Domingo, 10 de Agosto de 2014

Generosidade fálica na mulher: sua importância no seu poder criativo

Generosidade fálica na mulher: sua importância no seu poder criativo

 

Para melhor enquadrar o presente artigo, resume-se parte de um artigo meu, Inveja do clitóris e criatividade ( Resende, 2014 ), para depois se elaborar acerca da generosidade fálica na mulher, com sua importância no poder criativo da mesma.

 

Este resumo inclui a indicação da importância do distanciamento relacional do pai em relação à mãe e do útero feminino enquanto espaço de ilusão e da identificação com o pai, figura paterna, enquanto tempo de desilusão, com saída da relação omnipotente anterior, promovendo a criatividade.

 

Assim, nesse artigo, refere-se outro artigo meu, A inveja do pénis e a inveja do clitóris e suas implicações políticas, onde avanço que a inveja do clitóris, na comparação pénis-clitóris, se caracteriza pelo sentimento de subcompensação narcísica, em que há uma necessidade de tentativa de diminuição narcísica, com características contrárias ao falismo. Sendo uma inveja mais tipicamente masculina, é mais característica do obsessivo e de um sistema político mais obsessivo como o comunismo.

 

Há ainda referência a outro artigo meu, Aspectos criativos e evolutivos da inveja do clitóris, onde é indicado que a subcompensação narcísica, característica da inveja do clitóris, deriva do sentimento de superioridade narcísica advindo da comparação pénis-clitóris. Para mais, indica-se que a tentativa de diminuição narcísica, mais típica no homem, terá uma crucial importância evolutiva no sentido do estabelecimento e manutenção de relações amorosas e sexuais, entre homens e mulheres. Estas últimas caracterizar-se-ão sobretudo pela inveja do pénis, com tentativas de sobrecompensação falo-narcísicas correspondentes, baseadas em raiva narcísica, que surgirá do sentimento de perda falo-narcísica do pénis, que é reforçado pela menstruação, que introduz aspectos depressivos de perda já concretizada. Ainda relativamente à subcompensação narcísica do homem como base e origem da psique humana, considera-se a expressão bíblica: “ No princípio era o Verbo! “. Ora, psicanaliticamente considera-se que Deus não é mais do que um pai exacerbadamente idealizado, sendo a ideia religiosa de Deus uma criação humana baseada na exacerbação das características paternas. Temos ainda a noção psicanalítica de que são as ideias de parentalidade e parentais da mãe e do pai, relativamente ao filho, que estão na base da concepção do filho, em particular, desejo genuinamente parental de ter um filho. Em relação a este desejo genuíno, entra a tomada de iniciativa, efectiva, na aproximação amorosa e sexual entre mulher e homem. Tradicionalmente, e tendencialmente, esta tomada de iniciativa efectiva é feita pelo homem e não pela mulher. Enquadra-se, depois, esta iniciativa masculina no meu artigo Masturbação feminina no dia-a-dia: suas implicações psicológicas e comportamentais, onde se conclui que as características masturbatórias femininas do dia-a-dia têm como consequência a diminuição da tomada de iniciativa efectiva na aproximação amorosa e sexual. Tem-se, então, que para surgir o filho terá que haver primeiro esta aproximação sexual entre homem e mulher e tenderá a ser o homem a ter a iniciativa. Assim, a expressão bíblica “ No princípio era o Verbo! “, dirá respeito, sobretudo, à tomada de iniciativa verbal por parte do homem em relação à mulher, para uma aproximação sexual, em que posteriormente surgirá o filho. Tenha-se ainda a noção de que a tendência evolutiva daquela tomada de iniciativa verbal como que é sintetizada no pai e na mãe, do filho em consideração. Perspectiva-se, para mais, a influência verbal do pai para a criança, ainda no útero da mãe, considerando-se aqui a noção das características introjectivas do início e primeiras fases do desenvolvimento psíquico humano, em que o bebé no útero introjecta as tendências evolutivas de maior poder criador e criativo do homem, pelas tendências históricas desse poder, que baseará as características subcompensatórias do homem, na comparação com a falta de poder histórica da mulher.

 

Ainda do artigo inicialmente mencionado, cito outro artigo meu, Influência da inveja do clitóris na sistematização política por género. No mesmo, avanço que a mulher se caracterizará tanto pela inveja do pénis como pela inveja do clitóris, considerando que baseando o sistema histérico de relacionamentos, com a histeria mais típica da mulher, está a inveja que cada mulher sentirá da excitação sexual que o clitóris, de outra mulher, proporciona a essa mulher, nos relacionamentos sociais particularmente sexualizados entre mulheres. Diz-se mais, que o poder criativo diminui na mulher quanto mais se dilui esta inveja do clitóris nos relacionamentos histéricos típicos na mulher, particularmente sexualizados, dizendo-se ainda que para que a mulher sinta verdadeiro poder criativo e criador, deverá dessexualizar os relacionamentos, invertendo a histeria relacional, através da concentração da inveja do clitóris.

 

Continuando o resumo referido, cito ainda outro artigo meu, O poder criativo e as características subcompensatórias do homem derivadas da inveja do clitóris: culpabilidade fálica, onde se diz que a inveja do clitóris surgirá da culpabilidade fálica, em relação ao sentimento de superioridade sentido pelo homem na comparação pénis-clitóris, com possíveis motivos filogenéticos, num sistema de equilibração evolutivo em relação ao sentimento de inveja do pénis, tipicamente sentido pela mulher, e suas características sobrecompensatórias. Culpabilidade fálica, precisamente, em relação às características sobrecompensatórias associadas ao sentimento de superioridade referido. Diz-se ainda que considerando que o homem verdadeiramente criativo não se caracteriza pelo exibicionismo nem pela vaidade, características tipicamente fálicas, diz-se então que faz sentido quando se diz que o artista prefere que os outros não vejam a sua obra antes de ela estar acabada, controlando, precisamente, exibicionismos e vaidades.

 

Ainda do resumo, tem-se outro artigo meu, O pénis enquanto objecto transicional na criatividade, onde se indica que a inveja do clitóris, e suas características subcompensatórias, surgirá, importantemente, do reconhecimento do homem do poder inspirador que lhe surge através da identificação com as mulheres. Para mais, destaca-se, quanto à inveja do clitóris, que a subcompensação narcísica, presente nessa inveja, caracteriza-se por uma tentativa de diminuição narcísica, derivada do sentimento de superioridade narcísica advindo da comparação pénis-clitóris. Ter-se-á, então, em conta que o sentimento de superioridade narcísica referido estará relacionado com o sentimento de masculinidade. Ora, tem-se que a tentativa de diminuição narcísica surgirá no sentido da diminuição do sentimento de masculinidade, diminuição esta que terá importância evolutiva nas relações entre homens e mulheres. Tendo em conta que há um sentimento de masculinidade inicial, derivado da comparação pénis-clitóris, dir-se-á que as características subcompensatórias que caracterizam a inveja do clitóris, estarão mais relacionadas com o sentimento de feminilidade inconsciente no homem, ou seja, com o arquétipo anima. Assim, pelo dito, na produção criativa do homem haverá uma diminuição do sentimento de masculinidade e uma acentuação do sentimento de feminilidade inconsciente.

 

Acrescente-se aqui, que, por contraponto, intui-se que para maior produção criativa da mulher, esta deverá identificar-se com o homem inspirado e inspirador, com a acentuação do seu sentimento de masculinidade inconsciente, e não apenas aquela externa ou externalizada.

 

Continuando o resumo, já aparte da referência a outros artigos, fazem-se agora elaborações, com destaque para os já referidos aspectos vivenciais e imaginários da vivência fetal, na relação com a mãe, e no útero desta, e com o pai.

 

Assim, considerando na criatividade, derivada da inveja do clitóris, a tentativa de diminuição narcísica, temos, imaginariamente, na identificação com o pai ou figura paterna, como que uma retrogressão, do feto em relação à distância relacional do pai em relação à mãe, em que poderemos enquadrar aqui a culpabilidade fálica, como que uma crítica psicológica do homem em relação à mulher, por esta, na inveja do pénis típica, ver o pénis enquanto falo. É importante a diferença relacional do feto em relação à mãe e do feto em relação ao pai. Já que a tentativa de diminuição narcísica advém do sentimento de superioridade sentido pelo homem na comparação pénis-clitóris, temos que naquela distância e diferença relacional, na retrogressão, o artista, na identificação com o pai, terá aquele sentimento como que advindo do próprio clitóris, daí a inveja do clitóris, já que não é um sentimento fálico, mas advindo, pelo contrário, da culpabilidade fálica do homem em relação à mulher, contrariando o falismo, tendo, deste modo, a mãe, e posteriormente, a mulher em geral, como referência de inspiração e criatividade, enquanto musa. Ocorrerá uma dupla identificação, com o pai, e com o próprio, imaginadamente no útero da mãe, em que temos, numa linha Winnicottiana, o útero enquanto espaço de ilusão por excelência, enquanto objecto transicional. Naquele distanciamento relacional referido, surge-nos então, o famoso gesto do artista utilizando o polegar, para medir distâncias e proporções, em relação à sua musa, paisagem, etc., em que temos que a relação entre o artista e a sua musa implicam um distanciamento relacional.

 

No distanciamento e diferença relacional referidos, temos um trabalho de diferenciação psíquica, em relação ao qual podemos enquadrar a contribuição de Margaret Mahler, como se pode ver no Dicionário de Psicopatologia da Criança e do Adolescente, de Houzel, Emmanuelli & Moggio, que nos descreve uma fase de separação-individuação, como sendo dois processos complementares, permitindo à criança sair da fusão simbiótica com a mãe, que caracteriza os primeiros meses de vida, em que até aos três anos passará por uma série de fases sucessivas durante as quais a criança investiria progressivamente a mãe e as funções do seu ego, adquirindo assim uma representação interiorizada de si própria, ligada mas distinta da representação do objecto.

