Identidade de percepção e Identidade de pensamento
Neste artigo, pretende-se relacionar identidade de percepção e identidade de pensamento no enquadramento societal capitalista e comunista, relacionando-se também essas identidades ao nível da percepção extra-sensorial e psicocinese.
Assim, Laplanche & Pontalis ( 1990 ), ao caracterizarem identidade de percepção e identidade de pensamento, nos dizem que a primeira surge da tendência do processo primário e que a segunda surge da tendência do processo secundário, em que considera-se que o processo primário visa reencontrar uma percepção idêntica à imagem do objecto resultante da vivência da satisfação e que no processo secundário a identidade procurada é a dos pensamentos entre si. Em termos económicos, o processo primário caracteriza-se pela descarga imediata e o processo secundário pela inibição, adiamento da satisfação e desvio, mas ao nível da identidade de percepção, temos equivalências estabelecidas entre representações, em que procurando a vivência da satisfação, liga uma descarga eminentemente satisfatória à representação de um objecto electivo. Assim, o indivíduo vai daí em diante repetir a percepção que está ligada à satisfação da necessidade. Considera-se, para mais, que a identidade de pensamento constitui uma modificação da identidade de percepção, não se deixando regular exclusivamente pelo princípio do prazer, em que fazendo a ligação entre representações não se deixa iludir pela intensidade delas, sem tanta necessidade de satisfação imediata. Temos, então, que esta modificação constituirá a emanação daquilo a que a lógica chama princípio de identidade.
Ao nível societal capitalista, temos acentuação da Máscara, esta enquanto arquétipo de adaptação externa, sobrecompensatoriamente, com enfoque excessivo do aspecto externo, com características histéricas de sedução, de tentar agradar, particularmente através da imagem do próprio perante os outros, com maior caracterização ao nível da identidade de percepção, com o exemplo cultural de filmes e reality-shows estado-unidenses, com capitalismo acentuado, a indicarem que tudo é percepção, o que interessa é a imagem transmitida aos outros. Para mais, temos, no capitalismo, a importância da satisfação, gratificação, imediata, muito ao nível do processo primário e do princípio do prazer.
Já no comunismo, por contraponto ao capitalismo, temos acentuação da Sombra, com eventual enfoque sobrecompensatório excessivo do aspecto interno, mais obsessivo, não importando tanto a imagem transmitida aos outros, com a caracterização ao nível da identidade de pensamento, com o exemplo específico do epíteto atribuído aos Partidos Comunistas, particularmente pela sua coerência, de partido de pensamento único, em que temos, pois, a identidade dos pensamentos entre si, podendo isso ser generalizado aos indivíduos comunistas, reconhecidamente politizados, e como se faz a análise política de, em geral, o eleitorado comunista ser relativamente fixo, pelo menos não tão variante como em relação a outros partidos.
Considerando nós que a identidade de pensamento é mais evoluída psicologicamente do que a identidade de percepção, em particular, considerando o processo secundário mais evoluído do que o processo primário e o princípio de realidade correspondente mais evoluído do que o princípio do prazer, dir-se-á que o comunismo é psicologicamente mais evoluído do que o capitalismo. Laplanche & Pontalis ( 1990 ) nos dizem, efectivamente, que “ A oposição entre processo primário e processo secundário é correlativa da oposição entre princípio do prazer e princípio de realidade. “ ( p. 316 ), em que este último princípio, ao contrário do primeiro, tem em conta as condições impostas pelo mundo exterior, não se funcionando, portanto, tão egocentricamente, tão ao nível do auto-narcisismo e da omnipotência mais precoce, anterior no desenvolvimento psíquico, com a correspondente necessidade de satisfação imediata.
Continuando, tendo em conta que há acentuação da Sombra no comunismo, dir-se-á que o comunista lidará excessivamente com medos desconhecidos e com aquilo que o indivíduo não aceita em si próprio, particularmente através do juízo de condenação, adiando a gratificação, mais próprio do obsessivo, em que se pode dizer que para o equilíbrio dialéctico Máscara-Sombra, no sentido Junguiano, o indivíduo deverá Mascarar, por assim dizer, a sua personalidade, com mais gratificações imediatas e mais acentuação da imagem transmitida aos outros, com acentuação do aspecto externo, e da identidade de percepção, e com técnicas mais histéricas, como o recalcamento, recalcando mais pensamentos e emoções desagradáveis ao próprio.
Por outro lado, e também para aquele equilíbrio Máscara-Sombra, o capitalista, com acentuação da Máscara e do aspecto externo, lidará excessivamente com aquilo que é percepcionado, com a percepção, com excessiva influência de estímulos externos, podendo nós invocar o dito por D. Anzieu [ Houzel, Emmanuelli & Moggio ( Coord. ) ( 2004 ) ], no contexto do ego-pele e envelopes psíquicos, acerca de na patologia histérica haver dificuldades ao nível do escudo para-excitações, estando, pois, o indivíduo mais dependente da influência de estímulos externos, em que o capitalista, portanto, deverá Sombrear a sua personalidade, por assim dizer, não recalcando histericamente tudo o que lhe é desagradável, lidando mais com o pensamento sobre medos desconhecidos e sobre o que não aceita em si próprio, com técnicas mais obsessivas, como o juízo de condenação, adiando a gratificação, mentalizando mais a sua personalidade, com acentuação do aspecto interno e da identidade de pensamento.
Aquela maior dependência de estímulos externos do histérico capitalista, considerando as sociedades histéricas capitalistas matriarcais, no âmbito do capitalismo global contemporâneo, faz, em termos evolutivos, aproximar mais o histérico do que o obsessivo, este mais ligado ao comunismo, da referência acentuadíssima de outros animais relativamente à dependência em relação aos sentidos e aos estímulos externos. Isto, em conjunto com a violência social e humana da exploração capitalista, fará melhor enquadrar a famosa expressão do Capitalismo Selvagem. Temos, também neste sentido, a identidade de percepção menos evoluída do que a identidade de pensamento, com o comunismo psicologicamente mais evoluído do que o capitalismo e outros sistemas mais reaccionários, reactivos excessivamente aos estímulos externos, com dependência deles, como o fascismo, extremo do capitalismo, ou o socialismo reacionário, com políticas de direita, que, como o Manifesto Comunista ( Marx & Engels, 1998 ) nos diz, promove a permanência dos habituais políticos e dirigentes de linha conservadora e de tendência burguesa. Em particular, no expansionismo espacial militarista fascista, teremos um enquadramento das características já apresentadas, com um acting out, com a passagem ao acto mais imediata, menos mentalizado, com relação mais directa entre estímulos externos e reacção comportamental, resposta comportamental.
