Capitalismo e Comunismo e o consciente e o inconsciente
Baseando-me nas conclusões do meu artigo Psitrões enquanto base dos psemes e os “ psychons “ do pensamento ( Resende, 2014 ), desenvolvo, neste artigo, elaborações quanto à relação entre Capitalismo e Comunismo e o consciente e o inconsciente.
Assim, naquele artigo, concluo quanto à maior relação entre heterotelepatia, ou telepatia de ser para ser, e espaço, e entre autotelepatia e tempo e, consequentemente, entre consciência e espaço, por a heterotelepatia estar associada a campos alargados de consciência, e entre inconsciência e tempo, por a autotelepatia estar associada a campos alargados de inconsciência, em que a heterotelepatia será mais espacial pelo atravessar dos pensamentos de ser para ser, com maiores particularidades espaciais, portanto, e em que a autotelepatia, ou movimentos psíquicos psitrónicos, com os psitrões enquanto partículas psíquicas que subjazem os psemes, para o passado e para o futuro, nos inconscientes colectivo e pessoal, será mais temporal, portanto.
Considere-se, agora, o capitalismo enquanto oposto ao comunismo e, como nos diz a Física, tempo e espaço com sinais opostos, como se pode ver, por exemplo, em Viagens no Tempo no Universo de Einstein, de Richard Gott III ( 2001 ).
Para mais, tenha-se em conta o capitalismo com o individualismo, o Self-Made Man, com a importância da acção, de o próprio fazer o seu próprio presente e futuro, acentuando-se o consciente sobre o inconsciente, em que, pelo dito, realça-se a relação do capitalismo com o seu extremo fascismo, com o correspondente expansionismo espacial, e com o consciente.
No comunismo, temos a acentuação do colectivo sobre o individual, com o grande lema Até à Vitória Sempre!, e com a consideração comunista da história da humanidade como a história da luta de classes, tendo-se, pois, estas relações entre comunismo e tempo, em que também, por contraponto ao capitalismo, se intuirá no comunismo necessidade de expansionismo temporal, pressupondo-se, então, maior relação entre comunismo e inconsciente.
De tudo dito, pressupõe-se maior relação entre heterotelepatia, ou telepatia estrita de ser para ser, e capitalismo, e entre autotelepatia e comunismo, concluindo-se, também, pelo dito, pela maior relação entre capitalismo e consciente e entre comunismo e inconsciente.
Considerando-se a relação entre comunismo e existencialismo, ou tendência para o ser, e capitalismo e tendência para o fazer, ter-se-á que o comunismo existencialista remeterá para o inconsciente temporal e que o capitalismo agido remeterá para o consciente espacial.
Exopsicologicamente, tendo em conta a quarentena infligida à Humanidade por parte da restante sociedade do Universo, de acordo com um dos fundadores da exopolítica, Alfred Webre ( 2005 ), devido a uma alegada rebelião por parte da Humanidade, teremos, considerando a história humana, uma progressiva consciencialização da quarentena a nível inconsciente transpessoal de um passado mais comunista por parte da Humanidade, tendo em conta as manifestações historicamente mais recentes do comunismo, em que a quarentena em si se remeterá mais para o aspecto espacial do imperialismo capitalista, em que a Humanidade, provando do próprio veneno, dir-se-á, ter-se-á rebelado a nível imperialista, com a consequente caracterização imperialista da história da humanidade.
Assim, como o próprio Webre ( 2005 ) nos diz, quanto à tendência de reintegração da Humanidade na restante sociedade do Universo, e por essa própria sociedade, teremos uma consciencialização do inconsciente transpessoal mais a nível espacial, pela relação entre consciente e espaço, que nos remeterá para uma sugestão por parte da restante sociedade do Universo para uma progressão pelo espaço sideral de acordo com uma tendência comunista.
Bibliografia
Gott III, J. R. ( 2001 ). Viagens no Tempo no Universo de Einstein. edições quasi
Resende, S. ( 2014 ). Psitrões enquanto base dos psemes e os “ psychons “ do pensamento em www.psicologado.com ( proposto a 03/2014 )
Webre, A. ( 2005 ). Exopolitics: Politics, Government and Law in the Universe. Universebooks
Psitrões enquanto base dos psemes e os “ psychons “ do pensamento
Consideram-se, neste artigo, alguns artigos meus, a saber, Psemes: para além dos genes e dos memes ( Resende, 2010 ), Psemes: Evolução por Selecção Psicológica ( Resende, 2010 ), Evolução por Selecção Psicológica Lamarckiana ( Resende, 2010 ), Psitrões enquanto base dos psemes e suas relações com a histeria e a obsessão ( Resende, 2010 ), Influência da transmissão psemética por género e por tipo de personalidade ( Resende, 2010 ), A telepatia e suas relações com os psitrões enquanto base dos psemes ( Resende, 2011 ), Características psitrónicas dos inconscientes colectivo e pessoal: a autotelepatia ( Resende, 2011 ), Distinção entre heterotelepatia e autotelepatia ( Resende, 2011 ) e Psemes: fundamentos perinatais e transpessoais ( Resende, 2012 ), para depois se fazer uma referência bibliográfica relativa aos psitrões enquanto base dos psemes, com os “ psychons “ do pensamento a assemelharem-se a esses psitrões.