 

Continuando o resumo, repare-se que, referindo-nos à conceptualização do objecto transicional por Winnicott, como indicado no Dicionário já mencionado, o objecto transicional, na criatividade, implica uma fase ou tempo de ilusão e uma fase ou tempo de desilusão, em que nesta última surge o objecto mais objectivado, numa verdadeira relação de objecto, partindo de uma fase de ilusão, em que os objectos são considerados extensões do ego, com um controlo omnipotente, numa relação fusional. Ora, na desilusão, ocorrem frustrações entre o que é esperado e o que é apresentado. Se da ilusão, começa-se a construir o espaço transicional, o objecto transicional, com estas frustrações, na desilusão, a relação de controlo omnipotente atenua-se para se instaurar progressivamente uma relação de objecto, entre seres separados e distintos, em que a área transicional torna-se progressivamente uma área partilhada, área intermediária de experiência, em que fenómenos, espaço e objectos trnasicionais começarão a ser desinvestidos e dissolvidos no domínio cultural, em que a experimentação interna subsistirá enquanto imaginação e trabalho criativo.

 

Ora, a vivência imaginada no feto, e a identificação do sujeito, do artista, com esta, está na linha do espaço de ilusão, da vivência de ilusão, numa relação fusional, e a identificação com o pai, que implica a frustração da saída da relação omnipotente no útero, na relação fusional, na diferença relacional relativamente à mãe e ao feto, enquanto próprio, está na linha da desilusão, em que o espaço transicional que terá sido o útero começa a ser desinvestido e começa a haver trabalho imaginativo e criativo, em que a mãe, e a mulher, em geral, nas identificações secundárias, continuam a ser fonte de inspiração, com o útero feminino enquanto espaço de ilusão e, precisamente, pela triangulação edipiana ocorrida, em que a mãe é vista enquanto ser separado e distinto, e o próprio imaginariamente no útero da mãe também é visto enquanto separado, e em que na identificação com o pai, e outros homens, nas identificações secundárias, ocorre uma desenfetização e uma desuterização.

 

Ora, ocorre a inveja do clitóris por o clitóris ser sinal de fonte criativa, ser sinal de início do processo criativo, e ocorre o sentimento de superioridade no homem pela mais fácil identificação, na triangulação edipiana, enquanto género, com o pai, figura paterna, e outros homens, permitindo a continuação e conclusão do mesmo processo criativo. Na mulher, e como se disse anteriormente, deverá haver diminuição da inveja do clitóris, esta, particularmente pela excitação sexual imaginada noutra mulher através do clitóris da mesma, diminuindo-se a diluição do poder criativo, com a escolha de uma ou poucas figuras de eleição, havendo posteriormente a identificação com o pai ou figura paterna, para também na triangulação edipiana haver a continuação e conclusão do processo criativo. Do mesmo modo, para a mulher, o clitóris será sinal de fonte criativa, sendo, contudo, mais difícil para a mesma sair do início do processo criativo, quer pela diluição do poder criativo nos comportamentos histéricos particularmente sexualizados nas relações sociais entre mulheres quer por a identificação posterior com o pai ou figura paterna ser mais difícil, na triangulação edipiana, por em termos de género ser mais difícil a passagem de objecto de amor materno para objecto de amor paterno, porquanto no homem o objecto de amor permanece em geral o mesmo, o materno.

 

Finalizado o resumo, e já para o presente artigo, tenha-se a noção da predominância do oro-falismo na mulher, com essa organização básica no histerismo, com a histeria mais tipicamente feminina, e com o sistema histérico capitalista, no âmbito do capitalismo global contemporâneo, no âmbito das respectivas sociedades falocêntricas actuais, baseadas no matriarcado que se apoia na sexualidade e psicossexualidade femininas.

 

Ora, para a mulher potenciar o seu poder criativo deverá desenvolver uma generosidade fálica, em que no distanciamento relacional relativamente ao homem inspirado e inspirador, este enquanto muso, por contraponto às habituais musas, há uma identificação, em que, partindo da noção de inveja do pénis, em que o pénis é tido como poder fálico, ocorre um tempo de ilusão, em que também a mulher tem em si própria a vivência do pénis enquanto falo, este enquanto falo poderoso, neste caso, na sobrecompensação do clitóris, e numa relação omnipotente, dual, com esse homem, passando-se a um tempo de desilusão, na generosidade fálica, que caracteriza-se pela tentativa de diminuição falo-narcísica, do homem para a mulher, e pela mulher, no distanciamento relacional, em que progressivamente o homem é visto com o pénis enquanto genital e a mulher com a vulva e vagina enquanto genital, com o real reconhecimento da diferença anatómica entre os sexos, em que a desilusão é a perda da noção do pénis enquanto falo todo-poderoso. A generosidade fálica, por contraponto à inveja do pénis, caracteriza-se, então, pela perda fálica e pela tentativa de diminuição falo-narcísica, com diminuição de exibicionismo e vaidade, por exemplo, traços eminentemente fálicos, com promoção destas características nos outros, daí a generosidade fálica. Repare-se que isto envolverá a noção já referida de culpabilidade fálica em relação à própria, culpabilidade em relação aos factores falo-sobrecompensatórios na mulher, particularmente na inveja do pénis. Isto nos leva também à diminuição da inveja do clitóris, considerando a sobrecompensação fálica uma sobrecompensação relativa ao clitóris, que caracterizará cada mulher, inveja que está relacionada com a percepção da excitação sexual que cada mulher sentirá com o clitóris, e percebido pela outra mulher, no âmbito das relações sociais tipicamente sexualizadas entre mulheres, em que a excitação sexual na mulher está associada a um factor sobrecompensatório. Esta diminuição da inveja do clitóris, com concentração da mesma, em uma ou poucas figuras de eleição, e inversão da histeria relacional, também potenciará o poder criativo da mulher, em que se tentará diminuir a excitação sexual associada a um factor sobrecompensatório.

 

Um exemplo de generosidade fálica é o de na Universidade, professores permitirem, particularmente em aulas prácticas, alunos apresentarem aulas, diminuindo exibicionismos nos próprios, com culpabilidade fálica de eventuais factores sobrecompensatórios associados à reputação académica e ao lugar de professorado universitário, e fomentando exibicionismos nos alunos, tendo nós também o exemplo de professores permitirem participação activa dos alunos nas aulas. Ou seja, com aulas menos expositivas e mais interactivas.

 

Aquele real reconhecimento da diferença anatómica entre os sexos faz lembrar uns versos da banda musical Tuxedo Moon: “ In heaven everything is fine, in heaven everything is fine, you’ve got yours baby, I’ve got mine !“.

 

 

Bibliografia

 

Resende, S. ( 2014 ). Inveja do clitóris e criatividade em www.psicologado.com               ( proposto a 01/2014 )

publicado por sergioresende às 10:51
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Quinta-feira, 3 de Abril de 2014

Identidade de percepção e Identidade de pensamento

Identidade de percepção e Identidade de pensamento

 

Neste artigo, pretende-se relacionar identidade de percepção e identidade de pensamento no enquadramento societal capitalista e comunista, relacionando-se também essas identidades ao nível da percepção extra-sensorial e psicocinese.

 

Assim, Laplanche & Pontalis ( 1990 ), ao caracterizarem identidade de percepção e identidade de pensamento, nos dizem que a primeira surge da tendência do processo primário e que a segunda surge da tendência do processo secundário, em que considera-se que o processo primário visa reencontrar uma percepção idêntica à imagem do objecto resultante da vivência da satisfação e que no processo secundário a identidade procurada é a dos pensamentos entre si. Em termos económicos, o processo primário caracteriza-se pela descarga imediata e o processo secundário pela inibição, adiamento da satisfação e desvio, mas ao nível da identidade de percepção, temos equivalências estabelecidas entre representações, em que procurando a vivência da satisfação, liga uma descarga eminentemente satisfatória à representação de um objecto electivo. Assim, o indivíduo vai daí em diante repetir a percepção que está ligada à satisfação da necessidade. Considera-se, para mais, que a identidade de pensamento constitui uma modificação da identidade de percepção, não se deixando regular exclusivamente pelo princípio do prazer, em que fazendo a ligação entre representações não se deixa iludir pela intensidade delas, sem tanta necessidade de satisfação imediata. Temos, então, que esta modificação constituirá a emanação daquilo a que a lógica chama princípio de identidade.

 

Ao nível societal capitalista, temos acentuação da Máscara, esta enquanto arquétipo de adaptação externa, sobrecompensatoriamente, com enfoque excessivo do aspecto externo, com características histéricas de sedução, de tentar agradar, particularmente através da imagem do próprio perante os outros, com maior caracterização ao nível da identidade de percepção, com o exemplo cultural de filmes e reality-shows estado-unidenses, com capitalismo acentuado, a indicarem que tudo é percepção, o que interessa é a imagem transmitida aos outros. Para mais, temos, no capitalismo, a importância da satisfação, gratificação, imediata, muito ao nível do processo primário e do princípio do prazer.

 

Já no comunismo, por contraponto ao capitalismo, temos acentuação da Sombra, com eventual enfoque sobrecompensatório excessivo do aspecto interno, mais obsessivo, não importando tanto a imagem transmitida aos outros, com a caracterização ao nível da identidade de pensamento, com o exemplo específico do epíteto atribuído aos Partidos Comunistas, particularmente pela sua coerência, de partido de pensamento único, em que temos, pois, a identidade dos pensamentos entre si, podendo isso ser generalizado aos indivíduos comunistas, reconhecidamente politizados, e como se faz a análise política de, em geral, o eleitorado comunista ser relativamente fixo, pelo menos não tão variante como em relação a outros partidos.

