para se efectuar uma teleportação em que se conjuga a teleportação temporal e a teleportação espacial.

 

Especificamente quanto à rejeição, lidando, pois, da melhor forma com a rejeição psicológica, não padecendo, portanto, de angústia de separação, rejeita-se o mundo paralelo anterior, inicial, para melhor viajar para o novo mundo paralelo da teleportação final.

 

Por exemplo, a negação da realidade no psicótico ajudará a negar a realidade do mundo paralelo inicial da teleportação, ajudando o indivíduo a adaptar-se melhor ao mundo paralelo final da teleportação.

 

Temos, ainda, um mecanismo de defesa como o recalcamento histérico, em que do mesmo modo que se efectua a anulação retroactiva obsessiva, o recalcamento histérico permitirá o esquecimento do mundo paralelo anterior na teleportação, apoiando uma melhor viagem para o novo mundo paralelo na teleportação final, já que terá mais presente a consciência deste novo mundo, o que ajudará à adaptação ao mesmo.

 

Assim vemos que na teleportação conjugada espaço-temporal, a utilização de características falico-anais, ou características histéricas e obsessivas, é coerente, já que ocorrem processos semelhantes, em que hipotetiza-se que as diferentes características reforçam-se mutuamente.

 

Sublinha-se, pelo já dito, a diferença que na dominância obsessiva da teleportação haja uma teleportação a posteriori, e que na dominância histérica da teleportação haja uma teleportação a anterior.

 

Nos mesmos moldes, se podem considerar um mecanismo de defesa tipicamente obsessivo como a formação reactiva e um mecanismo de defesa tipicamente histérico como a dissociação da consciência, em que a formação reactiva, sendo a manifestação de características contrárias às sentidas, permitirá lidar com as diferenças existentes entre o mundo paralelo inicial da teleportação e o mundo paralelo final, enquanto que a dissociação da consciência permitirá, do mesmo modo, lidar com as diferenças existentes de consciência entre os dois tipos de mundo referidos. Mais uma vez, hipotetiza-se que estas diferentes características reforçar-se-ão mutuamente.

 

Especifiquemos, agora, mais, quanto aos traços de carácter, traços esses tal como enunciados por Bergeret ( 1997 ).

 

Assim, a variabilidade da distância relacional, traço de carácter histérico, particularmente histerofóbico, e como é manifesto, ajudaria a um melhor relacionamento das diferentes distâncias envolvidas na teleportação, particularmente a espacial. Também histerofóbico, os evitamentos e deslocamentos no comportamento exterior fomentarão um melhor manejar dos deslocamentos implícitos na teleportação psíquica. Já a sugestionabilidade, traço de carácter histerofóbico, estará relacionada com o transe meditativo, referido no artigo da teleportação psíquica, como fase pertencente na teleportação psíquica, ou como a caracterizando. A sugestionabilidade e o transe meditativo estarão relacionados com o condicionamento hipnótico, típico  do catar sexual feminino, ligando-se este a um traço de carácter histérico de conversão, a erotização evidente, e referido no meu artigo Catar sexual feminino enquanto fobia social ( Resende, 2012 ). Este condicionamento hipnótico diz respeito ao sentimento de estar a sugar sexualmente outra mulher, nos comportamentos sociais tipicamente sexualizados entre mulheres, e, eventualmente, sugar sexualmente o sangue de outra mulher, aquando da menstruação. Ora, este catar sexual surge como uma ameaça de castração, tendo em conta a variação de surgimento da menstruação nas várias mulheres, em que a menstruação fará lembrar o sinal depressivo de perda do pénis já efectuada.

 

Temos, pois, e caracteristicamente, um factor sugestionável como caracterizando a maioria das mulheres, pelo menos. Ainda é de realçar, deste último artigo referido, o catar sexual feminino através de meios como a televisão, mas também o cinema, em que temos, pois, uma influência hipnótica nas mulheres assistindo a esses meios, particularmente com a presença nos mesmos de outras mulheres, que desempenharão o papel de superiores hierárquicas, dado o grande número de mulheres assistindo a esses meios, e ao reduzidíssimo número de mulheres presentes na televisão e cinema. Tendo em conta as características sexuais desta sugestionabilidade referida, é de considerar o traço de carácter histérico de conversão, da regressão da acção ao pensamento erotizado, em que o pensamento erotizado é reforçado pelas fontes de sugestão. Isto concorrerá para que externamente seja mais fácil elicitar a teleportação psíquica.

 

É de referir, ainda, dois traços de carácter histéricos de conversão, a mitomania histérica, que permitirá ao indivíduo “ mentir “ em relação ao mundo inicial da teleportação, melhor diferenciando-o relativamente ao mundo final, e a teatralidade histérica, que estará ao nível do faz-de-conta, que ajudará o indivíduo a lidar com mundos alternativos, o que caracterizará os mundos inicial e final da teleportação.

 

Já nos traços de carácter estruturais neuróticos obsessivos, temos que, na necessidade de exactidão no espaço e no tempo, surgirá uma maior precisão na deslocação envolvida na teleportação psíquica.

 

Nos traços de carácter pulsionais libidinais orais, temos que, na ambivalência oral, que leva à necessidade de “ vomitar “ imediatamente tudo o que se tinha procurado incorporar no instante anterior, surgirá uma melhor relação entre os processos introjectivos e projectivos envolvidos na teleportação psíquica, processos esses descritos no artigo já referido da teleportação.

 

Temos, também, que nos traços de carácter pulsionais libidinais anais, mais precisamente na fase anal de rejeição, uma das características é a oposição sistemática, que indica um maior à-vontade em estar em diferentes mundos paralelos, diferença essa envolvida na teleportação psíquica.

 

Há uma característica importante nos traços de carácter pulsionais libidinais fálicos, que é a competição entre os sexos, no seguimento da competição uretral, com o falo   ( ainda não o pénis ) destinado a ser mostrado e admirado, em que nessa competição, relacionada com o catar sexual feminino, já descrito, surgirá o receio de castração fálica, em que a eventual menstruação na outra mulher fará lembrar o sinal depressivo de perda do pénis já efectuada. Na competição referida, o catar sexual feminino, entre mulheres, competirá pela outra mulher, assim como o homem competirá. O receio de castração fálica, referido, conduz a uma grande “ falização “ de todo o corpo por inteiro, pela sobrecompensação narcísica. Isso é importante para a caracterização da sobrecompensação narcísica, referida no artigo da teleportação, referente à reintegração psíquica, como uma fase da teleportação psíquica. Ora, assim temos que quanto maior o índice de castração fálica, maior o índice de teleportação.

 

Estas foram, pois, as caracterizações psicológicas mais específicas da teleportação psíquica enquanto viagem entre mundos paralelos.

 

 

Bibliografia

 

Bergeret, J. ( 1997 ). A personalidade normal e patológica. Climepsi Editores

 

Resende, S. ( 2012 ). Teoria do Tudo em Psicologia: a caminho dos mundos paralelos em Física em www.psicologado.com ( proposto a 01/2012 )

 

--------------- ( 2012 ). Catar sexual feminino enquanto fobia social em www.psicologado.com ( proposto a 06/2012 )

 

--------------- ( 2012 ). Características psicológicas da teleportação psíquica em www.psicologado.com ( proposto a 04/2013 )

publicado por sergioresende às 14:55
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