Assim, de base, deve ter-se a noção dos psemes enquanto unidades de evolução psicológica, enquanto unidades psicológicas de transmissão intergeracional. Os psemes serão pensamentos inconscientes que são constituídos enquanto complexos, ou conjunto de complexos, inconscientes, complexos estes enquanto conjunto de disposições psicológicas, psicológica e significativamente relacionadas. Os psemes terão características Lamarckianas, no sentido de os complexos inconscientes poderem ser modificados durante a vida do indivíduo, com as modificações a serem transmitidas às gerações seguintes. Já os psitrões perspectivam-se enquanto partículas psicológicas que subjazem os psemes, da mesma maneira que o inconsciente, ego e consciente se constituirão enquanto instâncias psíquicas. Relacionando os psitrões com a histeria e a obsessão, dir-se-à que a histeria é caracterizada por psitrões curtos e que a obsessão é caracterizada por psitrões longos. Isto porque a tendência para a satisfação imediata do histérico tem por base psitrões que estariam associados à memória curta, daí o recalcamento histérico, e à inibição dos receptores psitrónicos associados à memória a longo prazo, enquanto que a tendência para o adiamento da satisfação, característica da obsessão, e relacionada com o juízo de condenação, teria por base psitrões que estariam associados à memória a médio e a longo prazo, e à inibição dos receptores psitrónicos associados à memória a curto prazo. Tem-se, pois, a histeria com psitrões curtos e a obsessão com psitrões longos.
Relativamente à influência da transmissão psemética, ter-se-à que com pai e mãe histéricos, o filho tenderá a se caracterizar por psitrões curtos, enquanto que com pai e mãe obsessivos, o filho tenderá a se caracterizar por psitrões longos. Haverá, portanto, respectivamente, dominância de psitrões curtos e de psitrões longos. Já com mãe histérica e pai obsessivo, o filho tenderá a se caracterizar por psitrões longos, havendo dominância psemética de obsessão sobre a histeria, considerando-se, neste sentido, a importância e influência da presença da figura paterna na continuidade psicológica do indivíduo, e a característica psitrónica de os psitrões longos se caracterizarem psemeticamente por um maior alcance, talvez por razões filogenéticas. Quanto a uma mãe obsessiva e a um pai histérico, e considerando o inter-relacionamento dos factores em jogo, ter-se-à uma co-dominância dos psitrões curtos e longos, tendo em conta, sobremaneira, as diferenças, para o desenvolvimento do filho, da presença da figura materna e da presença da figura paterna. Neste último enquadramento de histeria e obsessão, perspective-se que, embora a mãe se caracterize por psitrões longos, e portanto, com uma transmissão psemética de maior alcance, o facto de um pai, tendo em conta a importância psicológica da presença da figura paterna, particularmente pela triangulação edipiana, se caracterizar por psitrões curtos, levará a que, posteriormente, se entre em co-dominância.
Quanto à telepatia, dir-se-à que o telepata obsessivo se caracterizará por características telepáticas de maior alcance, o que se enquadrará por uma maior distância e provavelmente maior intensidade, do que o telepata histérico, que terá características telepáticas de menor alcance, portanto de menor distância e intensidade. Isto, considerando que no telepata obsessivo predominarão psitrões longos e que no telepata histérico predominarão psitrões curtos. Considerando agora meios como televisão, cinema, rádio, videoconferência ou, por exemplo, videochamada num programa de mensagem instantânea na Internet, podemos caracterizá-los como aproximando, tornando mais curtas as distâncias, mas com a característica presente de representar algo a uma maior distância do que evidencia. Assim, na utilização de telepatia através destes meios, o telepata obsessivo vê encurtado o seu alcance enquanto que o telepata histérico vê esse alcance ser aumentado, em que dir-se-à que o obsessivo é atrofiado com estes meios enquanto que o histérico é potenciado. Deste modo, a telepatia histérica será mais materialista e a telepatia obsessiva mais idealista, o que é coerente, por exemplo, com o materialismo capitalista das sociedades histéricas matriarcais capitalistas, considerando a histeria mais tipicamente feminina. Resumidamente, tem-se que com materiais de contacto, de aproximação, o telepata histérico, com seus psitrões curtos, funciona melhor, e que sem esses materiais, estritamente de ser para ser, será o telepata obsessivo, com seus psitrões longos, a funcionar melhor. No caso dos histéricos, tenha-se em conta a típica superficialidade dos relacionamentos e como isso se conjuga com os característicos psitrões, precisamente curtos, enquanto que nos obsessivos a maior intensidade típica das vinculações conjuga-se bem com as características telepáticas já indicadas de maior intensidade.
Voltando às questões filogenéticas e ao maior alcance psemético dos psitrões longos no obsessivo, tipicamente masculino, dir-se-à que o inconsciente colectivo, que se constituirá enquanto vestígios de experiências passadas da Humanidade, particularmente pelas questões associadas à memória a longo prazo, caracterizar-se-à por uma espécie de autotelepatia, em que cada indivíduo contribuirá para a memória colectiva através destes movimentos autotelepáticos. Ao nível desta memória longa, teríamos questões como a reflexão sobre o passado e o planeamento do futuro, que se caracterizariam por movimentos psíquicos, ou mais precisamente, psitrónicos autotelepáticos, para o passado e para o futuro. Estes movimentos autotelepáticos, para o passado e para o futuro, explicarão, em boa medida, os fenómenos das premonições e dos déjà vu. Assim, temos que no caso das premonições, os movimentos autotelepáticos irão do futuro para o passado, do momento X1 para o momento X0, ou presente, enquanto que nos déjà vu, os movimentos autotelepáticos irão para o passado e para o futuro, do momento X2 para o momento X0 relativamente ao momento X1, de forma a que quando se passa por X1, sente-se que já aconteceu. Em termos de arquétipos, esta autotelepatia também poderá explicar porque é que os arquétipos, por exemplo, de Herói ou de Mãe, sejam mais fortes nuns indivíduos do que em outros. Considerando-se, como Jung, os arquétipos enquanto propensões psíquicas, tendências probabilísticas, os movimentos autotelepáticos funcionarão como actualizadores das tendências, em que uma determinada propensão é mais privilegiada do que outra. Da mesma maneira, mas mais ao nível de uma memória média, se pode caracterizar o inconsciente pessoal. Temos, então, a transmissão autotelepática intergeracional e intraindividual do inconsciente colectivo e a transmissão autotelepática intraindividual do inconsciente pessoal. Dir-se-à ainda que as descrições autotelpáticas são reminiscentes de quando se fala de experiências de vidas passadas, que se podem alcançar, por exemplo, através de hipnose regressiva, em que se está a falar do fenómeno da reencarnação.