Num outro assunto, e considerando a diferença evolutiva entre identidade de percepção e identidade de pensamento, já referida, considere-se a temática da percepção extra-sensorial. Tenha-se em conta o fenómeno relativamente conhecido de, no que diz respeito aos cinco sentidos, quando um deles é diminuído mais ou menos significativamente, há um acréscimo de qualidade nos outros, como, por exemplo, quando um indivíduo cega, haver um acréscimo de qualidade auditiva. Transpondo isto para a relação entre percepção extra-sensorial e identidade de percepção e identidade de pensamento, acentuando-se, sobremaneira, o aspecto extra-sensorial, ou fora dos sentidos, teremos que para indivíduos caracterizando-se mais pela identidade de pensamento haverá uma diminuição da importância da identidade de percepção, sensorial, neste caso. Intui-se que haverá uma acentuação da percepção extra-sensorial ao nível da identidade de pensamento, em que teríamos uma evolução progressiva da importância da percepção para uma mentalização ao nível do pensamento, em que temos na percepção extra-sensorial uma fase pós-identidade de percepção, em que ciclicamente haverá correspondentes perceptivos para correspondentes de pensamento, no enquadramento da identidade de pensamento, considerando-se, como já se disse, que a identidade de pensamento consitui uma modificação da identidade de percepção.
Teríamos que a visualização remota, relacionando-se mais com visualização à distância, estaria no início evolutivo da percepção extra-sensorial, seguindo-se depois a psicocinese, ou capacidade de mover objectos à distância, estando mais relacionada com a psicomotricidade, embora a psicocinese não seja considerada estritamente como percepção extra-sensorial, por constituir uma manifestação objectiva do psiquismo, como podemos ler em Hemmert & Roudene, Correia ( Coord. ) ( ? ), em que a percepção extra-sensorial seria uma manifestação subjectiva desse psiquismo, em que teríamos uma evolução, ao nível da evolução dos humanos aquando do bebé, da importância dos olhos, para a psicomotricidade, em que já teríamos relações entre esquemas sensório-motores. Sequenciadamente, teríamos depois a telepatia, ou capacidade de transmitir e/ou receber pensamentos à distância, em que estaríamos mais ao nível de esquemas formais e/ou pós-formais do pensamento, estando, pois, essa telepatia mais enquadrada e mais identificada com a identidade de pensamento, com a identidade dos pensamentos entre si.
Pelo dito, e na sequência do psiquismo humano, da estrutura psicótica até à estrutura neurótica, passando pela organização borderline, teríamos que a visualização remota, pela importância perceptiva visual, se associaria à estrutura psicótica, a psicocinese, pela importância de relacionamentos sensório-motores, em que podemos enquadrar o catar sexual feminino, ou o sentimento de estar a sugar sexualmente outra mulher, nos relacionamentos sociais tipicamente sexualizados entre mulheres, tendo nós, ainda, neste contexto, o contributo de Jacques Lacan ( 1996 ), que associa este catar à psicomotricidade, em que teríamos o catar sexual feminino enquanto psicocinese ainda com alguma ligação à identidade de percepção, pela procura do reencontrar da percepção idêntica à imagem do objecto resultante da vivência da satisfação, a psicocinese, dizia eu, se associaria à organização borderline histérica, com a histeria mais tipicamente feminina, enquanto que a telepatia, pela importância dos pensamentos e da identidade dos pensamentos entre si, se associaria à estrutura neurótica obsessiva.
Intui-se, neste contexto, que o telepata, com características psicológicas mais evoluídas, terá a capacidade, particularmente em potência, de desenvolver o fenómeno psicocinético, e o fenómeno visual remoto, anteriores, portanto, este último eventualmente de forma inconsciente, como, por exemplo, ao nível do inconsciente colectivo, funcionando, eventualmente, ao nível do automatismo, por ser anterior em evolução. Também podemos supor que, inversamente, o visualizador remoto poderá ser treinável, digamos assim, para executar o fenómeno psicocinético e o telepático, e o psicocinético o telepático, mas será particularmente difícil, já que se associam a organizações psíquicas menos evoluídas, podendo não ter a capacidade psíquica para executar fenómenos psíquicos mais evoluídos, particularmente como eu os descrevi. Mas esse treinamento estaria ao nível do trabalhar dos esquemas sensório-motores e dos esquemas formais e/ou pós-formais do pensamento.
Nestas associações feitas, em particular, entre psicocinese e telepatia, é de referir que em Hemmert & Roudene, Correia ( Coord. ) ( ? ) se indica que Émile Boirac, em 1911, baseado em experiências feitas por ele, liga a telepatia e a teledinâmica ( telecinese ), onde a psicocinese está incluída, no sentido de efeitos objectivamente detectáveis.
Relativamente à visualização remota, Davis ( 2004 ) nos diz que houve um programa de visualização remota, desenvolvido pelos Estados Unidos, e patrocinado por entidades governamentais, que terá decorrido entre a década de 1970 e de 1990, avançando que a visualização remota envolve precognição e clarividência.
