Terceiro complemento a O sobrecompensatório na mulher
Sendo este artigo baseado em O sobrecompensatório na mulher ( Resende, 2012 ), destaca-se, nesse artigo, a importância da influência da inveja do pénis, e suas sobrecompensações fálicas respectivas, que caracterizam a mulher em geral, no comportamento habitual da mesma.
Ora, para além dos exemplos referidos nesse artigo, e nos seus posteriores complementos, Pequeno complemento a O sobrecompensatório na mulher ( Resende, 2013 ) e Segundo complemento a O sobrecompensatório na mulher ( Resende, 2014 ), realça-se agora a utilização sobrecompensatória da saia, no sentido de a mesma ser volumosa, tendo nós o exemplo paradigmático do vestido de casamento. Considere-se que neste vestido ocorre amiúde a preferência por saias volumosas, em que temos, por exemplo, os folhos a representarem os lábios vaginais, o que apoia a noção da saia volumosa enquanto sobrecompensação fálica. Tendo nós presente que, historicamente, o casamento da mulher é suposto ser o dia dela, no sentido de destacar-se, em particular, em relação a outras mulheres, temos que esse dia, em que há a suposta união para toda a vida, representa algo muito próprio dessa mesma mulher, em que se destaca a indumentária relacionada com a inveja do pénis, e suas sobrecompensações fálicas. Também historicamente, estas características são um contraponto a comportamentos do homem, que se relacionarão, de algum modo, com estas mesmas sobrecompensações fálicas, como o expansionismo imperialista. Em A inveja do pénis e a inveja do clitóris e suas implicações políticas ( Resende, 2010 ), refiro-me efectivamente à relação entre inveja do pénis e expansionismo militarista imperialista, em que dir-se-à que na saia volumosa da mulher, típica da mesma, como, por exemplo, nos séculos XVII, XVIII, etc., temos um símbolo representativo das tendências expansionistas de uma sociedade, relacionadas com sobrecompensações fálicas derivadas da inveja do pénis, relacionando-se isto com, por exemplo, as tendências colonialistas historicamente associadas a várias nações europeias, em que a saia surge como uma sobrecompensação em relação às pernas da mulher, em que está implícita uma diminuição narcísica, um sentimento de inferioridade narcísica, já que o expansionismo terá sido feito por homens. É como se a saia fosse uma extensão do corpo enquanto falo, mesmo uma extensão das pernas enquanto falos, tendo nós, pois, esta extensão relacionada com os aspectos expansionistas.
Tendo nós também ao nível fálico, o exibicionismo, mas principalmente a ambição, é de notar importantemente que historicamente ocorreu uma associação evolutiva entre emancipação da mulher, particularmente a nível laboral, e a passagem do vestir típico da saia volumosa para menor volume da mesma, e para a utilização habitual de calças.
Ora, considerando a habitual tendência dominadora dos homens nas sociedades, particularmente ocidentais, teremos a noção que aquele evoluir da indumentária da mulher, terá tido, para ocorrer, uma aprovação importante por parte dos homens, em que podemos dar o exemplo da canção cantada por Shania Twain, em que ela diz, dirigindo-se às mulheres, “ Man shortened your skirts “, com referência particular para as mini-saias.
Estas considerações terão implicações ao nível do mundo laboral, relacionadas com a integração e ascensão a lugares de chefia por parte das mulheres, em que dir-se-à que ao nível da indumentária, pelo já dito, a mulher para melhor se integrar e ascender, deverá utilizar saias, particularmente volumosas, já que a utilização de calças relaciona-se historicamente, e precisamente, com maior integração laboral, ao nível emancipatório. Ou seja, as calças implicam maior caminho já percorrido, e isso, de alguma forma, diminui a ambição e a necessidade de exibicionismo, no sentido de apresentar resultados. Isto considerando, de alguma maneira, que a mulher age o que veste.