Distinguir-se-à a autotelepatia da telepatia de ser para ser, ou heterotelepatia.
Tendo em conta as minhas elaborações, quanto à telepatia, terem surgido numa aproximação à realidade última, a nível mental, poder-se-à dizer que na caracterização geral da telepatia, poderemos aproximar a heterotelepatia ao estado holotrópico, tal como considerado por Stanislav Grof, que nos diz que o estado holotrópico é um estado alterado de consciência que se caracteriza por ir na direcção da totalidade. Surgindo esta noção no âmbito da Psicologia Transpessoal, outra noção desta área permitirá caracterizar melhor esta heterotelepatia, que são os campos alargados de consciência. Introduzo, de seguida, a noção da autotelepatia como se caracterizando por campos alargados de inconsciência. Temos, então, a heterotelepatia enquanto relacionada com a consciência e a autotelepatia enquanto relacionada com a inconsciência. Voltando aos psemes, constituindo-se eles enquanto complexos inconscientes, os mesmos transmitem-se interindividualmente, quer pela sua apreensão inconsciente como também, por exemplo, por comportamentos e verbalizações. No contexto, os psemes fundeiam o inconsciente, particularmente o inconsciente colectivo e o inconsciente pessoal, e influenciam o consciente, particularmente pela consciencialização dos fenómenos inconscientes, e lapsos inconscientes, que irá permitir, por exemplo, os campos alargados de consciência, onde se incluirá a heterotelepatia. Temos, pelo descrito, os psemes com características quer heterotelepáticas quer autotelepáticas.
Quanto aos fundamentos perinatais e transpessoais relacionando-se com os psemes, é crucial notar a associação de similitude que Stanislav Grof, um dos fundadores da Psicologia Transpessoal, faz, entre os seus COEX, ou sistemas de experiência condensada, e as ideias de Jung quanto aos complexos psicológicos. Para Grof, os sistemas COEX são encarados como princípios organizadores gerais da psique humana. Os COEX estão associados, para além dos dados biográficos pós-natais, a experiências peri-natais ( trauma do nascimento ) e transpessoais, particularmente, memórias colectivas do inconsciente colectivo, ao nível filogenético. Para Grof, o domínio perinatal da psique humana representa uma entrada importante para o inconsciente colectivo no sentido Junguiano. É que a identificação com a criança que enfrenta a provação de passagem pelo canal de parto parece dar acesso a experiências que envolvem pessoas de outras épocas e culturas. Para mais, este autor refere as interligações íntimas entre acontecimentos da nossa história biológica e os arquétipos Junguianos. Já as experiências transpessoais relacionam-se com experiências de vidas passadas, arquétipos Junguianos, identificação consciente com vários animais e outros e, mais em geral, com memórias ancestrais, raciais, colectivas e filogenéticas, experiências cármicas e com a dinâmica arquetípica. Denote-se, então, que os sistemas perinatais e transpessoais de Stanislav Grof relacionam-se com os psemes e, coerentemente, fundamentam a ideia de transmissão dos psemes de geração em geração, ao longo das gerações, como também quanto ao facto de os psemes constituirem-se enquanto objecto de evolução psicológica humana.
Agora, indo de encontro aos “ psychons “ do pensamento, temos J. B. Rhine [ ( Hemmert & Roudene, Correia, M. ( Coord. ), ? ], que começa por submeter os trabalhos sobre a Percepção Extra-Sensorial a critérios quantitativos. Procura um método de investigação muito rigoroso, escolhendo as cartas Zener e o método Fischer. Os resultados são positivos: a transmissão do pensamento ultrapassa as coincidências possíveis. Entre os cientistas que continuaram a obra de Rhine está o inglês W. Carington, cujas experiências deixaram supor que existe nos seres humanos um fundo comum de subconsciência, o que equivale ao subconsciente colectivo de Jung. Carington imagina “ psychons “, espécie de partículas psíquicas que atravessam o tempo e o espaço, comparáveis aos iões e protões que nos chegam dos astros.
Podemos, então, comparar os “ psychons “ e os psitrões, quer por se constituirem enquanto partículas psíquicas quer por as mesmas atravessarem espaço e tempo, no fenómeno telepático, em que estando ambas relacionadas com o inconsciente colectivo e com os campos alargados de consciência e de inconsciência, poderemos supor que a autotelepatia estará mais relacionada com o tempo e que a heterotelepatia, ou telepatia de ser para ser, estará mais relacionada com o espaço, em que temos, de alguma maneira, consciência mais associada ao espaço e inconsciência mais associada ao tempo.
Bibliografia
Hemmert, D. & Roudene, A., Correia, M. ( Coord. ) ( ? ). O espírito humano – 1 in Grandes Enigmas Do Homem. Amigos do Livro, Editores, Lda.
Resende, S. ( 2010 ). Psemes: para além dos genes e dos memes em www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 27/05/2010
--------------- ( 2010 ). Psemes: Evolução por Selecção Psicológica em www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 01/09/2010
--------------- ( 2010 ). Evolução por Selecção Psicológica Lamarckiana em www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 29/09/2010
--------------- ( 2010 ). Psitrões enquanto base dos psemes e suas relações com a histeria e a obsessão em www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 24/11/2010
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--------------- ( 2011 ). A telepatia e suas relações com os psitrões enquanto base dos psemes em www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 06/02/2011
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--------------- ( 2011 ). Distinção entre heterotelepatia e autotelepatia em www.psicologado.com ( proposto a 03/2011 )
--------------- ( 2012 ). Psemes: fundamentos perinatais e transpessoais em www.psicologado.com ( proposto a 03/2012 )
Começando por resumir algumas contribuições minhas, no estabelecimento da relação entre a psique e o Universo, abordo contribuições de outros autores, particularmente acerca da influência do consciente no universo material, bem como acerca da totalidade psicológica, para depois propor características que basearão um inconsciente cósmico. Para mais, realço a importância do inconsciente e do estudo da sua percepção para lidar com o efeito de observador, ou efeito de medição, ou seja, o efeito de que tudo o que estamos a observar estamos a influenciar.