Quanto à psicocinese, Davis ( 2004 ) ainda nos diz que a mesma é essencialmente a influência directa da mente sobre a matéria sem qualquer instrumentação ou energia física intermediária conhecida, avançando que a teleportação psíquica é uma forma de psicocinese, realçando as asserções de Uri Geller ( 1975 ) e de Ray Stanford ( 1974 ) acerca de terem sido teleportados em várias ocasiões, e ainda as investigações científicas de Vallee ( 1988, 1990, 1997 ) acerca de um pequeno número de relatórios credíveis de indivíduos que relataram terem sido teleportados para/e de OVNIs. Eric Davis ainda destaca experiências laboratoriais, rigorosamente controladas e repetíveis, realizadas na China, referindo-se a Shuhuang et al. ( 1981 ), que relata que crianças dotadas causaram a aparente teleportação de pequenos objectos, de um local para outro, sem os tocar de antemão, e a Kongzhui et al. ( 1990 ), Jinggen et al. ( 1990 ) e Banghui ( 1990 ), em que utilizando crianças e jovens adultos dotados, com capacidade psicocinética, verificou-se a teleportação nos vários casos e que os especímenes utilizados ficavam completamente inalterados relativamente ao estado inicial, após a teleportação. Há ainda o realce, por parte de Davis ( 2004 ), de relatórios governamentais sobre pesquisa parapsicológica da União Soviética, e dos seus aliados do Pacto de Varsóvia, dando as referências bibliográficas de LaMothe ( 1972 ), Maire & LaMothe ( 1975 ) e Relatório DIA ( 1978 ). Assim, os soviéticos, considerando a psicotrónica como envolvendo fenómenos psíquicos como psicocinese, telecinese, percepção extra-sensorial, projecção astral, clarividência, precognição, etc., identificaram dentro dessa psicotrónica duas capacidades discretas: bioenergética, relacionada com a produção de efeitos objectivamente detectáveis, como psicocinese, telecinese, efeitos de levitação, transformação de energia, ou seja, alterando ou afectando a matéria, e bioinformação, relacionada com o obter de informação por outros meios que não os canais sensoriais normais ( P. E.-S. ), como telepatia, precognição e clarividência, isto é, usando a mente para abordar os pensamentos dos outros ou para adquirir informação presente ou futura sobre eventos objectivos no mundo.
Ainda quanto à psicocinese, e no livro de Hemmert & Roudene, Correia ( Coord. ) ( ? ), é indicado que Charles Richet, partindo do estudo de médiuns, distinguiu duas categorias de sujeitos: os médiuns de efeitos físicos e os médiuns de efeitos psíquicos. Os primeiros produzem teledinamismos ( ou deslocamentos de objectos à distância e sem contacto ), vozes, odores, materializações. Os segundos são dotados de criptestesia, ou seja, da faculdade de perceber o que é irreconhecível pelos sentidos, sendo capaz de uma lucidez anormal. Indica-se, para mais, que sendo os médiuns de efeitos psíquicos muito comuns, os médiuns de efeitos físicos parecem ser raros, podendo nós aqui contrapor, como já indicado, na associação entre psicocinese e catar sexual feminino, que o comportamento sexual feminino, em geral, numa espécie de psique colectiva feminina, indica-nos que os fenómenos de efeitos físicos à distância são relativamente prevalentes.
Tendo em conta esta prevalência do catar sexual feminino, na sua associação com a psicocinese, ou enquanto psicocinese, é de considerar o já dito, quanto à sequenciação do psiquismo humano, da visualização remota à telepatia, passando pela psicocinese, para se perspectivar, como já foi dito em relação aos sentidos, que diminuindo a psicocinese, ou a tendência para a mesma, aumentar-se-á a tendência para a telepatia, para o fenómeno telepático, em que nessa diminuição considera-se o trabalhar da diminuição da dependência psicocinética sexual, associada às características fisionómicas próprias da mulher, envolvida no catar sexual feminino. Deste modo, considere-se a inveja do clitóris, como caracterizando o catar sexual feminino, e enquanto estando na base de poder criativo, diferenciadamente para homens e mulheres. Esta base pode ver-se, por exemplo, em Aspectos criativos e evolutivos da inveja do clitóris ( Resende, 2010 ), em Influência da inveja do clitóris na sistematização política por género ( Resende, 2010 ), em Exemplos específicos das características subcompensatórias do homem derivadas da inveja do clitóris ( Resende, 2010 ) ou em Inveja do clitóris e criatividade ( Resende, 2014 ).
Deste último artigo, considere-se a noção psicológica do objecto transicional no fundamento da criatividade, com um tempo de ilusão e um tempo de desilusão. Temos que a vivência imaginada no feto e a identificação do sujeito com esta, está na linha do espaço de ilusão, da vivência de ilusão, numa relação fusional, e a identificação com o pai, que implica a frustração da saída da relação omnipotente, no útero, na relação fusional, na diferença relacional relativamente à mãe e ao feto, enquanto próprio, está na linha da desilusão, em que o espaço transicional que terá sido o útero começa a ser desinvestido e começa a haver trabalho imaginativo e criativo, em que a mãe, e a mulher, em geral, nas identificações secundárias, continuam a ser fonte de inspiração, com o útero feminino enquanto espaço de ilusão e, precisamente, pela triangulação edipiana ocorrida, em que a mãe é vista enquanto ser separado e distinto, e o próprio imaginariamente no útero da mãe também é visto enquanto separado, e em que na identificação com o pai, e outros homens, nas identificações secundárias, ocorre uma desenfetização e uma desuterização. Ora, ocorre a inveja do clitóris por o clitóris, pela associação com o útero feminino enquanto espaço transicional, ser sinal de fonte criativa, ser sinal do início do processo criativo, e ocorre um sentimento de superioridade no homem, que caracteriza a inveja do clitóris no homem, pela mais fácil identificação, na triangulação edipiana, enquanto género, com o pai, figura paterna, e outros homens, permitindo a continuação e conclusão do mesmo processo criativo. Na mulher deverá haver diminuição da inveja do clitóris, esta, particularmente, pela excitação sexual imaginada noutra mulher através do clitóris da mesma, diminuindo-se a diluição do poder criativo, com a escolha de uma ou poucas figuras de eleição, havendo posteriormente a identificação com o pai ou figura paterna, para também na triangulação edipiana haver a continuação e conclusão do processo criativo. Do mesmo modo, para a mulher, o clitóris será sinal de fonte criativa, sendo, contudo, mais difícil para a mesma sair do início do processo criativo, quer pela diluição do poder criativo nos comportamentos histéricos particularmente sexualizados nas relações sociais entre mulheres quer por a identificação posterior com o pai ou figura paterna ser mais difícil, na triangulação edipiana, por em termos de género ser mais difícil a passagem de objecto de amor materno para objecto de amor paterno, porquanto no homem o objecto de amor permanece em geral o mesmo, o materno.