 

Considerando nós que a identidade de pensamento é mais evoluída psicologicamente do que a identidade de percepção, em particular, considerando o processo secundário mais evoluído do que o processo primário e o princípio de realidade correspondente mais evoluído do que o princípio do prazer, dir-se-á que o comunismo é psicologicamente mais evoluído do que o capitalismo. Laplanche & Pontalis ( 1990 ) nos dizem, efectivamente, que “ A oposição entre processo primário e processo secundário é correlativa da oposição entre princípio do prazer e princípio de  realidade. “ ( p. 316 ), em que este último princípio, ao contrário do primeiro, tem em conta as condições impostas pelo mundo exterior, não se funcionando, portanto, tão egocentricamente, tão ao nível do auto-narcisismo e da omnipotência mais precoce, anterior no desenvolvimento psíquico, com a correspondente necessidade de satisfação imediata.

 

Continuando, tendo em conta que há acentuação da Sombra no comunismo, dir-se-á que o comunista lidará excessivamente com medos desconhecidos e com aquilo que o indivíduo não aceita em si próprio, particularmente através do juízo de condenação, adiando a gratificação, mais próprio do obsessivo, em que se pode dizer que para o equilíbrio dialéctico Máscara-Sombra, no sentido Junguiano, o indivíduo deverá Mascarar, por assim dizer, a sua personalidade, com mais gratificações imediatas e mais acentuação da imagem transmitida aos outros, com acentuação do aspecto externo, e da identidade de percepção, e com técnicas mais histéricas, como o recalcamento, recalcando mais pensamentos e emoções desagradáveis ao próprio.

 

Por outro lado, e também para aquele equilíbrio Máscara-Sombra, o capitalista, com acentuação da Máscara e do aspecto externo, lidará excessivamente com aquilo que é percepcionado, com a percepção, com excessiva influência de estímulos externos, podendo nós invocar o dito por D. Anzieu [ Houzel, Emmanuelli & Moggio ( Coord. )      ( 2004 ) ], no contexto do ego-pele e envelopes psíquicos, acerca de na patologia histérica haver dificuldades ao nível do escudo para-excitações, estando, pois, o indivíduo mais dependente da influência de estímulos externos, em que o capitalista, portanto, deverá Sombrear a sua personalidade, por assim dizer, não recalcando histericamente tudo o que lhe é desagradável, lidando mais com o pensamento sobre medos desconhecidos e sobre o que não aceita em si próprio, com técnicas mais obsessivas, como o juízo de condenação, adiando a gratificação, mentalizando mais a sua personalidade, com acentuação do aspecto interno e da identidade de pensamento.

 

Aquela maior dependência de estímulos externos do histérico capitalista, considerando as sociedades histéricas capitalistas matriarcais, no âmbito do capitalismo global contemporâneo, faz, em termos evolutivos, aproximar mais o histérico do que o obsessivo, este mais ligado ao comunismo, da referência acentuadíssima de outros animais relativamente à dependência em relação aos sentidos e aos estímulos externos. Isto, em conjunto com a violência social e humana da exploração capitalista, fará melhor enquadrar a famosa expressão do Capitalismo Selvagem. Temos, também neste sentido, a identidade de percepção menos evoluída do que a identidade de pensamento, com o comunismo psicologicamente mais evoluído do que o capitalismo e outros sistemas mais reaccionários, reactivos excessivamente aos estímulos externos, com dependência deles, como o fascismo, extremo do capitalismo, ou o socialismo reacionário, com políticas de direita, que, como o Manifesto Comunista ( Marx & Engels, 1998 ) nos diz, promove a permanência dos habituais políticos e dirigentes de linha conservadora e de tendência burguesa. Em particular, no expansionismo espacial militarista fascista, teremos um enquadramento das características já apresentadas, com um acting out, com a passagem ao acto mais imediata, menos mentalizado, com relação mais directa entre estímulos externos e reacção comportamental, resposta comportamental.

 

Num outro assunto, e considerando a diferença evolutiva entre identidade de percepção e identidade de pensamento, já referida, considere-se a temática da percepção extra-sensorial. Tenha-se em conta o fenómeno relativamente conhecido de, no que diz respeito aos cinco sentidos, quando um deles é diminuído mais ou menos significativamente, há um acréscimo de qualidade nos outros, como, por exemplo, quando um indivíduo cega, haver um acréscimo de qualidade auditiva. Transpondo isto para a relação entre percepção extra-sensorial e identidade de percepção e identidade de pensamento, acentuando-se, sobremaneira, o aspecto extra-sensorial, ou fora dos sentidos, teremos que para indivíduos caracterizando-se mais pela identidade de pensamento haverá uma diminuição da importância da identidade de percepção, sensorial, neste caso. Intui-se que haverá uma acentuação da percepção extra-sensorial ao nível da identidade de pensamento, em que teríamos uma evolução progressiva da importância da percepção para uma mentalização ao nível do pensamento, em que temos na percepção extra-sensorial uma fase pós-identidade de percepção, em que ciclicamente haverá correspondentes perceptivos para correspondentes de pensamento, no enquadramento da identidade de pensamento, considerando-se, como já se disse, que a identidade de pensamento consitui uma modificação da identidade de percepção.

 

Teríamos que a visualização remota, relacionando-se mais com visualização à distância, estaria no início evolutivo da percepção extra-sensorial, seguindo-se depois a psicocinese, ou capacidade de mover objectos à distância, estando mais relacionada com a psicomotricidade, embora a psicocinese não seja considerada estritamente como percepção extra-sensorial, por constituir uma manifestação objectiva do psiquismo, como podemos ler em Hemmert & Roudene, Correia ( Coord. ) ( ? ), em que a percepção extra-sensorial seria uma manifestação subjectiva desse psiquismo, em que teríamos uma evolução, ao nível da evolução dos humanos aquando do bebé, da importância dos olhos, para a psicomotricidade, em que já teríamos relações entre esquemas sensório-motores. Sequenciadamente, teríamos depois a telepatia, ou capacidade de transmitir e/ou receber pensamentos à distância, em que estaríamos mais ao nível de esquemas formais e/ou pós-formais do pensamento, estando, pois, essa telepatia mais enquadrada e mais identificada com a identidade de pensamento, com a identidade dos pensamentos entre si.

 

Pelo dito, e na sequência do psiquismo humano, da estrutura psicótica até à estrutura neurótica, passando pela organização borderline, teríamos que a visualização remota, pela importância perceptiva visual, se associaria à estrutura psicótica, a psicocinese, pela importância de relacionamentos sensório-motores, em que podemos enquadrar o catar sexual feminino, ou o sentimento de estar a sugar sexualmente outra mulher, nos relacionamentos sociais tipicamente sexualizados entre mulheres, tendo nós, ainda, neste contexto, o contributo de Jacques Lacan ( 1996 ), que associa este catar à psicomotricidade, em que teríamos o catar sexual feminino enquanto psicocinese ainda com alguma ligação à identidade de percepção, pela procura do reencontrar da percepção idêntica à imagem do objecto resultante da vivência da satisfação, a psicocinese, dizia eu, se associaria à organização borderline histérica, com a histeria mais tipicamente feminina, enquanto que a telepatia, pela importância dos pensamentos e da identidade dos pensamentos entre si, se associaria à estrutura neurótica obsessiva.

 

Intui-se, neste contexto, que o telepata, com características psicológicas mais evoluídas, terá a capacidade, particularmente em potência, de desenvolver o fenómeno psicocinético, e o fenómeno visual remoto, anteriores, portanto, este último eventualmente de forma inconsciente, como, por exemplo, ao nível do inconsciente colectivo, funcionando, eventualmente, ao nível do automatismo, por ser anterior em evolução. Também podemos supor que, inversamente, o visualizador remoto poderá ser treinável, digamos assim, para executar o fenómeno psicocinético e o telepático, e o psicocinético o telepático, mas será particularmente difícil, já que se associam a organizações psíquicas menos evoluídas, podendo não ter a capacidade psíquica para executar fenómenos psíquicos mais evoluídos, particularmente como eu os descrevi. Mas esse treinamento estaria ao nível do trabalhar dos esquemas sensório-motores e dos esquemas formais e/ou pós-formais do pensamento.

 

Nestas associações feitas, em particular, entre psicocinese e telepatia, é de referir que em Hemmert & Roudene, Correia ( Coord. ) ( ? ) se indica que Émile Boirac, em 1911, baseado em experiências feitas por ele, liga a telepatia e a teledinâmica ( telecinese ), onde a psicocinese está incluída, no sentido de efeitos objectivamente detectáveis.

 

Relativamente à visualização remota, Davis ( 2004 ) nos diz que houve um programa de visualização remota, desenvolvido pelos Estados Unidos, e patrocinado por entidades governamentais, que terá decorrido entre a década de 1970 e de 1990, avançando que a visualização remota envolve precognição e clarividência.