Assim, considere-se o meu artigo Uma aproximação à Teoria do Tudo em Psicologia ( Resende, 2011 ), onde se estabelece um paralelo com a Teoria do Tudo em Física. Esta, procurando a unificação das forças fundamentais que governam o Universo, dá lugar à Teoria do Tudo em Psicologia, que procurará as forças e processos fundamentais que governam a mente, particularmente na relação entre a mente e a matéria. Isto, tendo em conta a importância de que somos nós que pensamos as teorias e o Universo.
Continuando, consideremos um amor dado não correspondido, ou pouco correspondido, em que temos uma situação em que um dos elementos em questão atrai mais do que o outro. Transpondo, teríamos um paralelo, em que há uma estrela, por exemplo, que exerce mais atracção sobre um planeta do que o planeta exerce sobre a estrela. Correlacionando, teremos, pois, o elemento depressígeno do amor dado não correspondido como que caracterizando a relação entre estrelas e planetas. Sendo assim, os sistemas solares caracterizam-se pela depressividade, em que, pelos movimentos de translacção, teremos uma depressividade cíclica. Teremos, então, uma entrada e saída da depressão, correspondendo isso, pois, a movimentos relacionais maniaco-depressivos. Para mais, tendo em conta que a patologia maniaco-depressiva constitui-se enquanto psicose, teremos que os sistemas solares exercem uma influência psicotizante sobre o ser humano.
Sequenciadamente, no desenvolvimento humano, teremos que o afastamento e aproximação das galáxias umas das outras, remete-nos para uma angústia borderline, particularmente, a angústia de separação que mais lhe caracteriza. Ainda, a expansão do Universo, como hoje se considera, com o afastamento dos seus limites, acentua esta angústia.
Assim, neste estudo da Psicologia e da Física, teremos a passagem da psicose para o estado borderline.
Já na organização neurótica, considera-se a importância dada pelos físicos à simetria, na procura da unificação das forças fundamentais do Universo e das partículas, perspectivando-se as características da fase genital, portanto neurótica. Em relação a ela, estabelecem-se características tipicamente genitais, como o respeito pelo outro, capacidade de dádiva, capacidade de união afectiva, tendo nós, ainda, o sentimento de reciprocidade e a cooperação. Temos, pois, características de simetria psicológica.
Repare-se a passagem da assimetria inicial relativa à psicose para a simetria final relativa à neurose.
Realço o corroborar destas ideias, particularmente as relativas às descrições da psicose, no meu artigo Segundo Complemento a Uma aproximação à Teoria do Tudo em Psicologia: correlatos politico-económicos ( Resende, 2012 ). Como indicado, estabeleço aí correlatos politico-económicos relativamente a estas ideias. Refiro-me à ciclicidade do desenvolvimento capitalista, particularmente no âmbito do capitalismo global, em que surgem não só recessões, como ainda depressões económicas, como, por outro lado, surgem euforias, mais relacionadas com as bolhas especulativas. Parece, pois, haver consubstanciação da ideia da ciclicidade maniaco-depressiva, com sua influência no ser humano.
Já em Complemento a Uma aproximação à Teoria do Tudo em Psicologia ( Resende, 2011 ), é de acrescentar que uma das ilacções que se tira do primeiro artigo referido é uma ligação teórica à astrologia, fundamentando a sua operacionalidade. Também fundamentando cientificamente a astrologia estão dois estudos cientificamente controlados, feitos pelo astrólogo Jeff Mayo e o conhecido psicólogo Hans Eysenck, em que ambos mostraram haver uma correlação entre signo astrológico de nascença e tendências extrovertidas/introvertidas. Para mais, os autores que citam estes estudos, Adrian Gilbert e Maurice Cotterell, concluem, particularmente Cotterell, que a raíz da astrologia está na influência solar e nas variações do ano solar. Ele fala nas diferenças astrológicas entre as pessoas serem causadas pelas variações no vento solar afectando o campo magnético da Terra, que, por sua vez, influencia o futuro desenvolvimento de um feto na concepcção. Ou seja, um ovo humano recentemente fertilizado seria impresso na concepcção com o padrão da atmosfera magnética prevalente, determinando o seu tipo astrológico à nascença. Estas ideias levaram Cotterell a conceber ao que ele chamou de Astrogenética. Em consequência, e pelo já dito, dos artigos já referidos, teremos como que uma astropsicologia, com relações entre os corpos celestes, e o Universo em geral, e o funcionamento psicológico humano.
Em Teoria do Tudo em Psicologia: a caminho do Todo ( Resende, 2012 ), e continuando o estabelecimento de relações entre características psicológicas e físicas, dir-se-à que há um paralelo entre o que caracteriza a depressão, com introjecções maciças, e o buraco negro, com a sua absorção maciça de matéria. Tendo em conta que, segundo a Física, pelo menos a maior parte das galáxias têm um buraco negro no centro, podemos estabelecer um sentido a caminho do Todo.
Assim, o buraco negro no centro das galáxias se reportará à depressão original, que se relacionará com o útero materno. De seguida, estabelecer-se-ão em relação às galáxias o mesmo processo descrito em relação aos sistemas solares, ou seja, que têm um efeito psicotizante. Ainda a caminho do Todo, tem-se a consideração clínica do borderline enquanto personalidade em mosaico, com, por assim dizer, compartimentos estanques na personalidade, estabelecendo-se um paralelo com o multiverso, ou vários universos, postulados pela Física. Seguidamente, numa evolução progressiva, relaciona-se o multiverso com características neuróticas, particularmente obsessivas. Realçam-se mecanismos de defesa tipicamente obsessivos, no caso, o isolamento do afecto e a formação reactiva, sendo esta a manifestação de sentimentos contrários àquilo que o indivíduo realmente sente. Assim, o isolamento diria respeito ao isolamento de cada universo em relação a outros, no multiverso, enquanto que a formação reactiva é reminiscente da relação entre matéria e anti-matéria. Isto implicaria, psicofisicamente, que cada universo de matéria é cercado contiguamente por universos de anti-matéria.