No contexto da diminuição do catar sexual feminino enquanto psicocinese, está também o proposto por mim, particularmente no artigo da Influência da inveja do clitóris acima mencionado, de que para que a mulher sinta verdadeiro poder criador e criativo, deverá dessexualizar os relacionamentos, invertendo a histeria relacional, através da concentração da inveja do clitóris. Para além da inveja do pénis, que habitualmente se associa como caracterizando a mulher, temos que a inveja do clitóris também caracteriza os sistemas de relacionamento típicos do histerismo, considerando a histeria mais típica da mulher. É que baseando o sistema histérico de relacionamento está a inveja que cada mulher sentirá da excitação sexual que o clitóris, de outra mulher, proporciona a essa mulher, nos relacionamentos sociais particularmente sexualizados com outras mulheres. O facto de cada mulher caracterizar-se pelas duas invejas referidas terá importante sentido evolutivo, sendo que cada uma das invejas se constituirá como facilitadora psíquica da maternidade, da mulher ter cada bebé dentro de si, macho ou fêmea. Quanto ao poder criador e criativo da inveja do clitóris na mulher, dir-se-á que este poder diminui quanto mais se dilui esta inveja nos relacionamentos histéricos típicos na mulher, particularmente sexualizados. Sendo assim, será também na utilização deste poder criativo da dessexualização dos relacionamentos histéricos femininos, com a concentração da inveja do clitóris, que se diminuirá o catar sexual feminino enquanto psicocinese e se acentuará a tendência para a telepatia na mulher.
Se considerarmos agora o comportamento sexual feminino enquadrado numa espécie de psique colectiva feminina, que podemos designar por psica, será de realçar o fenómeno da religião, em particular a Santa Trindade cristã, ou o Pai, Filho e o Espírito Santo, num contexto matriarcal histérico capitalista, particularmente no capitalismo global contemporâneo. É que uma das bases do capitalismo é a divinização do dinheiro, com a sacralização matriarcal da sexualidade feminina, que será uma das vertentes mais influentes daquele capitalismo. A sacralização da sexualidade feminina será, em particular, na psica já designada, associada ao Espírito Santo, já que Pai e Filho serão masculinos, em que Espírito Santo será uma maneira influente de unir as pessoas, que se associa, neste contexto, aos eflúvios odoríficos femininos tipicamente exalados pela mulher, aspecto muito importante nas relações sociais entre as pessoas, particularmente no contexto histérico matriarcal capitalista. Assim, no contexto, para se diminuir o catar sexual feminino enquanto psicocinese e acentuar o fenómeno telepático, dever-se-á também diminuir a influência da religião nas sociedades, desmistificando e dessacralizando a sexualidade feminina, diminuindo, de alguma maneira, a psica, e acentuando o psico, ou psique colectiva masculina.
Quanto à plausibilidade da existência do fenómeno da telepatia, temos de base os trabalhos de J. B. Rhine [ Hemmert & Roudene, Correia ( Coord. ) ( ? ) ], que começa por submeter a percepção extra-sensorial a critérios quantitativos, em que, procurando um método de investigação muito rigoroso, escolhe as cartas Zener e o método Fischer. Os resultados são positivos: a transmissão do pensamento ultrapassa as coincidências possíveis. Entre os cientistas que continuaram a obra de Rhine está o inglês W. Carington, cujas experiências deixaram supor que existe nos seres humanos um fundo comum de subconsciência, o que equivale ao subconsciente colectivo de Jung. Carington imagina “ psychons “, espécie de partículas psíquicas que atravessam o tempo e o espaço. Também o francês René Warcollier abordou o assunto, tendo verificado que o acaso foi matematicamente ultrapassado. É de dizer que os meios oficiais começaram a se interessar pelo assunto, sobretudo nos Estados Unidos e na União Soviética. No primeiro caso, refiram-se duas experiências, que foram, em grande parte, bem sucedidas. A primeira, realizada em 1959, tinha por finalidade uma tentativa de transmissão de pensamento entre dois homens, um dos quais se encontrava a bordo do submarino atómico Nautilus, em imersão sob os gelos polares, e o outro localizado no Pentágono, em Washington. Quanto à segunda, desenrola-se em 1971, entre a cápsula Apolo XIV, em viagem para a Lua, e a cidade de Chicago. No caso dos soviéticos, destaca-se Leonid Vassiliev, muito conhecido pelas investigações sobre o fenómeno de “ sugestão à distância “, que parece ser da mesma natureza que a telepatia, pois ambas supõem a existência de “ ondas “ cerebrais. Estas indicações são do mesmo livro, já referido, de Hemmert & Roudene, Correia ( Coord. ) ( ? ).