Bibliografia
Resende, S. ( 2010 ). A inveja do pénis e a inveja do clitóris e suas implicações políticas em www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 15/10/2010
--------------- ( 2012 ). O sobrecompensatório na mulher em www.psicologado.com ( proposto a 12/2012 )
--------------- ( 2013 ). Pequeno complemento a O sobrecompensatório na mulher em www.psicologado.com ( proposto a 10/2013 )
--------------- ( 2014 ). Segundo complemento a O sobrecompensatório na mulher em www.psicologado.com ( proposto a 01/2014 )
Faz-se, neste artigo, um complemento ao meu artigo O sobrecompensatório na mulher ( Resende, 2012 ), no qual se indica que na linha da questão básica da mulher da inveja do pénis, ocorrem sobrecompensações várias, para compensar a falta do pénis, este enquanto falo, com sobrecompensações falo-narcísicas, com a histeria mais tipicamente feminina, tendo uma organização básica oro-fálica.
Refira-se, de Dicionário de Psicopatologia da Criança e do Adolescente [ Houzel, Emmanuelli & Moggio ( Coord. ), 2004 ], que, segundo D. Anzieu, no contexto do ego-pele e envelopes psíquicos, na patologia histérica, ocorrem falhas ao nível do escudo para-excitações e individuação, que lhes estão associados, por constituirem a base destas funções, estabelecendo precocemente a relação do indivíduo com o mundo exterior. Exemplo sobrecompensatório relacionado com estes aspectos do ego-pele é a pintura cosmética, que servirá como barreira protectora e deflectora, tendo nós também o exemplo nessa linha das tatuagens e dos piercings.
Verificamos, assim, que no histérico, com estas falhas, há maior dependência de estímulos externos, com maior dependência de campo, portanto.
Ainda daquele meu artigo, há indicações que no uso de acessórios, em particular, brincos, colares e pulseiras, há a ocorrência das sobrecompensações referidas, em que se conclui que a utilização de acessórios estará relacionada com um sentimento de inferioridade narcísica, em que adornos e importância excessiva atribuída ao aspecto externo compensarão esse sentimento.
Assim, importantemente, para este artigo, temos que o gosto bastante predilecto de mulheres, de resto conhecido, em particular da histérica, sendo a histeria mais tipicamente feminina, de brincos, colares e pulseiras brilhantes, de diamantes, de ouro, etc., revela, na maior dependência dos estímulos externos, uma sobrecompensação em relação à assimilação excessiva da escuridão do espaço sideral, que contribuirá para tendências depressivas na histérica, que tentarão ser contrariadas pelo uso de tais acessórios. Quanto a estas tendências depressivas na histérica, refira-se o meu artigo Angústia depressiva como enquadramento borderline da personalidade histérica ( Resende, 2012 ), no qual digo que tendencialmente na mulher surge uma angústia depressiva, de uma angústia de certeza de perda do pénis já efectuada, o que só vem a ser confirmado em fantasia pela menstruação, o que nos remete para uma angústia de perda do amor do objecto, já que, em fantasia, o objecto terá sido responsável pela perda do pénis. Em relação ao sentimento de inferioridade narcísica, referido anteriormente, dir-se-à que as tendências depressivas originadas na escuridão do espaço sideral causarão uma diminuição correspondente da auto-estima, que surgirá, intui-se aqui, da vastidão desse mesmo espaço, em que temos, precisamente, a mulher a sentir-se pequena, ou demasiado pequena.
Um aspecto mais que nos interessa, e referido naquele artigo d’O sobrecompensatório na mulher, é a sobrecompensação notória dos óculos escuros grandes. Naquele artigo, indico que a utilização dos mesmos indicam uma sobrecompensação em relação ao sentir-se observada, que podemos contextualizar no síndroma da mulher invisível, que nos diz que há uma grande carga de afecto da vivência da mulher no dia-a-dia, antes da menopausa, para ela sentir habitualmente essa diferença após a menopausa, no sentido de se sentir observada, sentido esse que estará relacionado com as características sedutoras da mulher. Ora, no contexto do presente artigo, o uso sobrecompensatório dos óculos escuros grandes denota, particularmente ao sentir-se observada, principalmente durante o dia, uma fuga, em que a mulher tentará, de certa maneira, utilizar a escuridão associada à noite, que corresponderá à visão tida com os óculos postos, e esconder-se atrás dos óculos.