Deste modo, no geral, estabelecem-se relações entre as características psicológicas e características físicas, desde os buracos negros do centro das galáxias até às relações entre diferentes universos no multiverso, ou seja, em direcção ao Todo.
Finalmente, em Teoria do Tudo em Psicologia e as forças fundamentais do Universo ( Resende, 2012 ), procuro relacionar a Psicologia com a Teoria do Tudo em Física, em particular, com a procura e unificação das forças fundamentais do Universo, a saber, a gravidade, o electromagnetismo e as forças nucleares forte e fraca.
Procurando conceptualizar o átomo, com o seu núcleo de protões e neutrões, e com a nuvem electrónica, de electrões à volta do núcleo, introduzo, aqui, dois conceitos relacionados com a Psicologia, a agorafobia e a claustrofobia.
Em A agorafobia enquanto perturbação obsessiva, considero a relação da obsessão com fenómenos agorafóbicos, em que o indivíduo tem mais dificuldade de lidar com a falta de referências, de detalhes. Assim, o obsessivo lida melhor com fenómenos claustrofóbicos, já que se dá bem com a presença de estímulos referenciais. Aproximamos, deste modo, o fenómeno obsessivo da existência nuclear, com o núcleo, mais ou menos apertado, de protões e neutrões, associando, assim, a obsessão com as forças nucleares forte e fraca.
Já em A claustrofobia enquanto perturbação histérica, considero que o histerismo está relacionado com fenómenos claustrofóbicos, em que o histérico tem dificuldade em lidar com a presença dos referenciais, que são sentidos como perto de mais. Assim, o histérico lida melhor com fenómenos agorafóbicos, já que se dá bem com a ausência de estímulos referenciais. Deste modo, podemos aproximar o fenómeno histérico da existência da nuvem electrónica, de electrões à volta do núcleo, e associar, assim, o histerismo ao electromagnetismo, fenómeno este que se coaduna bem com as características relacionais histéricas de energéticas relações sociais.
Já a gravidade tem particular relação com o fenómeno depressivo e/ou depressão em si, em que psicologicamente e psicomotrizmente, o indivíduo se encontra lentificado, abatido, sendo até verificável na própria postura, em que se pode entender que há um campo gravitacional particularmente grave, mais acentuado.
Quanto ao psicótico, podemos aproximar a denegação da realidade e projecção maciças ao fenómeno da não-localidade, postulado pela Física contemporânea, em que a denegação da realidade, acoplada com a desrealização e despersonalização, características no psicótico, remetem para a consideração da não existência estrita do real local, como se poderá ver em fenómenos sintomáticos como a fuga do pensamento e o roubo do pensamento. Isto, em conjunto com a projecção maciça, remete para as características não-locais que a Física considera como sendo a presença em mais do que um local da mesma partícula, o que é algo contra-intuitivo, mas parece caracterizar geralmente as partículas e o Universo.
Finalizo o resumo deste artigo, relacionando o fenómeno borderline, ou estado-limite, com uma partícula e campo particular, o de Higgs. O bosão de Higgs tem sido conceptualizado como sendo unificador das outras partículas elementares, cujas interacções com o campo de Higgs fornecerão a massa a essas mesmas partículas elementares. Agora, há uma característica do bosão de Higgs, no enquadramento do Modelo Standard, que o permite relacionar com o fenómeno borderline, que é dessa partícula permitir múltiplas partículas existirem no mesmo local, no mesmo estado quântico. Isto aproxima-se da característica do estado-limite de ter múltiplas organizações de personalidade como o caracterizando simultaneamente, particularmente a neurótica e a psicótica. Outro paralelo que se pode estabelecer é o de o bosão de Higgs ser muito instável e o facto de algo que caracteriza o borderline ser a sua instabilidade.
Já quanto ao consciente cósmico, é de referir um conceito da Psicologia Transpessoal, cunhado por Stanislav Grof, fundador da mesma, que, por exemplo, em seu A Psicologia do futuro ( 2007 ), se refere ao estado holotrópico, que é o estado alterado de consciência que se caracteriza por ir na direcção da totalidade. Outra referência à totalidade é a mandala, bastante referida por Jung. Em Man and his symbols [ Jung ( coord. ), 1968 ], Joseph L. Henderson, no capítulo Ancient myths and modern man, indica que Jung sugere que cada ser humano tem originalmente um sentimento do todo, um poderoso e completo sentido do self. E a partir do self, que é referido como a totalidade da psique, o ego-consciência individualizado emerge à medida que o indivíduo cresce. No mesmo livro, M. – L. von Franz, no capítulo O processo de individuação, refere o realce que Jung deu à exploração que cada indivíduo deverá fazer do seu próprio inconsciente, considerando que é a única verdadeira aventura que resta a cada indivíduo. O objectivo último de tal pesquisa será o formar uma relação harmoniosa e equilibrada com o self. A mandala representa precisamente esse equilíbrio perfeito. Referindo-nos, agora, ao aspecto cósmico deste artigo, é de indicar as considerações de Jung, em Flying Saucers – A Modern myth of things seen in the sky ( Jung, 1991 ), abordando o tema extraterrestre e o fenómeno OVNI, portanto. Importa referir que Jung, neste livro, não tenta indagar da veracidade ou não do fenómeno OVNI, mas tão-só os aspectos psicológicos associados a esse mesmo fenómeno. O autor suíço considera que a experiência psicológica que está associada com o OVNI consiste na visão do rotundum, o símbolo de todo e o arquétipo que se expressa em forma de mandala. Psicologicamente, o rotundum ou mandala é um símbolo do self, sendo o self o arquétipo de ordem por excelência. Já noutro aspecto, o onírico, Jung também aborda o simbolismo da mandala, no seu livro Dreams ( Jung, 1974 ). Referindo-se à origem das mandalas, o autor indica que este termo é escolhido porque a palavra denota o círculo ritual ou mágico usado no Lamaismo como também no Yoga Tântrico, como um Yantra ou ajuda à contemplação. Denotando a importância deste símbolo oriental, Jung realça que os símbolos orientais originados em sonhos e visões, encontram-se entre os símbolos religiosos mais antigos da Humanidade, podendo ter existido em tempos paleolíticos. Para mais, estão distribuídos por todo o mundo. Ainda realçando os símbolos mandálicos individuais, ele considera que os mesmos significam o centro psíquico da personalidade, que não deve ser identificado com o ego. Como já vimos, esta identificação é com o self, fazendo Jung a distinção, como se sabe, entre ego e self.