Também daqui se precisa que a faculdade telepática parece ser apanágio de um pequeno número de indivíduos, em grupos de dois, formando, de certa maneira, pares complementares, constituídos por um indutor ( o que emite o pensamento ) e por um percepiente ( aquele que o capta ), e ainda que a mesma faculdade parece permitir uma transmissão instantânea do pensamento. Para mais, quanto às associações subconscientes na telepatia, M. Tyrrell precisa que é necessário um certo estado de sonho, uma ligeira abdicação do estado normal da consciência. Da mesma fonte, e relacionando estes fenómenos com o psiquismo, temos Paul Chauchard, que nos indica que há, em primeiro lugar, o infraconsciente, domínio dos maquinismos íntimos da actividade motriz, que podíamos relacionar com a psicocinese e com o catar sexual feminino já referido, e a menos menos elementar, já no plano do consciente, o paraconsciente, que compreende toda a actividade que originariamente era consciente, mas que se tornou automática com o hábito, que podíamos relacionar com a inconsciencialização do fenómeno visual remoto do telepata, já referida, e proposta por mim. Segundo Chauchard, a consciência propriamente dita apenas engloba o que é “actualizado “ das recordações acumuladas fora da consciência e que podem, em determinadas circunstâncias, ressurgir para dar origem a pensamentos e actos inexplicáveis. Se essas recordações forem “ interditas “ à consciência devido à sua carga afectiva ou ao seu significado doloroso, tornar-se-ão origem de neuroses. Mais profundas no psiquismo, estão as mais antigas recordações, as que remontam à vida infantil e até mesmo à vida pré-natal, ao momento em que o organismo estava nos primeiros estádios da sua formação, em que este inconsciente, segundo Chauchard, reproduz-se no nosso pensamento, de tal maneira que as nossas imaginações, intuições, vêm de um trabalho psicológico inconsciente, e é este trabalho que nos aparece no sonho. No mesmo livro, é indicado que para além do infraconsciente e paraconsciente se juntará o transconsciente, a que alguns chamam superconsciente, que será fonte de êxtase e de união mística com a divindade, como de poderes, em que temos no psiquismo humano, então, os níveis inconsciente, consciente e superconsciente, sendo indicado que interessa para os fenómenos paranormais o inconsciente e o superconsciente.
Finalizando, foram estas, pois, as considerações identitárias ao nível da percepção e do pensamento, no enquadramento societal capitalista e comunista, como também ao nível da percepção extra-sensorial e psicocinese.
Bibliografia
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Hemmert, D. & Roudene, A., Correia, M. ( Coord. ) ( ? ). O espírito humano – 1 in Grandes Enigmas do Homem. Amigos do Livro, Editores, Lda.
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Marx, K. & Engels, F. ( 1998 ). The Communist Manifesto. Signet Classic ( Publicação original, 1848 )
Resende, S. ( 2010 ). Aspectos criativos e evolutivos da inveja do clitóris em www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 17/11/2010
--------------- ( 2010 ). Influência da inveja do clitóris na sistematização política por género em www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 25/11/2010
--------------- ( 2010 ). Exemplos específicos das características subcompensatórias do homem derivadas da inveja do clitóris em www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 28/11/2010
--------------- ( 2014 ). Inveja do clitóris e criatividade em www.psicologado.com ( proposto a 01/2014 )
Psitrões enquanto base dos psemes e os “ psychons “ do pensamento
Consideram-se, neste artigo, alguns artigos meus, a saber, Psemes: para além dos genes e dos memes ( Resende, 2010 ), Psemes: Evolução por Selecção Psicológica ( Resende, 2010 ), Evolução por Selecção Psicológica Lamarckiana ( Resende, 2010 ), Psitrões enquanto base dos psemes e suas relações com a histeria e a obsessão ( Resende, 2010 ), Influência da transmissão psemética por género e por tipo de personalidade ( Resende, 2010 ), A telepatia e suas relações com os psitrões enquanto base dos psemes ( Resende, 2011 ), Características psitrónicas dos inconscientes colectivo e pessoal: a autotelepatia ( Resende, 2011 ), Distinção entre heterotelepatia e autotelepatia ( Resende, 2011 ) e Psemes: fundamentos perinatais e transpessoais ( Resende, 2012 ), para depois se fazer uma referência bibliográfica relativa aos psitrões enquanto base dos psemes, com os “ psychons “ do pensamento a assemelharem-se a esses psitrões.
Assim, de base, deve ter-se a noção dos psemes enquanto unidades de evolução psicológica, enquanto unidades psicológicas de transmissão intergeracional. Os psemes serão pensamentos inconscientes que são constituídos enquanto complexos, ou conjunto de complexos, inconscientes, complexos estes enquanto conjunto de disposições psicológicas, psicológica e significativamente relacionadas. Os psemes terão características Lamarckianas, no sentido de os complexos inconscientes poderem ser modificados durante a vida do indivíduo, com as modificações a serem transmitidas às gerações seguintes. Já os psitrões perspectivam-se enquanto partículas psicológicas que subjazem os psemes, da mesma maneira que o inconsciente, ego e consciente se constituirão enquanto instâncias psíquicas. Relacionando os psitrões com a histeria e a obsessão, dir-se-à que a histeria é caracterizada por psitrões curtos e que a obsessão é caracterizada por psitrões longos. Isto porque a tendência para a satisfação imediata do histérico tem por base psitrões que estariam associados à memória curta, daí o recalcamento histérico, e à inibição dos receptores psitrónicos associados à memória a longo prazo, enquanto que a tendência para o adiamento da satisfação, característica da obsessão, e relacionada com o juízo de condenação, teria por base psitrões que estariam associados à memória a médio e a longo prazo, e à inibição dos receptores psitrónicos associados à memória a curto prazo. Tem-se, pois, a histeria com psitrões curtos e a obsessão com psitrões longos.
Relativamente à influência da transmissão psemética, ter-se-à que com pai e mãe histéricos, o filho tenderá a se caracterizar por psitrões curtos, enquanto que com pai e mãe obsessivos, o filho tenderá a se caracterizar por psitrões longos. Haverá, portanto, respectivamente, dominância de psitrões curtos e de psitrões longos. Já com mãe histérica e pai obsessivo, o filho tenderá a se caracterizar por psitrões longos, havendo dominância psemética de obsessão sobre a histeria, considerando-se, neste sentido, a importância e influência da presença da figura paterna na continuidade psicológica do indivíduo, e a característica psitrónica de os psitrões longos se caracterizarem psemeticamente por um maior alcance, talvez por razões filogenéticas. Quanto a uma mãe obsessiva e a um pai histérico, e considerando o inter-relacionamento dos factores em jogo, ter-se-à uma co-dominância dos psitrões curtos e longos, tendo em conta, sobremaneira, as diferenças, para o desenvolvimento do filho, da presença da figura materna e da presença da figura paterna. Neste último enquadramento de histeria e obsessão, perspective-se que, embora a mãe se caracterize por psitrões longos, e portanto, com uma transmissão psemética de maior alcance, o facto de um pai, tendo em conta a importância psicológica da presença da figura paterna, particularmente pela triangulação edipiana, se caracterizar por psitrões curtos, levará a que, posteriormente, se entre em co-dominância.