 

Quanto à psicocinese, Davis ( 2004 ) ainda nos diz que a mesma é essencialmente a influência directa da mente sobre a matéria sem qualquer instrumentação ou energia física intermediária conhecida, avançando que a teleportação psíquica é uma forma de psicocinese, realçando as asserções de Uri Geller ( 1975 ) e de Ray Stanford ( 1974 ) acerca de terem sido teleportados em várias ocasiões, e ainda as investigações científicas de Vallee ( 1988, 1990, 1997 ) acerca de um pequeno número de relatórios credíveis de indivíduos que relataram terem sido teleportados para/e de OVNIs. Eric Davis ainda destaca experiências laboratoriais, rigorosamente controladas e repetíveis, realizadas na China, referindo-se a Shuhuang et al. ( 1981 ), que relata que crianças dotadas causaram a aparente teleportação de pequenos objectos, de um local para outro, sem os tocar de antemão, e a Kongzhui et al. ( 1990 ), Jinggen et al. ( 1990 ) e Banghui ( 1990 ), em que utilizando crianças e jovens adultos dotados, com capacidade psicocinética, verificou-se a teleportação nos vários casos e que os especímenes utilizados ficavam completamente inalterados relativamente ao estado inicial, após a teleportação. Há ainda o realce, por parte de Davis ( 2004 ), de relatórios governamentais sobre pesquisa parapsicológica da União Soviética, e dos seus aliados do Pacto de Varsóvia, dando as referências bibliográficas de LaMothe ( 1972 ), Maire & LaMothe ( 1975 ) e Relatório DIA ( 1978 ). Assim, os soviéticos, considerando a psicotrónica como envolvendo fenómenos psíquicos como psicocinese, telecinese, percepção extra-sensorial, projecção astral, clarividência, precognição, etc., identificaram dentro dessa psicotrónica duas capacidades discretas: bioenergética, relacionada com a produção de efeitos objectivamente detectáveis, como psicocinese, telecinese, efeitos de levitação, transformação de energia, ou seja, alterando ou afectando a matéria, e bioinformação, relacionada com o obter de informação por outros meios que não os canais sensoriais normais ( P. E.-S. ), como telepatia, precognição e clarividência, isto é, usando a mente para abordar os pensamentos dos outros ou para adquirir informação presente ou futura sobre eventos objectivos no mundo.

 

Ainda quanto à psicocinese, e no livro de Hemmert & Roudene, Correia ( Coord. ) ( ? ), é indicado que Charles Richet, partindo do estudo de médiuns, distinguiu duas categorias de sujeitos: os médiuns de efeitos físicos e os médiuns de efeitos psíquicos. Os primeiros produzem teledinamismos ( ou deslocamentos de objectos à distância e sem contacto ), vozes, odores, materializações. Os segundos são dotados de criptestesia, ou seja, da faculdade de perceber o que é irreconhecível pelos sentidos, sendo capaz de uma lucidez anormal. Indica-se, para mais, que sendo os médiuns de efeitos psíquicos muito comuns, os médiuns de efeitos físicos parecem ser raros, podendo nós aqui contrapor, como já indicado, na associação entre psicocinese e catar sexual feminino, que o comportamento sexual feminino, em geral, numa espécie de psique colectiva feminina, indica-nos que os fenómenos de efeitos físicos à distância são relativamente prevalentes.

 

Tendo em conta esta prevalência do catar sexual feminino, na sua associação com a psicocinese, ou enquanto psicocinese, é de considerar o já dito, quanto à sequenciação do psiquismo humano, da visualização remota à telepatia, passando pela psicocinese, para se perspectivar, como já foi dito em relação aos sentidos, que diminuindo a psicocinese, ou a tendência para a mesma, aumentar-se-á a tendência para a telepatia, para o fenómeno telepático, em que nessa diminuição considera-se o trabalhar da diminuição da dependência psicocinética sexual, associada às características fisionómicas próprias da mulher, envolvida no catar sexual feminino. Deste modo, considere-se a inveja do clitóris, como caracterizando o catar sexual feminino, e enquanto estando na base de poder criativo, diferenciadamente para homens e mulheres. Esta base pode ver-se, por exemplo, em Aspectos criativos e evolutivos da inveja do clitóris ( Resende, 2010 ), em Influência da inveja do clitóris na sistematização política por género ( Resende, 2010 ), em Exemplos específicos das características subcompensatórias do homem derivadas da inveja do clitóris ( Resende, 2010 ) ou em Inveja do clitóris e criatividade ( Resende, 2014 ).

 

Deste último artigo, considere-se a noção psicológica do objecto transicional no fundamento da criatividade, com um tempo de ilusão e um tempo de desilusão. Temos que a vivência imaginada no feto e a identificação do sujeito com esta, está na linha do espaço de ilusão, da vivência de ilusão, numa relação fusional, e a identificação com o pai, que implica a frustração da saída da relação omnipotente, no útero, na relação fusional, na diferença relacional relativamente à mãe e ao feto, enquanto próprio, está na linha da desilusão, em que o espaço transicional que terá sido o útero começa a ser desinvestido e começa a haver trabalho imaginativo e criativo, em que a mãe, e a mulher, em geral, nas identificações secundárias, continuam a ser fonte de inspiração, com o útero feminino enquanto espaço de ilusão e, precisamente, pela triangulação edipiana ocorrida, em que a mãe é vista enquanto ser separado e distinto, e o próprio imaginariamente no útero da mãe também é visto enquanto separado, e em que na identificação com o pai, e outros homens, nas identificações secundárias, ocorre uma desenfetização e uma desuterização. Ora, ocorre a inveja do clitóris por o clitóris, pela associação com o útero feminino enquanto espaço transicional, ser sinal de fonte criativa, ser sinal do início do processo criativo, e ocorre um sentimento de superioridade no homem, que caracteriza a inveja do clitóris no homem, pela mais fácil identificação, na triangulação edipiana, enquanto género, com o pai, figura paterna, e outros homens, permitindo a continuação e conclusão do mesmo processo criativo. Na mulher deverá haver diminuição da inveja do clitóris, esta, particularmente, pela excitação sexual imaginada noutra mulher através do clitóris da mesma, diminuindo-se a diluição do poder criativo, com a escolha de uma ou poucas figuras de eleição, havendo posteriormente a identificação com o pai ou figura paterna, para também na triangulação edipiana haver a continuação e conclusão do processo criativo. Do mesmo modo, para a mulher, o clitóris será sinal de fonte criativa, sendo, contudo, mais difícil para a mesma sair do início do processo criativo, quer pela diluição do poder criativo nos comportamentos histéricos particularmente sexualizados nas relações sociais entre mulheres quer por a identificação posterior com o pai ou figura paterna ser mais difícil, na triangulação edipiana, por em termos de género ser mais difícil a passagem de objecto de amor materno para objecto de amor paterno, porquanto no homem o objecto de amor permanece em geral o mesmo, o materno.

 

No contexto da diminuição do catar sexual feminino enquanto psicocinese, está também o proposto por mim, particularmente no artigo da Influência da inveja do clitóris acima mencionado, de que para que a mulher sinta verdadeiro poder criador e criativo, deverá dessexualizar os relacionamentos, invertendo a histeria relacional, através da concentração da inveja do clitóris. Para além da inveja do pénis, que habitualmente se associa como caracterizando a mulher, temos que a inveja do clitóris também caracteriza os sistemas de relacionamento típicos do histerismo, considerando a histeria mais típica da mulher. É que baseando o sistema histérico de relacionamento está a inveja que cada mulher sentirá da excitação sexual que o clitóris, de outra mulher, proporciona a essa mulher, nos relacionamentos sociais particularmente sexualizados com outras mulheres. O facto de cada mulher caracterizar-se pelas duas invejas referidas terá importante sentido evolutivo, sendo que cada uma das invejas se constituirá como facilitadora psíquica da maternidade, da mulher ter cada bebé dentro de si, macho ou fêmea. Quanto ao poder criador e criativo da inveja do clitóris na mulher, dir-se-á que este poder diminui quanto mais se dilui esta inveja nos relacionamentos histéricos típicos na mulher, particularmente sexualizados. Sendo assim, será também na utilização deste poder criativo da dessexualização dos relacionamentos histéricos femininos, com a concentração da inveja do clitóris, que se diminuirá o catar sexual feminino enquanto psicocinese e se acentuará a tendência para a telepatia na mulher.

 

Se considerarmos agora o comportamento sexual feminino enquadrado numa espécie de psique colectiva feminina, que podemos designar por psica, será de realçar o fenómeno da religião, em particular a Santa Trindade cristã, ou o Pai, Filho e o Espírito Santo, num contexto matriarcal histérico capitalista, particularmente no capitalismo global contemporâneo. É que uma das bases do capitalismo é a divinização do dinheiro, com a sacralização matriarcal da sexualidade feminina, que será uma das vertentes mais influentes daquele capitalismo. A sacralização da sexualidade feminina será, em particular, na psica já designada, associada ao Espírito Santo, já que Pai e Filho serão masculinos, em que Espírito Santo será uma maneira influente de unir as pessoas, que se associa, neste contexto, aos eflúvios odoríficos femininos tipicamente exalados pela mulher, aspecto muito importante nas relações sociais entre as pessoas, particularmente no contexto histérico matriarcal capitalista. Assim, no contexto, para se diminuir o catar sexual feminino enquanto psicocinese e acentuar o fenómeno telepático, dever-se-á também diminuir a influência da religião nas sociedades, desmistificando e dessacralizando a sexualidade feminina, diminuindo, de alguma maneira, a psica, e acentuando o psico, ou psique colectiva masculina.