Parece haver aqui algum equilíbrio entre a utilização depressiva da escuridão dos óculos escuros grandes e a sobrecompensação anti-depressiva do uso de acessórios brilhantes, sendo curioso que, com frequência, este tipo de óculos têm lentes com alguma claridade, o que poderá corresponder a tal equilíbrio, ou seja, entre o sentir-se observada e a assimilação depressiva de estímulos externos.
Outro exemplo importante das tendências sobrecompensatórias da mulher, derivadas da inveja do pénis, é o cabelo comprido, incluindo a moda e o hábito de usar extensões no cabelo, geralmente, nas mulheres mais jovens, por contraponto ao habitual cabelo curto das mulheres mais velhas, em geral, pós-menopáusicas, porquanto nos homens há o uso geral de cabelo curto.
Poder-se-à dizer que manifestamente a mulher mais velha terá o cabelo curto, por não querer demonstrar, particularmente em termos de idade e culturais, tendências em querer seduzir homens, mas também temos o contraexemplo de que as mulheres mais jovens, quando arranjam companheiro e/ou quando se casam, não têm a tendência de encurtar o cabelo.
Intui-se aqui que haverá uma sobrecompensação para fazer parecer a cabeça maior e, implicitamente, o cérebro, numa linha evolutiva adaptativa, à guisa de manifestações animais de engrandecimento do corpo para melhor enfrentar o adversário, neste caso, na guerra dos sexos, sobrecompensação essa, portanto, devida particularmente a algum trauma transpessoal histórico devido ao também histórico domínio tendencial dos homens em practicamente todas as culturas e ao exemplo de as obras científicas, literárias, filosóficas, artísticas, etc., que foram sendo deixadas serem de homens. Tenha-se também a noção da tendência anatómica de em geral o cérebro do homem ser maior do que o da mulher. Haverá um questionamento histórico por parte da mulher do porquê do domínio referido por parte dos homens, intuindo a mesma que parte importante da razão se deverá a diferenças ao nível do que foi sendo considerado elemento crucial para funcionar e produzir, ou seja, o cérebro. Ocorrerá, desta maneira, a sobrecompensação com o aumento do tamanho do cabelo, para fazer parecer aumentar a cabeça e o cérebro. Com a extensão do cabelo comprido para baixo, haverá como que uma miscegenização da cabeça e resto do corpo, em que o corpo também é utilizado sobrecompensatoriamente, e é tido como um corpo-falo por excelência, como que aumentando o engrandecimento da cabeça. Mas base importante para a sobrecompensação será a menstruação, que fará lembrar à mulher o sinal depressivo da perda do pénis já efectuada. E isto, importantemente, por a mulher pós-menopáusica, perdendo o período no processo, ter a tendência de ter o cabelo curto, intuindo nós, que com a perda do período, perde o motivo, particularmente em termos de carga afectiva, para sobrecompensar a cabeça e o cérebro, já que se sentirá menos diminuída em relação ao homem.
Ainda com sobrecompensações falo-narcísicas, derivadas da inveja do pénis, temos o exemplo do uso, por parte da mulher, de sapatos de salto alto, em que a mulher quererá parecer maior, em que, por assim dizer, quererá nas pontas dos pés chegar à figura paterna, à guisa da criança que tenta chegar ao pai, querendo fazer-lhe parecer de que é maior do que realmente é, revelando sentir-se diminuída perante essa figura, sentimento que derivará da inveja do pénis e revelando ao mesmo tempo carências afectivas, ao tentar chegar à figura paterna.
Estes foram, portanto, mais alguns exemplos das tendências sobrecompensatórias da mulher, derivadas da inveja do pénis.
Bibliografia
Houzel, D., Emmanuelli, M. & Moggio, F. ( Coord. ) ( 2004 ). Dicionário de Psicopatologia da Criança e do Adolescente. Climepsi Editores
Resende, S. ( 2012 ). Angústia depressiva como enquadramento borderline da personalidade histérica em www.psicologado.com ( proposto a 12/2012 )
--------------- ( 2012 ). O sobrecompensatório na mulher em www.psicologado.com ( proposto a 12/2012 )
Baseando-me no meu artigo O sobrecompensatório na mulher ( Resende, 2012 ), faço um complemento a um dos exemplos das características sobrecompensatórias da mulher, no caso, a fantasia em raparigas e mulheres de serem consideradas princesas.