Quanto à telepatia, dir-se-à que o telepata obsessivo se caracterizará por características telepáticas de maior alcance, o que se enquadrará por uma maior distância e provavelmente maior intensidade, do que o telepata histérico, que terá características telepáticas de menor alcance, portanto de menor distância e intensidade. Isto, considerando que no telepata obsessivo predominarão psitrões longos e que no telepata histérico predominarão psitrões curtos. Considerando agora meios como televisão, cinema, rádio, videoconferência ou, por exemplo, videochamada num programa de mensagem instantânea na Internet, podemos caracterizá-los como aproximando, tornando mais curtas as distâncias, mas com a característica presente de representar algo a uma maior distância do que evidencia. Assim, na utilização de telepatia através destes meios, o telepata obsessivo vê encurtado o seu alcance enquanto que o telepata histérico vê esse alcance ser aumentado, em que dir-se-à que o obsessivo é atrofiado com estes meios enquanto que o histérico é potenciado. Deste modo, a telepatia histérica será mais materialista e a telepatia obsessiva mais idealista, o que é coerente, por exemplo, com o materialismo capitalista das sociedades histéricas matriarcais capitalistas, considerando a histeria mais tipicamente feminina. Resumidamente, tem-se que com materiais de contacto, de aproximação, o telepata histérico, com seus psitrões curtos, funciona melhor, e que sem esses materiais, estritamente de ser para ser, será o telepata obsessivo, com seus psitrões longos, a funcionar melhor. No caso dos histéricos, tenha-se em conta a típica superficialidade dos relacionamentos e como isso se conjuga com os característicos psitrões, precisamente curtos, enquanto que nos obsessivos a maior intensidade típica das vinculações conjuga-se bem com as características telepáticas já indicadas de maior intensidade.
Voltando às questões filogenéticas e ao maior alcance psemético dos psitrões longos no obsessivo, tipicamente masculino, dir-se-à que o inconsciente colectivo, que se constituirá enquanto vestígios de experiências passadas da Humanidade, particularmente pelas questões associadas à memória a longo prazo, caracterizar-se-à por uma espécie de autotelepatia, em que cada indivíduo contribuirá para a memória colectiva através destes movimentos autotelepáticos. Ao nível desta memória longa, teríamos questões como a reflexão sobre o passado e o planeamento do futuro, que se caracterizariam por movimentos psíquicos, ou mais precisamente, psitrónicos autotelepáticos, para o passado e para o futuro. Estes movimentos autotelepáticos, para o passado e para o futuro, explicarão, em boa medida, os fenómenos das premonições e dos déjà vu. Assim, temos que no caso das premonições, os movimentos autotelepáticos irão do futuro para o passado, do momento X1 para o momento X0, ou presente, enquanto que nos déjà vu, os movimentos autotelepáticos irão para o passado e para o futuro, do momento X2 para o momento X0 relativamente ao momento X1, de forma a que quando se passa por X1, sente-se que já aconteceu. Em termos de arquétipos, esta autotelepatia também poderá explicar porque é que os arquétipos, por exemplo, de Herói ou de Mãe, sejam mais fortes nuns indivíduos do que em outros. Considerando-se, como Jung, os arquétipos enquanto propensões psíquicas, tendências probabilísticas, os movimentos autotelepáticos funcionarão como actualizadores das tendências, em que uma determinada propensão é mais privilegiada do que outra. Da mesma maneira, mas mais ao nível de uma memória média, se pode caracterizar o inconsciente pessoal. Temos, então, a transmissão autotelepática intergeracional e intraindividual do inconsciente colectivo e a transmissão autotelepática intraindividual do inconsciente pessoal. Dir-se-à ainda que as descrições autotelpáticas são reminiscentes de quando se fala de experiências de vidas passadas, que se podem alcançar, por exemplo, através de hipnose regressiva, em que se está a falar do fenómeno da reencarnação.
Distinguir-se-à a autotelepatia da telepatia de ser para ser, ou heterotelepatia.
Tendo em conta as minhas elaborações, quanto à telepatia, terem surgido numa aproximação à realidade última, a nível mental, poder-se-à dizer que na caracterização geral da telepatia, poderemos aproximar a heterotelepatia ao estado holotrópico, tal como considerado por Stanislav Grof, que nos diz que o estado holotrópico é um estado alterado de consciência que se caracteriza por ir na direcção da totalidade. Surgindo esta noção no âmbito da Psicologia Transpessoal, outra noção desta área permitirá caracterizar melhor esta heterotelepatia, que são os campos alargados de consciência. Introduzo, de seguida, a noção da autotelepatia como se caracterizando por campos alargados de inconsciência. Temos, então, a heterotelepatia enquanto relacionada com a consciência e a autotelepatia enquanto relacionada com a inconsciência. Voltando aos psemes, constituindo-se eles enquanto complexos inconscientes, os mesmos transmitem-se interindividualmente, quer pela sua apreensão inconsciente como também, por exemplo, por comportamentos e verbalizações. No contexto, os psemes fundeiam o inconsciente, particularmente o inconsciente colectivo e o inconsciente pessoal, e influenciam o consciente, particularmente pela consciencialização dos fenómenos inconscientes, e lapsos inconscientes, que irá permitir, por exemplo, os campos alargados de consciência, onde se incluirá a heterotelepatia. Temos, pelo descrito, os psemes com características quer heterotelepáticas quer autotelepáticas.