 

Quanto à plausibilidade da existência do fenómeno da telepatia, temos de base os trabalhos de J. B. Rhine [ Hemmert & Roudene, Correia ( Coord. ) ( ? ) ], que começa por submeter a percepção extra-sensorial a critérios quantitativos, em que, procurando um método de investigação muito rigoroso, escolhe as cartas Zener e o método Fischer. Os resultados são positivos: a transmissão do pensamento ultrapassa as coincidências possíveis. Entre os cientistas que continuaram a obra de Rhine está o inglês W. Carington, cujas experiências deixaram supor que existe nos seres humanos um fundo comum de subconsciência, o que equivale ao subconsciente colectivo de Jung. Carington imagina “ psychons “, espécie de partículas psíquicas que atravessam o tempo e o espaço. Também o francês René Warcollier abordou o assunto, tendo verificado que o acaso foi matematicamente ultrapassado. É de dizer que os meios oficiais começaram a se interessar pelo assunto, sobretudo nos Estados Unidos e na União Soviética. No primeiro caso, refiram-se duas experiências, que foram, em grande parte, bem sucedidas. A primeira, realizada em 1959, tinha por finalidade uma tentativa de transmissão de pensamento entre dois homens, um dos quais se encontrava a bordo do submarino atómico Nautilus, em imersão sob os gelos polares, e o outro localizado no Pentágono, em Washington. Quanto à segunda, desenrola-se em 1971, entre a cápsula Apolo XIV, em viagem para a Lua, e a cidade de Chicago. No caso dos soviéticos, destaca-se Leonid Vassiliev, muito conhecido pelas investigações sobre o fenómeno de “ sugestão à distância “, que parece ser da mesma natureza que a telepatia, pois ambas supõem a existência de “ ondas “ cerebrais. Estas indicações são do mesmo livro, já referido, de Hemmert & Roudene, Correia ( Coord. ) ( ? ).

 

Também daqui se precisa que a faculdade telepática parece ser apanágio de um pequeno número de indivíduos, em grupos de dois, formando, de certa maneira, pares complementares, constituídos por um indutor ( o que emite o pensamento ) e por um percepiente ( aquele que o capta ), e ainda que a mesma faculdade parece permitir uma transmissão instantânea do pensamento. Para mais, quanto às associações subconscientes na telepatia, M. Tyrrell precisa que é necessário um certo estado de sonho, uma ligeira abdicação do estado normal da consciência. Da mesma fonte, e relacionando estes fenómenos com o psiquismo, temos Paul Chauchard, que nos indica que há, em primeiro lugar, o infraconsciente, domínio dos maquinismos íntimos da actividade motriz, que podíamos relacionar com a psicocinese e com o catar sexual feminino já referido, e a menos menos elementar, já no plano do consciente, o paraconsciente, que compreende toda a actividade que originariamente era consciente, mas que se tornou automática com o hábito, que podíamos relacionar com a inconsciencialização do fenómeno visual remoto do telepata, já referida, e proposta por mim. Segundo Chauchard, a consciência propriamente dita apenas engloba o que é “actualizado “ das recordações acumuladas fora da consciência e que podem, em determinadas circunstâncias, ressurgir para dar origem a pensamentos e actos inexplicáveis. Se essas recordações forem “ interditas “ à consciência devido à sua carga afectiva ou ao seu significado doloroso, tornar-se-ão origem de neuroses. Mais profundas no psiquismo, estão as mais antigas recordações, as que remontam à vida infantil e até mesmo à vida pré-natal, ao momento em que o organismo estava nos primeiros estádios da sua formação, em que este inconsciente, segundo Chauchard, reproduz-se no nosso pensamento, de tal maneira que as nossas imaginações, intuições, vêm de um trabalho psicológico inconsciente, e é este trabalho que nos aparece no sonho. No mesmo livro, é indicado que para além do infraconsciente e  paraconsciente se juntará o transconsciente, a que alguns chamam superconsciente, que será fonte de êxtase e de união mística com a divindade, como de poderes, em que temos no psiquismo humano, então, os níveis inconsciente, consciente e superconsciente, sendo indicado que interessa para os fenómenos paranormais o inconsciente e o superconsciente.

 

Finalizando, foram estas, pois, as considerações identitárias ao nível da percepção e do pensamento, no enquadramento societal capitalista e comunista, como também ao nível da percepção extra-sensorial e psicocinese.

 

 

Bibliografia

 

Davis, E. ( 2004 ). Teleportation Physics Study. Special Report, Air Force Research Laboratory, Air Force Materiel Command, Edwards Air Force Base in www.fas.org/sgp/eprint/teleport.pdf, consultado em 25/03/2014

 

Hemmert, D. & Roudene, A., Correia, M. ( Coord. ) ( ? ). O espírito humano – 1 in Grandes Enigmas do Homem. Amigos do Livro, Editores, Lda.

 

Houzel, D., Emmanuelli, M. & Moggio, F. ( Coord. ) ( 2004 ). Dicionário de Psicopatologia da Criança e do Adolescente. Climepsi Editores

 

Lacan, J. ( 1996 ). Escritos. Editora Perspectiva

 

Laplanche, J. & Pontalis, J. B. ( 1990 ). Vocabulário da Psicanálise ( tradução  portuguesa ) 7ª edição. Editorial Presença

 

Marx, K. & Engels, F. ( 1998 ). The Communist Manifesto. Signet Classic ( Publicação original, 1848 )

 

Resende, S. ( 2010 ). Aspectos criativos e evolutivos da inveja do clitóris em www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 17/11/2010

 

--------------- ( 2010 ). Influência da inveja do clitóris na sistematização política por género em www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 25/11/2010

 

--------------- ( 2010 ). Exemplos específicos das características subcompensatórias do homem derivadas da inveja do clitóris em www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 28/11/2010

 

--------------- ( 2014 ). Inveja do clitóris e criatividade em www.psicologado.com               ( proposto a 01/2014 )

publicado por sergioresende às 07:37
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Domingo, 26 de Janeiro de 2014

Inveja do clitóris e criatividade

 

 

Depois de resumir alguns artigos meus relacionando inveja do clitóris e criatividade, faço depois algumas elaborações complementares sobre essa mesma relação.

 

Em A inveja do pénis e a inveja do clitóris e suas implicações políticas ( Resende,    2010 ), avanço que a inveja do clitóris, na comparação pénis-clitóris, se caracteriza pelo sentimento de subcompensação narcísica, em que há uma necessidade de tentativa de diminuição narcísica, com características contrárias ao falismo. Sendo uma inveja mais tipicamente masculina, é mais característica do obsessivo e de um sistema político mais obsessivo como o comunismo.

 

Noutro artigo meu, Aspectos criativos e evolutivos da inveja do clitóris ( Resende,  2010 ), é indicado que a subcompensação narcísica, característica da inveja do clitóris, deriva do sentimento de superioridade narcísica advindo da comparação pénis-clitóris. Para mais, indica-se que a tentativa de diminuição narcísica, mais típica no homem, terá uma crucial importância evolutiva no sentido do estabelecimento e manutenção de relações amorosas e sexuais, entre homens e mulheres. Estas últimas caracterizar-se-ão sobretudo pela inveja do pénis, com tentativas de sobrecompensação falo-narcísicas correspondentes, baseadas em raiva narcísica, que surgirá do sentimento de perda falo-narcísica do pénis, que é reforçado pela menstruação, que introduz aspectos depressivos de perda já concretizada, não estando, portanto, apenas ao nível da ameaça. Ainda, relativamente à subcompensação narcísica do homem como base e origem da psique humana, considere-se a expressão bíblica: “ No princípio era o    Verbo! “. Ora, psicanaliticamente considera-se que Deus não é mais do que um pai exacerbado, sendo a ideia religiosa de Deus uma criação humana baseada na exacerbação das características paternas. Temos ainda a noção psicanalítica de que são as ideias de parentalidade e parentais da mãe e do pai, relativamente ao filho, que estão na base da concepção do filho, em particular, desejo genuinamente parental de ter um filho. Em relação a este desejo genuíno, entra a tomada de iniciativa, efectiva, na aproximação amorosa e sexual entre mulher e homem. Tradicionalmente, e tendencialmente, esta tomada de iniciativa efectiva é feita pelo homem e não pela mulher. Enquadra-se, depois, esta iniciativa masculina no meu artigo Masturbação feminina no dia-a-dia: suas implicações psicológicas e comportamentais, onde se conclui que as características masturbatórias femininas do dia-a-dia têm como consequência a diminuição da tomada de iniciativa efectiva na aproximação amorosa e sexual. Tem-se, então, que para surgir o filho terá que haver primeiro esta aproximação sexual entre homem e mulher e tenderá a ser o homem a ter a iniciativa. Assim, a expressão bíblica “ No princípio era o Verbo “, dirá respeito, sobretudo, à tomada de iniciativa verbal por parte do homem em relação à mulher, para uma aproximação sexual, em que posteriormente surgirá o filho. Tenha-se ainda a noção de que a tendência evolutiva daquela tomada de iniciativa verbal como que é sintetizada no pai e na mãe, do filho em consideração. Perspectiva-se, para mais, a influência verbal do pai para a criança, ainda no útero da mãe, considerando-se aqui a noção das características introjectivas do início e primeiras fases do desenvolvimento psíquico humano, em que o bebé no útero introjecta as tendências evolutivas de maior poder criador e criativo do homem, pelas tendências históricas desse poder, que baseará as características subcompensatórias do homem, na comparação com a falta de poder histórica da mulher.

 

Já em Influência da inveja do clitóris na sistematização política por género ( Resende, 2010 ), avanço que a mulher se caracterizará tanto pela inveja do pénis como pela inveja do clitóris, considerando que baseando o sistema histérico de relacionamento, com a histeria mais típica da mulher, está a inveja que cada mulher sentirá da excitação sexual que o clitóris, de outra mulher, proporciona a essa mulher, nos relacionamentos sociais particularmente sexualizados entre mulheres. Diz-se mais, que o poder criativo diminui na mulher quanto mais se dilui esta inveja do clitóris nos relacionamentos histéricos típicos na mulher, particularmente sexualizados, dizendo-se ainda que para que a mulher sinta verdadeiro poder criativo e criador, deverá dessesexualizar os relacionamentos, invertendo a histeria relacional, através da concentração da inveja do clitóris.