Pelo já dito, temos que a mandala representa o equilíbrio entre o inconsciente e o self, sendo um símbolo do arquétipo do self. Assim, temos que enquanto o estado holotrópico representa a tendência consciente da totalidade, a mandala representa a passagem para a tendência inconsciente da totalidade.
Outro autor, Amit Goswami, em seu The Sel-Aware Universe ( 1995 ), propõe uma teoria da consciência, em que indica que é a consciência, e não os átomos, que é a realidade fundamental do mundo material. Ele considera que tudo é feito de consciência, em vez de tudo ser feito de átomos. Ele avança que se objectos quânticos são ondas que alargam a sua existência a mais do que um local, como a Física Quântica mostrou, então a consciência é o agente que foca as ondas de tal maneira que as possamos observar num local. Para ele, o processamento inconsciente não efectiva um colapso da função-onda quântica, circunscrevendo entidades quânticas a uma realidade. Desta maneira, o processamento inconsciente permite a expressão de fenómenos não-locais, considerando ele, não obstante, que é a consciência que permite observar as ondas quânticas num local.
Como se pode ver mais à frente, isto aproxima-se da minha ideia de um inconsciente cósmico relacionado com a compulsão à repetição, de material inconsciente tender a se manifestar de modo repetido, que se relaciona com as características não-locais e Universos repetidos ( considerando a hipótese de um Universo infinito ).
Noutra perspectiva, Rebecca Hardcastle, no seu livro Exoconsciousness – Your 21st Century Mind ( 2008 ), define exoconsciência como o estudo e as aplicações práticas das origens, dimensões e capacidades extraterrestres da consciência humana, focando nas relações entre humanos e extraterrestres, no que diz respeito à consciência, biologia e história, assim como aos potenciais humanos, galácticos e planetários. Dois dos seus pilares são a Física Quântica e a validade da experiência subjectiva. A sua abordagem holística é baseada em princípios quânticos de “ entanglement “ ( “ mistura “ ) e não-localidade. A consciência quântica é holográfica – interrelacionada e auto-organizada. Através do “ entanglement “, as partículas não-locais podem comunicar umas com as outras pela distância e tempo.
Repare-se que, enquanto para Goswami, a não-localidade estará mais relacionada com o inconsciente, tendo o consciente características mais locais, como já vimos, para Hardcastle a não-localidade está mais relacionada com o consciente.
Podemos relacionar isto com o já elaborado, acerca do estado holotrópico representar a tendência consciente da totalidade enquanto que a mandala representará a passagem para a tendência inconsciente da totalidade.
A minha contribuição, como se pode ver a seguir, acerca da compulsão à repetição, tendência de aspectos inconscientes se manifestarem repetidamente, estar relacionada com as características não-locais das partículas, ou estados quânticos em diferentes locais ao mesmo tempo, e com a possibilidade de Universos repetidos, num plausível Universo infinito, em que as características de não-localidade apoiam a noção de um inconsciente cósmico, a minha contribuição, dizia, é mais próxima da perspectiva de Amit Goswami, não deixando esse autor de considerar que é a consciência que permite focar as ondas quânticas num local.
Ainda em relação à exoconsciência, é de notar que ela refere-se também a uma inteligência psíquica que envolve a capacidade para identificar, receber, enviar e aplicar percepção extra-sensorial no campo quântico, para além dos cinco sentidos, com os propósitos de cognição, comunicação, criação e viajar. Esta inteligência psíquica compreende desempenho de capacidades extrassensoriais identificadas como paranormal e practicado por médiuns, psíquicos, shamans e practicantes de medicina energética assim como contactados extraterrestres. As capacidades psíquicas necessárias para a transição dos humanos para uma espécie exploradora do espaço, numa cultura galáctica, incluem telepatia, percepção extrassensorial, visualização remota, precognição e retrocognição.
A minha própria contribuição quanto à telepatia, como podemos ver, por exemplo, em Distinção entre heterotelepatia e autotelepatia ( Resende, 2011 ), propõe que a heterotelepatia, ou telepatia estrita de ser para ser, está relacionada com os campos alargados de consciência, propostos pela Psicologia Transpessoal, e que a autotelepatia, que será uma telepatia intergeracional e intraindividual associada aos inconscientes colectivo e pessoal, estará mais ligada ao que eu proponho serem campos alargados de inconsciência.
Ainda quanto à relação entre a psique e o Universo, no aspecto inconsciente, é de considerar a hipótese, avançada por alguns físicos, da possível infinitude do mesmo Universo, e a consequência de haver universos repetidos, já que há um número finito de arranjos dos átomos e moléculas do Universo. Isto leva-nos a pensar na compulsão à repetição, ou seja, a tendência para que o material do inconsciente se manifeste repetidamente.