O artigo referido dá vários exemplos das características sobrecompensatórias da mulher, tendo-se em conta que, para várias fases da vida da mulher, a inveja do pénis é o tema e base central na vida psicológica da mesma, levando às suas tendências sobrecompensatórias, reportando isto para as sociedades falocêntricas, particularmente as sociedades histéricas capitalistas matriarcais.
O exemplo a que se faz um complemento é o da fantasia de se considerar as raparigas e mulheres, particularmente nas sociedades capitalistas, enquanto princesas. No artigo referido é indicado que isso revelará o sentimento sobrecompensatório das mulheres enquanto não tendo contribuído para a sociedade, particularmente nas sociedades histéricas capitalistas. Avançando que não é habitual a atribuição da designação de príncipe, a rapazes ou homens, ter-se-à em conta o domínio das contribuições dos homens a nível artístico, científico e intelectual, ao nível histórico, revelando um sentimento único de reiniciar a história para as mulheres, considerando que as mesmas quererão equilibrar o desenvolvimento que as mesmas sentirão em relação aos homens. Tenha-se em conta a diferença entre as monarquias actuais, serem consideradas oficialmente num plano meramente simbólico, e as monarquias historicamente anteriores, numa consideração oficial com uma posição com poder efectivo.
Acrescente-se para o presente artigo, que a consideração das raparigas e mulheres enquanto princesas, também derivará do que é considerado “ sangue azul “ ou “ sangue real “, relacionado com a aristocracia, por na linha do artigo, a menstruação, em que a adolescente ou mulher perde sangue na mesma, implicará uma identidade em perda. Isto relacionado com aspectos depressivos, com o sinal depressivo da perda do pénis já efectuada, considerado como estando perdido, confirmado em fantasia pela menstruação.
Este sinal depressivo, associado a uma angústia depressiva, com a perda fantasiada do pénis, que será, precisamente, mais característico nas mulheres, ajudará a explicar porque a depressão, e os fenómenos depressivos, são mais característicos nas mulheres.
Continuando, essa perda fantasiada, na linha do artigo, nos remete para a sobrecompensação narcísica, precisamente, através de serem consideradas princesas, enquanto aristocratas, havendo o desejo das mesmas dessa consideração, com a sobrecompensação evidente pela identificação com a elite aristocrática, particularmente pela sua influência histórica. Haverá um desejo, pela maior intervenção histórica dos homens nas sociedades, particularmente europeias, de voltar atrás no tempo, por assim dizer, e desse modo fantasioso, na identificação referida, intervir activamente na sociedade, pressupondo-se que essa menor intervenção histórica por parte das mulheres terá tido uma diminuição consequente ao nível da auto-estima, ao nível da identificação de género, com menores referências identitárias, relativamente aos homens, que as terão tido em quantidade e qualidade. Isso vê-se pelo menor desejo fantasioso de os rapazes e homens se quererem identificar com a elite aristocrática, havendo bem menos sobrecompensações a esse nível.
Repare-se que nos vários exemplos referidos no artigo O sobrecompensatório na mulher, já mencionado, e neste artigo, baseados na sobrecompensação narcísica derivada da inveja do pénis, ao sentimento depressivo fantasiado de perda do pénis já efectuada, com sentimento de perda do amor do objecto, sentido como tendo castrado a mulher, estaremos a fazer referência a conceitos Adlerianos. Ou seja, a fazer referência a sentimentos de inferioridade derivados de sentimentos de inferioridade orgânica, que levará a sentimentos de superioridade, com sobrecompensação narcísica, sendo a noção de sobrecompensação central em Adler, levando ao chamado complexo de superioridade ( Akoun et al., 1979 ), que se liga bem ao avançado neste artigo, da identificação com princesas, com a elite aristocrática.
Bibliografia
Akoun et al. ( 1979 ). Os 10 grandes do inconsciente ( tradução portuguesa ). Verbo ( Original francês de 1978 )
Resende, S. ( 2012 ). O sobrecompensatório na mulher em www.psicologado.com ( proposto a 12/2012 )
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