 

Em Exemplos específicos das características subcompensatórias do homem derivadas da inveja do clitóris ( Resende, 2010 ), especificam-se breves exemplos das características subcompensatórias do homem, derivadas da inveja do clitóris. Assim, dá-se o exemplo de Miguel Ângelo, que é tido como considerando que a obra já está feita à partida, sendo tarefa do artista, escultor, tirar o que está a mais. Introduz-se depois um paradigma relativo à guerra, baseado n’A Arte da Guerra, de Sun Tzu. Exemplos desse paradigma são a indicação de que o clímax da capacidade em batalha é submeter o inimigo sem lutar e, ainda, que se deve fingir incapacidade para iludir o inimigo. Caracterizando o perito na guerra, o autor reconhece que, por vezes, se deve sacrificar uma porção da sua força guerreira para obter um objectivo mais valioso. Outros exemplos são quando ele diz que onde o inimigo é forte, é de evitá-lo e ainda pretender inferioridade encorajando a arrogância do inimigo. Termina-se aquele artigo com outro exemplo paradigmático das características  subcompensatórias do homem, a saber, a máxima socrática “ Só sei que nada sei! “.

 

De Sentido comparativo das estratégias evolutivas associadas à inveja do pénis e à inveja do clitóris ( Resende, 2011 ), podemos retirar, importantemente, a existência de estratégias evolutivas associadas àquelas invejas, particularmente ao nível político. Desta maneira, o homem capitalista caracteriza-se tanto pela inveja do clitóris, enquanto homem, como pela inveja do pénis, numa tendência histérica. Ou seja, quanto a esta última inveja, para o homem capitalista com poder, contextualizando o capitalismo global contemporâneo, a insatisfação fálica lhe faz derivar o poder, com a ambição caracteristicamente associada, derivada da sobrecompensação fálica. Evolutivamente, e quanto a um sistema evolutivo de equilíbrio entre as subcompensações masculinas e as sobrecompensações femininas, o homem capitalista, ao acentuar a sua inveja do pénis, com insatisfação fálica e respectiva sobrecompensação, promoverá, por sua vez, o aumento da inveja do clitóris por parte da mulher. Como já vimos, esta inveja do clitóris é uma das bases do sistema histérico de relacionamento tipicamente feminino, que por sua vez constitui uma das grandes bases e um dos grandes promotores do sistema capitalista. Relativamente ao homem comunista, numa tendência obsessiva, o mesmo se caracterizará também pela inveja do clitóris, enquanto homem, e não tanto pela inveja do pénis, e procurará obter o poder através das massas. Ora, deriva-se que o poder criador e criativo do homem comunista é diluído pela diluição da inveja do clitóris nas massas. Evolutivamente, quanto ao já mencionado sistema de equilíbrio, o homem comunista ao diminuir a sua inveja do clitóris, com diminuição do sentimento de superioridade narcísica, advinda da comparação pénis-clitóris, promoverá, por sua vez, o aumento da inveja do pénis por parte da mulher, cujas características sobrecompensatórias basearão também, em grande parte, o sistema capitalista. Comparativamente, e quanto à relação homem-mulher, se a estratégia evolutiva capitalista parece estar a resultar, quer perspectivando a estratégia capitalista ou a estratégia comunista, se o homem capitalista quiser acentuar a sua estratégia, deverá realçar a sua própria diminuição falo-narcísica, enquanto que se o homem comunista quiser verdadeiramente acentuar a estratégia do ponto de vista comunista, dever-se-à sentir verdadeiramente invejoso do clitóris, vivenciando o seu sentimento de superioridade narcísica, que equivale a elaborar mais ao nível do auto-narcisismo e não tanto ao nível do narcisismo relacional.

 

Em O cavalheirismo como manifestação das características subcompensatórias do homem derivadas da inveja do clitóris ( Resende, 2011 ), realço o sistema evolutivo de equilíbrio entre homens e mulheres, no sentido do estabelecimento e manutenção de relações amorosas e sexuais. Nesse sistema, a tentativa de diminuição narcísica decorrente do sentimento de superioridade narcísica, no homem, terá surgido evolutivamente e para contrabalançar equilibradamente o sentimento de inferioridade narcísica, na mulher, advindo do sentimento de perda do pénis, o que só é confirmado em fantasia pela menstruação, sentimento de inferioridade esse que leva à sobrecompensação falo-narcísica. Daquele sistema de estabelecimento e manutenção de relações, refiro-me, depois, ao exemplo paradigmático do cavalheirismo. Assim, quando o homem deixa passar a mulher à frente, numa qualquer passagem, estará a perder prioridade de passagem em relação a ela. Quando, por exemplo, o homem arrasta a cadeira, numa mesa, da mulher, está a fazer de servente, diminuindo-se. Outra diminuição subcompensatória, ao nível do narcisismo, bastante paradigmática, é quando o homem se ajoelha para pedir a mulher em casamento, como ocorre frequentemente. O homem diminui-se perante a mulher, portanto, em que assim, na proposta de casamento típica, o homem estará a contrabalançar a sobrecompensação falo-narcísica típica da mulher, sendo a mesma advinda do sentimento de inferioridade narcísica.

 

De O poder criativo e as características subcompensatórias do homem derivadas da inveja do clitóris: culpabilidade fálica ( Resende, 2013 ), no qual se faz o resumo de alguns artigos já resumidos no presente artigo, enquadrando-se melhor a relação das características suncompensatórias da inveja do clitóris com o poder criativo, dir-se-à que a inveja do clitóris surgirá da culpabilidade fálica, em relação ao sentimento de superioridade sentido pelo homem na comparação pénis-clitóris, com possíveis motivos filogenéticos, num sistema de equilibração evolutivo em relação ao sentimento de inveja do pénis, tipicamente sentido pela mulher, e suas características sobrecompensatórias. Culpabilidade fálica, precisamente, em relação às características sobrecompensatórias associadas ao sentimento de superioridade referido. Considerando que o homem verdadeiramente criativo não se caracteriza pelo exibicionismo nem pela vaidade, características tipicamente fálicas, diz-se então que faz sentido quando se diz que o artista prefere que os outros não vejam a sua obra antes de ela estar acabada, controlando, precisamente, exibicionismos e vaidades.

 

Finalizam-se estes resumos com o meu artigo O pénis enquanto objecto transicional na criatividade ( Resende, 2013 ). No mesmo, indica-se, por exemplo, que a inveja do clitóris, e suas características subcompensatórias, surgirá, importantemente, do reconhecimento do homem do poder inspirador que lhe surge através da identificação com as mulheres. Para mais, destaca-se, quanto à inveja do clitóris, que a subcompensação narcísica, presente nessa inveja, caracteriza-se por uma tentativa de diminuição narcísica, derivada do sentimento de superioridade narcísica advindo da comparação pénis-clitóris. Ter-se-à, então, em conta que o sentimento de superioridade narcísica referido estará relacionado com o sentimento de masculinidade. Ora, tem-se que a tentativa de diminuição narcísica surgirá no sentido da diminuição do sentimento de masculinidade, diminuição esta que terá importância evolutiva nas relações entre homens e mulheres. Tendo em conta que há um sentimento de masculinidade inicial, derivado da comparação pénis-clitóris, dir-se-à que as características subcompensatórias, que caracterizam a inveja do clitóris, estarão mais relacionadas com o sentimento de feminilidade inconsciente no homem, ou seja, com o arquétipo anima. Assim, pelo dito, na produção criativa do homem haverá uma diminuição do sentimento de masculinidade e uma acentuação do sentimento de feminilidade inconsciente.

 

Depois destes resumos feitos, para melhor enquadrar a relação entre inveja do clitóris e criatividade, realça-se o artigo já resumido dos Aspectos criativos e evolutivos, no qual se destacam os aspectos vivenciais e imaginários da vivência fetal, na relação com a mãe, e no útero desta, e com o pai.

 

Considerando na criatividade derivada da inveja do clitóris, a tentativa de diminuição narcísica, temos, imaginariamente, na identificação com o pai ou figura paterna, como que uma retrogressão, do feto em relação à distância relacional do pai em relação à mãe, em que poderemos enquadrar aqui a culpabilidade fálica, como que uma crítica psicológica do homem em relação à mulher, por esta na inveja do pénis típica, ver o pénis enquanto falo. É importante a diferença relacional do feto em relação à mãe  e do feto em relação ao pai. Já que a tentativa de diminuição narcísica advém do sentimento de superioridade sentido pelo homem na comparação pénis-clitóris, temos que naquela distância e diferença relacional, na retrogressão, o artista, na identificação com o pai, terá aquele sentimento como que advindo do próprio clitóris, daí a inveja do clitóris, já que não é um sentimento fálico, mas advindo, pelo contrário, da culpabilidade fálica do homem em relação à mulher, contrariando o falismo, tendo, deste modo, a mãe, e posteriormente, a mulher em geral, como referência de inspiração e criatividade, enquanto musa. Ocorrerá uma dupla identificação, com o pai, e com o próprio, imaginadamente no útero da mãe, em que temos, numa linha Winnicottiana, o útero enquanto espaço de ilusão por excelência, enquanto objecto transicional. Naquele distanciamento relacional referido, surge-nos, então, o famoso gesto do artista utilizando o polegar, para medir distâncias, em relação à sua musa, paisagem, etc., em que temos que a relação entre o artista e a sua musa implicam um distanciamento relacional.

 

No distanciamento e diferença relacional referidos, temos um trabalho  de diferenciação psíquica, em relação ao qual podemos enquadrar a contribuição de Margaret Mahler [ Houzel, Emmanuelli & Moggio ( Coord. ), 2004 ], que nos descreve uma fase de separação-individuação, como sendo dois processos complementares, permitindo à criança sair da fusão simbiótica com a mãe, que caracteriza os primeiros meses de vida, em que até aos três anos passará por uma série de fases sucessivas durante as quais a criança investiria progressivamente a mãe e as funções do seu ego, adquirindo assim uma representação interiorizada de si própria, ligada mas distinta da representação do objecto.