Vejamos a definição de compulsão a repetição, no Vocabulário da Psicanálise, de Laplanche & Pontalis ( 1990 ). Temos, por um lado, ao nível da psicopatologia, um processo incoercível e de origem inconsciente, em que o indivíduo se coloca em situações penosas, repetindo experiências antigas, sem se recordar do protótipo. De um modo geral, temos um factor autónomo, irredutível a uma dinâmica conflitual onde intervém apenas o funcionamento conjugado do princípio do prazer e do princípio da realidade, caracterizando-se pelo carácter mais geral das pulsões, a sua característica conservadora. Ainda de modo geral, o recalcado procura “ retornar “ ao presente, sob a forma de sonhos, sintomas, de agir, em que o que permaneceu incompreendido retorna. Freud vê na compulsão à repetição o tipo de resistência próprio do inconsciente.
Continuando, em conjunto com as características de não-localidade, postulada pela Física, ou seja, as mesmas partículas estarem presentes em diferentes locais, leva-nos a pensar que a não-localidade também se caracteriza pela compulsão à repetição.
Os dois fenómenos referidos caracterizarão um inconsciente cósmico, que se caracteriza pela tendência de material repetido se manifestar.
Isto aponta para características fractais do Universo. Senão, vejamos.
Fractal é um conjunto matemático que tem uma dimensão fractal que normalmente excede a sua dimensão topológica, e pode cair entre os integrais. Os fractais são tipicamente padrões auto-semelhantes, onde auto-semelhante significa que são o mesmo longe e perto. Podem ser exactamente o mesmo em todas as escalas ou podem ser o mesmo em diferentes escalas. Será, pois, um padrão detalhado repetindo-se a si mesmo. É de referir que os fractais não estão limitados a padrões geométricos, pois podem descrever processos no tempo. Fractais aproximados encontrados na natureza exibem auto-semelhança por escalas extensas, mas finitas. Na natureza, podem ser encontrados em folhas, nuvens, redes de rios, cordilheiras montanhosas, crateras, relâmpagos, linhas costeiras, padrões de coloração animal, terramotos, flocos de neve, cristais, vasos sanguíneos e vasos pulmonares, ondas oceânicas, ADN e percepção psicológica subjectiva.
Ao nível do Universo, talvez possamos dar o exemplo da forma das galáxias e, no contexto do artigo, do inconsciente cósmico. Aquela percepção psicológica subjectiva estará relacionada com as ideias de Hardcastle, como já vimos, pela importância que ela atribui à validade da experiência subjectiva.
Pelo dito, isto aponta para uma fractalidade universal consciente e para uma fractalidade universal inconsciente.
Esta noção de um inconsciente cósmico, com compulsão à repetição, já definido, particularmente no âmbito da Teoria do Tudo em Psicologia, fará
corroborar a hipótese da infinitude do Universo.
Ainda é de referir a noção da Física actual, do efeito de observador, de observação ou de medição, ou seja, aquilo que observamos é sempre influenciado pelo observador, de onde os físicos concluírem que nós somos os nossos pensamentos, em particular, conscientes, devendo-se aqui realçar, para além da importância do consciente, da importância dos pensamentos inconscientes nessa influência no Universo e no moldar o Universo. Por exemplo, é de notar o aspecto do sentido em que se relaciona a epigenética com a perspectiva Lamarckiana e a perspectiva da hipótese Freudiana dos pensamentos inconscientes poderem modificar os órgãos ( Bowlby, 1998 ), associando este fenómeno também à perspectiva Lamarckiana. Esta é uma referência de como o inconsciente pode alterar o Universo considerado material, particularmente no contexto da epigenética, que se define a seguir. Ainda de nota, é a perspectiva de físicos e espirituais de que o amor terá frequências vibratórias, relacionadas com a teoria das cordas da Física, que influencia mais que as frequências vibratórias do medo e desesperança. Este fenómeno tem particular importância ao nível da influência nos genes, no ADN, em que a frequência vibratória do amor tem uma amplitude tal que toca em mais locais no ADN, ou seja, tem mais potencial de alterar o ADN, de que, por exemplo, a frequência vibratória do medo. O agora descrito estará relacionado, lá está, com a epigenética. Esta epigenética é o estudo de mudanças herdadas na expressão genética ou fenótipo celular, causadas por mecanismos que não a subjacente sequência de ADN. Pesquisas recentes, no campo da epigenética, vêm mostrando que os genes não são um programa fixo, pré-determinado, passando simplesmente de uma geração para a outra, mas que poderão ser activados e desactivados por experiências e ambiente. Para mais, estamos perante uma tendência Lamarckiana, ou uma passagem hereditária de características adquiridas durante a vida do indivíduo.
De realçar, também, que Richard Dawkins, no seu The God Delusion ( 2007 ), indica que ele considera, enquanto mais famoso biólogo evolutivo mundial, que a mente tem base na matéria, é uma manifestação da matéria, sendo uma perspectiva monista da mente. Ora, a conclusão da Física moderna é a de que não existe matéria, de que tudo não passa de frequências vibratórias de estados energéticos. Quanto a esta conclusão da Física, ver, por exemplo, Don’t stop your mind, de James Traitz ( 2003 ) e The Self- Aware Universe, de Amit Goswami, já referido, em que este autor indica que é a consciência, e não os átomos, que é a realidade fundamental do mundo material, em que ele considera, para mais, que tudo é feito de consciência em vez de tudo ser feito de átomos. Ver, ainda, físicos a falar em vídeo, no website do Youtube, em www.youtube.com/watch?v=qugielHWZXcM, www.youtube.com/watch?v=ByqY249bXKc ou então www.youtube.com/watch?v=gUyqfUut8IA. Ainda digno de nota, e contrariando a perspectiva de Dawkins, estão as experiências da consciência separar-se do corpo, como nas experiências de quase-morte, descritas, por exemplo, por Stanislav Grof, num seu livro, já referido anteriormente.