Quanto aos fundamentos perinatais e transpessoais relacionando-se com os psemes, é crucial notar a associação de similitude que Stanislav Grof, um dos fundadores da Psicologia Transpessoal, faz, entre os seus COEX, ou sistemas de experiência condensada, e as ideias de Jung quanto aos complexos psicológicos. Para Grof, os sistemas COEX são encarados como princípios organizadores gerais da psique humana. Os COEX estão associados, para além dos dados biográficos pós-natais, a experiências peri-natais ( trauma do nascimento ) e transpessoais, particularmente, memórias colectivas do inconsciente colectivo, ao nível filogenético. Para Grof, o domínio perinatal da psique humana representa uma entrada importante para o inconsciente colectivo no sentido Junguiano. É que a identificação com a criança que enfrenta a provação de passagem pelo canal de parto parece dar acesso a experiências que envolvem pessoas de outras épocas e culturas. Para mais, este autor refere as interligações íntimas entre acontecimentos da nossa história biológica e os arquétipos Junguianos. Já as experiências transpessoais relacionam-se com experiências de vidas passadas, arquétipos Junguianos, identificação consciente com vários animais e outros e, mais em geral, com memórias ancestrais, raciais, colectivas e filogenéticas, experiências cármicas e com a dinâmica arquetípica. Denote-se, então, que os sistemas perinatais e transpessoais de Stanislav Grof relacionam-se com os psemes e, coerentemente, fundamentam a ideia de transmissão dos psemes de geração em geração, ao longo das gerações, como também quanto ao facto de os psemes constituirem-se enquanto objecto de evolução psicológica humana.
Agora, indo de encontro aos “ psychons “ do pensamento, temos J. B. Rhine [ ( Hemmert & Roudene, Correia, M. ( Coord. ), ? ], que começa por submeter os trabalhos sobre a Percepção Extra-Sensorial a critérios quantitativos. Procura um método de investigação muito rigoroso, escolhendo as cartas Zener e o método Fischer. Os resultados são positivos: a transmissão do pensamento ultrapassa as coincidências possíveis. Entre os cientistas que continuaram a obra de Rhine está o inglês W. Carington, cujas experiências deixaram supor que existe nos seres humanos um fundo comum de subconsciência, o que equivale ao subconsciente colectivo de Jung. Carington imagina “ psychons “, espécie de partículas psíquicas que atravessam o tempo e o espaço, comparáveis aos iões e protões que nos chegam dos astros.
Podemos, então, comparar os “ psychons “ e os psitrões, quer por se constituirem enquanto partículas psíquicas quer por as mesmas atravessarem espaço e tempo, no fenómeno telepático, em que estando ambas relacionadas com o inconsciente colectivo e com os campos alargados de consciência e de inconsciência, poderemos supor que a autotelepatia estará mais relacionada com o tempo e que a heterotelepatia, ou telepatia de ser para ser, estará mais relacionada com o espaço, em que temos, de alguma maneira, consciência mais associada ao espaço e inconsciência mais associada ao tempo.
Bibliografia
Hemmert, D. & Roudene, A., Correia, M. ( Coord. ) ( ? ). O espírito humano – 1 in Grandes Enigmas Do Homem. Amigos do Livro, Editores, Lda.
Resende, S. ( 2010 ). Psemes: para além dos genes e dos memes em www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 27/05/2010
--------------- ( 2010 ). Psemes: Evolução por Selecção Psicológica em www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 01/09/2010
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--------------- ( 2011 ). A telepatia e suas relações com os psitrões enquanto base dos psemes em www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 06/02/2011
--------------- ( 2011 ). Características psitrónicas dos inconscientes colectivo e pessoal: a autotelepatia em www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 14/02/2011
--------------- ( 2011 ). Distinção entre heterotelepatia e autotelepatia em www.psicologado.com ( proposto a 03/2011 )
--------------- ( 2012 ). Psemes: fundamentos perinatais e transpessoais em www.psicologado.com ( proposto a 03/2012 )
Esclarecendo inicialmente características da Teoria dos Jogos, passo aos conceitos de Princípio da Certeza e Teoria da Realidade, apontando no sentido da evolução psicológica da espécie humana.
A Teoria dos Jogos realmente desenvolveu-se após a publicação de The Theory of Games and Economic Behavior, de Oskar Morgenstern e John von Neumann, em 1944 [ ver referência da 2ª edição, Morgenstern & von Neumann ( 1947 ) ]. Esse livro considerava jogos cooperativos de diversos jogadores. Sendo inicialmente uma ferramenta para compreender o comportamento económico, a Teoria dos Jogos teve influências em estratégias nucleares, como em diversos campos académicos como ciências políticas, ciências militares, ética, filosofia, jornalismo, ciências da computação ( inteligência artificial e cibernética ) ou como em psicologia. Duas definições possíveis da Teoria dos Jogos são: estudo de modelos matemáticos de conflito e cooperação entre decisores inteligentes e racionais; e ramo da matemática aplicada que estuda situações estratégicas onde jogadores escolhem diferentes acções na tentativa de melhorar o seu retorno. Tomando como um exemplo o Dilema do Prisioneiro, pode dizer-se que, em geral, a Teoria dos Jogos estuda as escolhas de comportamentos óptimos quando o custo e o benefício da cada opção não é fixo, mas depende, sobretudo, da escolha dos outros indivíduos. A 2ª edição de 1947 do livro já referido avança com uma teoria axiomática de utilidade expectável, permitindo matemáticos estatísticos e economistas tratar a tomada de decisão sob incerteza.
Referira-mo-nos agora ao Princípio da Incerteza de Heisenberg, com a influência que isso tem a nível psicológico, em que o mesmo indica que não se pode determinar ao mesmo tempo a velocidade e a localização de uma partícula.
Desenvolvamos agora o chamado Princípio da Certeza, em que há a certeza de não se poder determinar ao mesmo tempo a velocidade e a localização de uma partícula. Ou seja, quanto mais forte for o Princípio da Incerteza mais forte é o Princípio da Certeza.
Isso leva-nos, por contraponto à Teoria dos Jogos, em que as escolhas de comportamentos óptimos quando o custo e benefício de cada opção não é fixo, mas dependem das escolhas dos outros indivíduos, à Teoria da Realidade, em que as escolhas de comportamentos óptimos dependem da certeza das escolhas dos outros indivíduos. Explicando melhor, em relação ao Princípio da Certeza, ter-se-à a certeza do valor de uma das opções e a certeza da ausência do valor da outra. Isto, psicologicamente, levar-nos-ia a uma estabilidade optativa, e quanto à certeza da ausência, levar-nos-ia a um melhor trabalhar da angústia de separação, que é, por exemplo, caracteristicamente associada ao fenómeno borderline. Este melhor trabalhar, por seu turno, levaria a nova estabilidade optativa, resultante da resolução da ambivalência.