 

Continuando, repare-se que, referindo-nos à conceptualização do objecto transicional por Winnicott, como indicado no Dicionário de Psicopatologia da Criança e do Adolescente [ Houzel, Emmanuelli & Moggio ( Coord. ), 2004 ], o objecto transicional, na criatividade, implica uma fase ou tempo de ilusão e uma fase ou tempo de desilusão, em que nesta última surge o objecto mais objectivado, numa verdadeira relação de objecto, partindo de uma fase de ilusão, em que os objectos são considerados extensões do ego, com um controlo omnipotente, numa relação fusional. Ora, na desilusão, ocorrem frustrações entre o que é esperado e o que é apresentado. Se da ilusão, começa-se a construir o espaço transicional, o objecto transicional, com estas frustrações, na desilusão, a relação de controlo omnipotente atenua-se para se instaurar progressivamente uma relação de objecto, entre seres separados e distintos, em que a área transicional torna-se progressivamente uma área partilhada, área intermediária de experiência, em que fenómenos, espaço e objectos transicionais começarão a ser desinvestidos e dissolvidos no domínio cultural, em que a experimentação interna subsistirá enquanto imaginação e trabalho criativo.

 

Ora, a vivência imaginada no feto, e a identificação do sujeito, do artista, com esta, está na linha do espaço de ilusão, da vivência de ilusão, numa relação fusional, e a identificação com o pai, que implica a frustração da saída de relação omnipotente no útero, na relação fusional, na diferença relacional relativamente à mãe e ao feto, enquanto próprio, está na linha da desilusão, em que o espaço transicional que terá sido o útero começa a ser desinvestido, e começa a haver trabalho imaginativo e criativo, em que a mãe, e a mulher, em geral, nas identificações secundárias, continuam a ser fonte de inspiração, com o útero feminino enquanto espaço de ilusão e, precisamente, pela triangulação edipiana ocorrida, em que a mãe é vista enquanto ser separado e distinto, e o próprio imaginariamente no útero da mãe também é visto enquanto separado, e em que na identificação com o pai, e outros homens, nas identificações secundárias, ocorre uma desenfetização e uma desuterização.

 

Ora, ocorre a inveja do clitóris por o clitóris ser sinal de fonte criativa, ser sinal do início do processo criativo, e ocorre o sentimento de superioridade no homem pela mais fácil identificação, na triangulação edipiana, enquanto género, com o pai, figura paterna e outros homens, permitindo a continuação e conclusão do mesmo processo criativo. Na mulher, e como se disse anteriormente, deverá haver diminuição da inveja do clitóris, esta, particularmente pela excitação sexual imaginada noutra mulher, através do clitóris da mesma, diminuindo-se a diluição do poder criativo, com a escolha de uma ou poucas figuras de eleição, havendo posteriormente a identificação com o pai ou figura paterna, para também na triangulação edipiana haver a continuação e conclusão do processo criativo. Do mesmo modo, para a mulher, o clitóris será sinal de fonte criativa, sendo, contudo, mais difícil para a mesma sair do início do processo criativo, quer pela diluição do poder criativo nos comportamentos histéricos particularmente sexualizados nas relações sociais entre mulheres quer por a identificação posterior com o pai ou figura paterna ser mais difícil, na triangulação edipiana, por em termos de género ser mais difícil a passagem de objecto de amor materno para objecto de amor paterno, porquanto no homem o objecto de amor permanece em geral o mesmo, o materno. Esta fixação da mulher no início do processo criativo é coerente com o indicado noutro artigo meu, a saber, Variação diferencial do alargamento dos lábios vaginais e sua importância no poder criativo: a musa ( Resende, 2011 ). O mesmo começa por citar outro artigo meu, Variação diferencial do tamanho do pénis e sua importância no poder criativo, no qual indico que o diferencial do tamanho do pénis, entre o estado flácido e o estado erecto, permite ao homem identificar-se quer com homens quer com mulheres, já que em relação a estas, a aproximação do estado de flacidez permite a identificação com o clitóris da mulher. Relembrando aqui o artigo do pénis enquanto objecto transicional na criatividade, temos o pénis erecto enquanto tempo de ilusão, na superioridade sentida, e o pénis flácido enquanto tempo de desilusão, em que permite melhor identificação com a mulher, com o clitóris, vendo aquela como ser separado e distinto. Continuando, desta maneira, o homem tem uma perspectiva mais diferenciada do mundo que o rodeia através destas duas identificações, permitindo maior poder criativo no homem. De seguida, proponho que a variação diferencial do alargamento dos lábios vaginais da mulher, na excitação sexual e na ausência dela, será um dos factores etiológicos do efeito musa na criatividade. Será como, e tendo em conta a identificação relacional, ao alargar os lábios vaginais, na excitação sexual, ocorrer uma “ mitose “ de ideias, em que da mulher tenderão a surgir ideias separadas. Importantemente, será como uma base somática da fantasia imaginativa. Exemplos disto podem ver-se em Exemplos específicos relativos à musa inspiradora como variação diferencial do alargamento dos lábios vaginais ( Resende, 2011 ). Assim, temos o exemplo do busto feminino na proa dos barcos de exploração marítima, em que se tendo inspiração em um e outro dos lados dos lábios vaginais, tem-se de um lado do barco estibordo e do outro bombordo, portanto esquerda ou direita, em que temos na exploração marítima a escolha da direcção tomada como relacionada com aquele alargamento. Outro exemplo são as serenatas, tendo mulheres como destinatárias e tendo a própria guitarra consideradamente com uma forma tipicamente feminina, com o corpo da guitarra a fazer lembrar o busto e as ancas de uma mulher. Para mais, as cordas da guitarra relacionam-se simbolicamente com os pelos púbicos da mulher e em que os afinadores das cordas, tipicamente distribuídos três na extremidade de um lado do braço da guitarra e três do outro, têm a sua distribuição como relacionada com a variação diferencial do alargamento dos lábios vaginais.. Outra derivação daquela " mitose " de ideias é a sua influência na utilização dos braços, mãos e pernas, com os seus lados esquerdo e direito, em que temos influências na acção locomotora e produções desportivas, como no tocar música, escrever ou desenhar, com suas influências na arte, como desenho, pintura e arquitectura, como ainda na produção literária e académica. Ora, na mulher, e tendo em conta as relações particularmente sexualizadas, portanto homossexualizadas, entre mulheres, haverá uma dificuldade na resolução da ambivalência homossexual, e em consequência, no contexto, dificuldade na escolha das ideias surgidas a partir daquela “ mitose “. Assim, o efeito criativo da excitação sexual da mulher é diminuído na mulher típica. Vemos, pois, melhor, a fixação da mulher no início do processo criativo.

 

 

Bibliografia

 

Houzel, D., Emmanuelli, M. & Moggio F. ( Coord. ) ( 2004 ). Dicionário de Psicopatologia da Criança e do Adolescente. Climepsi Editores

 

Resende, S. ( 2010 ). A inveja do pénis e a inveja do clitóris e suas implicações políticas em www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 15/10/2010

 

--------------- ( 2010 ). Aspectos criativos e evolutivos da inveja do clitóris em www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 17/11/2010

 

--------------- ( 2010 ). Influência da inveja do clitóris na sistematização política por género em www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 25/11/2010

 

--------------- ( 2010 ). Exemplos específicos das características subcompensatórias do homem derivadas da inveja do clitóris em www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 28/11/2010

 

--------------- ( 2011 ). Sentido comparativo das estratégias evolutivas associadas à inveja do pénis e à inveja do clitóris em www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 04/01/2011

 

--------------- ( 2011 ). Variação diferencial do alargamento dos lábios vaginais e sua importância no poder criativo: a musa em www.psicologado.com ( proposto a  03/2011 )

 

--------------- ( 2011 ). Exemplos específicos relativos à musa inspiradora como variação diferencial do alargamento dos lábios vaginais em www.psicologado.com ( proposto a 05/2011 )

 

--------------- ( 2011 ). O cavalheirismo como manifestação das características subcompensatórias do homem derivadas da inveja do clitóris em www.psicologado.com ( proposto a 12/2011 )

 

--------------- ( 2013 ). O poder criativo e as características subcompensatórias do homem derivadas da inveja do clitóris: culpabilidade fálica em www.psicologado.com  ( proposto a 04/2013 )

 

--------------- ( 2013 ). O pénis enquanto objecto transicional na criatividade em www.psicologado.com ( proposto a 04/2013 )

publicado por sergioresende às 12:20
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Quinta-feira, 4 de Abril de 2013

O poder criativo e as características subcompensatórias do homem derivadas da inveja do clitóris: culpabilidade fálica

Destaco alguns artigos que escrevi acerca da inveja do clitóris, e sua relação com aspectos criativos, para posteriormente fazer a consideração de que a mesma surgirá da culpabilidade fálica.

 

Assim, em A inveja do pénis e a inveja do clitóris e suas implicações políticas ( Resende, 2010 ), considero que a inveja do clitóris, na comparação pénis-clitóris, se caracteriza pelo sentimento de subcompensação narcísica, em que há uma tentativa de diminuição narcísica, com características ao falismo, sendo uma inveja tipicamente masculina.

 

Em Aspectos criativos e evolutivos da inveja do clitóris ( Resende, 2010 ), considero que aquela tentativa de diminuição narcísica é derivada do sentimento de superioridade narcísica advindo da comparação pénis-clitóris. Para mais, indica-se que a tentativa de diminuição narcísica, mais típica no homem, terá uma crucial importância evolutiva, no sentido do estabelecimento e manutenção de relações amorosas e sexuais, em particular entre homens e mulheres, por contraponto às características sobrecompensatórias da inveja do pénis, mais típico na mulher. Dá-se ainda um exemplo quanto à tendência histórica do maior poder criativo do homem, em relação à mulher, em que se tem em conta uma descrição cinéfila de Miguel Ângelo, em que na mesma esse artista é tido como considerando que a obra já está feita à partida, sendo tarefa do artista, particularmente, do escultor, tirar o que está a mais. Neste exemplo escultural, realçam-se as características subcompensatórias do poder criativo do homem, podendo-se fazer uma generalização desta noção a outras áreas artísticas.