Continuando, para além da importância do consciente na percepção e moldar do Universo, já descrito, é de realçar a importância do inconsciente, tendo nós a noção de o inconsciente influenciar nos actos e consciência, o que pode ser percepcionado indirectamente através dos lapsos inconscientes, e, por exemplo, através da análise dos sonhos. Esta percepçãp indirecta referida pode ser uma boa maneira de ultrapassar o efeito de observador, já referido, e, por consequência, de estudar o Universo.
É de acentuar a importância do inconsciente no moldar do Universo e precaver-nos de cair numa perspectiva antropocêntrica, da suma importância do consciente, e de como podemos moldar o Universo conscientemente. Parece semelhante a uma era pré-Copérnico, e à história das ideias antes do estudo do inconsciente e de como este inflencia-nos, e aos nossos actos, e ao nosso consciente. Precisamente, as duas referências indicadas constituem duas das feridas narcísicas da Humanidade. Digo isto, pois parece que os físicos estão a acentuar demasiado a importância do consciente, e de não antever, como já disse, que esse mesmo consciente é bastante influenciado pelo inconsciente. Para além disso, o já indicado quanto ao inconsciente cósmico, quanto à compulsão à repetição se manifestar no Universo, e nas nossas mentes, aponta para a importância do inconsciente na percepção do Universo.
Dou agora três exemplos da influência do inconsciente na percepção do Universo e na influência no consciente e no efeito de medição, de observação. São exemplos baseados na culpabilidade inconsciente. Ilustrativamente, temos o chamado buraco negro, em vez de buraco preto, como no inglês black hole, e isto na língua portuguesa. Temos que o negro é aplicado particularmente a indivíduos humanos, e que, embora no inglês o black signifique a pessoa negra, também é indicativo de côr preta. É de ter em conta estas noções no contexto do passado colonialista, português, por exemplo, em que ocorreram genocídios e escravatura. Temos precisamente que preto é o pejorativo no tratamento de uma pessoa negra. Outro exemplo da influência do inconsciente no estudo do Universo, e, de certa maneira, de uma culpabilidade inconsciente associada à não ultrapassagem de uma certa ignorância, associada a uma posição extremamente positivista, de observação directa, relacionada à superioridade revisionista histórica da ciência do homem branco, é o considerar-se a designação de Via Láctea à nossa galáxia, quando é sabido que as estrelas não têm a côr branca, mas, supostamente na sua maioria, amarela ou alaranjada ( claro que em diferentes fases, como na terminal, de uma estrela, temos também a gigante vermelha e a anã branca, antes de se tornar estrela de neutrões ou buraco preto; mas não será isso que se pretenderá com a designação de Via Láctea, não sendo isso que se vê directamente no céu estrelado ). Temos mais certamente esta consideração nas bandeiras da antiga União Soviética, da China, de Angola, da União Europeia, ou de uma bandeira mais recente, Cabo Verde. Assim, em vez de Via Láctea, devia haver a consideração generalizada de uma designação como Via Dourada ou Via Áurea.
O exemplo final, de particular interesse, é o facto de a palavra planeta estar associada etimologicamente ao grego errante, ou seja, que planeta é aquele corpo que vagueia errando pelo espaço. Ora, sinónimo de errante é a palavra vagabundo, em que se pode dizer que o planeta vagabundeia pelo espaço. Mas vagabundo tem uma conotação bastante negativa nas sociedades contemporâneas, particularmente nas sociedades capitalistas, no âmbito do capitalismo global. Afigura-se-me, dadas as relações agora estabelecidas, que, inconscientemente, haverá uma diminuição narcísica ao nível da auto-estima, a nível planetário. Advém, então, que, ou será necessária a mudança da designação de planeta ou reabilitar fenómenos associados a vagabundo, como por exemplo, os sem-abrigo.
Finalizo, realçando a Teoria do Tudo em Psicologia, descrita inicialmente, para além da plausibilidade da existência de um inconsciente cósmico, pela relação das características do Universo, como a não-localidade, e a plausível repetição de Universos, num Universo infinito, com as características da mente humana, como a compulsão à repetição, ou seja, tendência de material inconsciente se manifestar repetidamente, e enquadrado nas descobertas da Física moderna da importância do consciente no moldar do Universo, realçando, dizia, também a importância do estudo da percepção inconsciente e dos lapsos inconscientes, na influência do inconsciente no consciente, e no sentido de uma percepção indirecta do Universo. Isto, na tentativa de lidar e, possivelmente, resolver o efeito de observador, ou seja, o efeito de que tudo o que estamos a observar estamos a influenciar.
Temos, para mais, o estudo da percepção inconsciente do Universo no alcance da realidade última, a nível mental, preconizada por Wilfred Bion ( Symington & Symington, 1999 ).
Bibliografia
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Grof, S. ( 2007 ). A psicologia do futuro. Via Óptima
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Laplanche, J. & Pontalis, J. B. ( 1990 ). Vocabulário da Psicanálise ( 7º edição ). Editorial Presença
Resende, S. ( 2011 ). Uma aproximação à Teoria do Tudo em Psicologia em www.psicologado.com ( proposto em 03/2011 )
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Resende, S. ( 2011 ). Complemento a Uma aproximação à Teoria do Tudo em Psicologia em www.psicologado.com ( proposto em 08/2011 )
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Resende, S. ( 2012 ). Segundo complemento a Uma aproximação à Teoria do Tudo em Psicologia: correlatos politico-económicos em www.psicologado.com ( proposto em 08/2012 )
Resende, S. ( 2012 ). Teoria do Tudo em Psicologia e as forças fundamentais do Universo em www.psicologado.com ( proposto em 11/2012 )
Symington, J. & Symington, N. ( 1999 ). O pensamento clínico de Wilfred Bion. Climepsi Editores
Traitz, J. J. ( 2003 ). Don’t stop your mind – the way of excellence. Arete Press
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