 

Já em Exemplos específicos das características subcompensatórias do homem derivadas da inveja do clitóris ( Resende, 2010 ), para além daquele exemplo de Miguel Ângelo, introduzo outro paradigma que é relativo à guerra, e tem tanta relevância quanto a mesma tem tido crucial importância, desde tempos idos, na formação de nações, blocos estratégicos e ideologias. Os exemplos são retirados de A Arte da Guerra, de Sun Tzu, autor chinês que terá escrito o dito livro há cerca de 2500 anos. O livro tem influenciado, para além de militares, empresários e empreendedores, destacando-se, pois, em outras guerras para além das militares. Realça-se, ainda, quanto às características subcompensatórias da inveja do clitóris no homem, o facto de as guerras militares, e as empresariais, entre outras, serem protagonizadas por homens. Assim, exemplos paradigmáticos das características subcompensatórias são a indicação, por Sun Tzu, de que o clímax da capacidade em batalha é submeter o inimigo sem lutar e, ainda, que se deve fingir incapacidade para iludir o inimigo. Caracterizando o perito na guerra, o autor reconhece que, por vezes, se deve sacrificar uma porção da sua força guerreira para obter um objectivo mais valioso. Outros exemplos são quando ele diz que onde o inimigo é forte, é de evitá-lo, e, ainda, pretender inferioridade, encorajando a arrogância do inimigo. Terminando o resumo deste artigo, invoca-se outro exemplo paradigmático das características subcompensatórias do homem, no caso, a máxima socrática, “ Só sei que nada sei! “.

 

Ainda noutro artigo, dá-se um pequeno exemplo das características subcompensatórias do homem derivadas da inveja do clitóris, como se pode ver em O cavalheirismo como manifestação das características subcompensatórias do homem derivadas da inveja do clitóris ( Resende, 2011 ). Assim, no campo do estabelecimento e manutenção de relações amorosas e sexuais entre homens e mulheres, dá-se o exemplo paradigmático do cavalheirismo. Deste modo, quando um homem deixa passar uma mulher à frente, numa qualquer passagem, estará a perder prioridade de passagem em relação a ela. Quando, por exemplo, o homem arrasta a cadeira da mulher, numa mesa, está a fazer de servente, diminuindo-se. Outra diminuição subcompensatória, ao nível do narcisismo, bastante paradigmática, é quando o homem se ajoelha para pedir a mulher em casamento, como acontece frequentemente. O homem diminui-se perante a mulher, portanto. Vê-se, então, que na proposta de casamento típica, em que o homem se ajoelha perante a mulher, o homem está a contrabalançar a sobrecompensação falo-narcísica típica da mulher, sendo a mesma advinda do sentimento de inferioridade narcísica, relacionada com a inveja do pénis, portanto.

 

Depois destes resumos feitos, para melhor enquadrar a relação das características subcompensatórias da inveja do clitóris com o poder criativo, em particular, dir-se-à que a inveja do clitóris surgirá da culpabilidade fálica, em relação ao sentimento de superioridade sentido pelo homem na comparação pénis-clitóris, com possíveis motivos filogenéticos, num sistema de equilibração evolutivo em relação ao sentimento de inveja do pénis, tipicamente sentido pela mulher, e suas características sobrecompensatórias. Culpabilidade fálica, precisamente, em relação às características sobrecompensatórias associadas ao sentimento de superioridade referido.

 

Dir-se-à que o homem verdadeiramente criativo não se caracteriza pelo exibicionismo nem pela vaidade, características tipicamente fálicas.

 

Faz, então, sentido, quando se diz que o artista prefere que os outros não vejam a sua obra, antes de ela estar acabada, controlando, precisamente, exibicionismos e vaidades.

 

 

 

Bibliografia

 

Resende, S. ( 2010 ). A inveja do pénis e a inveja do clitóris e suas implicações políticas em www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 15/10/2010

 

Resende, S. ( 2010 ). Aspectos criativos e evolutivos da inveja do clitóris em www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 17/11/2010

 

Resende, S. ( 2010 ). Exemplos específicos das características subcompensatórias do homem derivadas da inveja do clitóris em www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 28/11/2010

 

Resende, S. ( 2011 ). O cavalheirismo como manifestação das características subcompensatórias do homem derivadas da inveja do clitóris em www.psicologado.com ( proposto a 12/2011 )

publicado por sergioresende às 09:09
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Quinta-feira, 5 de Janeiro de 2012

O cavalheirismo como manifestação das características subcompensatórias do homem derivadas da inveja do clitóris

Resume-se, neste artigo, a caracterização e exemplos da subcompensação narcísica do homem derivadas da inveja do clitóris, para depois terminar com o exemplo paradigmático do cavalheirismo.

 

Como se pode ver particularmente em Exemplos específicos das características subcompensatórias do homem derivadas da inveja do clitóris ( Resende, 2010 ) e em Sentido comparativo das estratégias evolutivas associadas à inveja do pénis e à inveja do clitóris ( Resende, 2011 ), tem-se que, caracterizando mais especificamente o homem, há a ocorrência da inveja do clitóris, em que advindo da comparação pénis-clitóris, há uma subcompensação narcísica associada, derivada do sentimento de superioridade narcísica sentido.

 

Referindo novamente o primeiro artigo citado, temos como exemplos um paradigma relativo à guerra e uma citação filosófica.

 

Essa citação é a conhecida máxima socrática: “ Só sei que nada sei! “.

 

Os aspectos relativos à guerra têm tanta relevância quanto a mesma guerra tem tido crucial importância na formação de nações, blocos estratégicos e ideologias. Ora, os exemplos são retirados do clássico dos clássicos sobre a guerra A Arte da Guerra, de Sun Tzu ( 1963 ), autor chinês que terá escrito este manual há cerca de 2500 anos. Embora escrito quanto à guerra militar, o livro tem sido estudado e influenciado, um pouco por todo o mundo, empresários e empreendedores, realçando, pois, a sua influência para além das guerras militares.

É bastante relevante, quanto às características subcompensatórias da inveja do clitóris, o facto de, tradicionalmente, as guerras militares, e mesmo particularmente as guerras empresariais, e outras, serem protagonizadas por homens.

Assim, exemplos paradigmáticos das características subcompensatórias são a indicação, por Sun Tzu, de que o clímax da capacidade em batalha é submeter o inimigo sem lutar, e ainda que se deve fingir incapacidade para iludir o inimigo. Caracterizando o perito na guerra, o autor reconhece que por vezes se deve sacrificar uma porção da sua força guerreira para obter um objectivo mais valioso. Outros exemplos são quando ele diz que onde o inimigo é forte é de evitá-lo e ainda pretender inferioridade encorajando a arrogância do inimigo, podendo nós dizer que ocorrerá assim a diminuição das características subcompensatórias do inimigo.

 

Àparte estes exemplos, e referindo-nos novamente à caracterização subcompensatória, é de referir o artigo Sentido comparativo das estratégias evolutivas associadas à inveja do pénis e à inveja do clitóris ( Resende, 2011 ). Isto, para realçar que as características subcompensatórias do homem, com tentativa de diminuição narcísica, e as características sobrecompensatórias da mulher, ao nível do falo-narcisismo, e derivadas da inveja do pénis, havendo tentativas de inflacção narcísica, dizia eu, esses dois tipos de características como que se contrabalançam e terão tido uma crucial importância evolutiva no sentido do estabelecimento e manutenção de relações amorosas e sexuais, entre homens e mulheres.

Por outras palavras, a tentativa de diminuição narcísica decorrente do sentimento de superioridade narcísica, no homem, terá surgido evolutivamente, e para contrabalançar equilibradamente, o sentimento de inferioridade narcísica, advindo do sentimento de perda do pénis, o que só é confirmado em fantasia pela menstruação, sentimento de inferioridade esse que leva à sobrecompensação falo-narcísica.

 

Neste campo do estabelecimento e manutenção de relações amorosas e sexuais entre homens e mulheres, refiro-me, para finalizar, ao exemplo paradigmático do cavalheirismo.

Assim é, pois, quando um homem deixa passar a mulher à frente, numa qualquer passagem, estará a perder prioridade de passagem em relação a ela. Quando, por exemplo, o homem arrasta a cadeira, numa mesa, da mulher, está a fazer de servente, diminuindo-se.

Outra diminuição subcompensatória, ao nível do narcisismo, bastante paradigmática, é quando o homem se ajoelha para pedir a mulher em casamento, como ocorre frequentemente. O homem diminui-se perante a mulher, portanto. E assim, como se pode ver, na proposta de casamento típica, em que o homem se ajoelha perante a mulher, o homem estará a contrabalançar a sobrecompensação falo-narcísica típica da mulher, sendo a mesma advinda do sentimento de inferioridade narcísica.

 

Bibliografia

 

Resende, S. ( 2010 ). Exemplos específicos das características subcompensatórias do homem derivadas da inveja do clitóris em www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 28/11/2010

 

Resende, S. ( 2011 ). Sentido comparativo das estratégias evolutivas associadas à inveja do pénis e à inveja do clitóris em www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 04/01/2011

 

Tzu, S. ( 1963 ). The Art of War ( tradução inglesa ). Oxford University Press. ( Edição original, 500 A. C. )

publicado por sergioresende às 16:39
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