O Princípio da Certeza, e principalmente a Teoria da Realidade, poderiam ser consideradas como evolução em relação àquilo que se pode dizer do que há de jogo na Teoria dos Jogos. Ou seja, psicologicamente, iríamos como do Princípio do Prazer para o Princípio da Realidade, eventualmente mais maduro emocionalmente. Iríamos, pois, do prazer na realidade para uma realidade com prazer.
Para mais, a Teoria da Realidade aponta para o alcance, ou para o aproximar, daquilo a que Bion ( Symington & Symington, 1999 ) chamou realidade última, a nível mental, ou a coisa-em-si-mesma.
Em relação a esta realidade última, ter-se-à em consideração a Teoria da Realidade enquanto estratégia evolucionariamente estável, a nível psicológico, no mesmo sentido em que Maynard Smith [ ver referência, Maynard Smith ( 1982 ) ] cunhou a expressão no campo da biologia. Isto seria o seguimento da aplicação da Teoria dos Jogos à biologia, no sentido da compreensão e previsão do desfecho da evolução de certas espécies. Assim, estaremos a falar da previsão da evolução psicológica, em particular, da espécie humana.
Neste campo, gostava de referir-me à exopsicologia, que defino em Exopsicologia: uma nova área de estudo ( Resende, 2009 ), como o estudo da relação e funcionamento psicológico, psíquico, entre seres humanos e entidades e/ou seres extraterrestres e/ou alienígenas. Isto para indicar algo que poderá muito bem ser o futuro psíquico da Humanidade, que é o de a mesma estar ligada telepaticamente. Este tipo de ligação telepática, no interior de uma espécie alienígena, ou intra-espécie, havendo também capacidade de comunicar desse modo com outras espécies como a humana, parece ser algo comum em várias espécies alienígenas, particularmente evoluídas, que terão tido contacto com seres humanos na Terra. Exemplos dessas ligações telepáticas, e desses contactos, poderão ser encontrados em Sequestro ( Mack, 1994 ), The Custodians – Beyond Abduction ( Cannon, 2001 ) ou em The Keepers – An Alien Message for the Human Race ( Sparks, 2006 ).
Outro fenómeno a enquadrar nesta Teoria da Realidade será a capacidade de viajar no tempo, em que se pode conhecer antecipadamente as acções dos outros indivíduos. Há indícios que, por exemplo, os Estados-Unidos têm essa capacidade. Ver, por exemplo, em www.exopolitics.com o caso de Andrew Basiago, em que no passado terá tido acesso a um livro que iria escrever no futuro, havendo Departamentos estado-unidenses, portanto, que tiveram acesso a esse livro, que só iria ser escrito no futuro, tendo viajado para o passado, portanto, e que, no caso, apontava evidências da existência de vida em Marte. Há também relatos de que um Departamento estado-unidense terá avisado, no passado, pelo menos, dois futuros presidentes da nação, de que iriam tornar-se presidentes, no futuro, e que, no caso, tratava-se de Bill Clinton e de Barack Obama. Temos, pois, outro exemplo estratégico da certeza da escolha de outros indivíduos.
Teremos, então, que a Teoria da Realidade, em que as escolhas de comportamentos óptimos dependem da certeza das escolhas de outros indivíduos, o que estará relacionado evolutivamente com uma ligação telepática entre os indivíduos da espécie humana, com aquela certeza garantida, particularmente, por essa ligação, e com a capacidade de viajar no tempo, levar-nos-ia, então, mais próximo da realidade última Bioniana.
Bibliografia
Cannon, D. ( 2001 ). The Custodians – Beyond Abduction. Ozark Mountain Publishers
Mack, J. E. ( 1994 ). Sequestro ( tradução portuguesa ). Lisboa: Temas da Actualidade, D. L.
Resende, S. ( 2009 ). Exopsicologia: uma nova área de estudo em www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 27/07/2009
Sparks, J. ( 2006 ). The Keepers – An Alien Message for the Human Race. Wild Flower Press
Symington, J. & Symington, N. ( 1999 ). O pensamento clínico de Wilfred Bion. Climepsi Editores
Referências
Maynard Smith, J. ( 1982 ). Evolution and the Theory of Games. Cambridge University Press
Morgenstern, O. & von Neumann, J. ( 1947 ). The Theory of Games and Economic Behavior. Princeton University Press
www.exopolitics.com
Neste artigo, relaciono exopsicologia, sincronicidade e telepatia, em que, particularmente, numa base exopsicológica, considero o aspecto sincronístico da telepatia.
Comecemos por considerar o princípio de sincronicidade de Jung. Em relação a este, Maddi ( 1980 ) diz: “ With the addition of the principle of synchronicity, Jung has evolved the notion of collective unconscious into something very close to a universal force not even dependent upon the existence of individual psyches for expression. “. Tendo em conta que Jung tentou relacionar a sincronicidade com fenómenos tão polémicos como a telepatia e a clarividência, repare-se, aqui, que, na citação feita, Jung relaciona a sincronicidade com a noção do inconsciente colectivo. Faço aqui esta referência para constatar o quanto é coerente com o que eu próprio já escrevi, relacionando telepatia com o inconsciente colectivo, assim como com o inconsciente pessoal, particularmente em Características psitrónicas dos inconscientes colectivo e pessoal: a autotelepatia ( Resende, 2011 ) e Distinção entre heterotelepatia e autotelepatia ( Resende, 2011 ).
Continuando, o princípio de sincronicidade tentaria explicar a ocorrência contígua ou simultânea de acontecimentos não relacionados causalmente e indicaria alguma comunalidade no inconsciente colectivo.
Hutin ( ? ) refere, quanto ao conceito de sincronicidade de Jung, que, com ele, o autor tentava explicar “ … os curiosos “ encontros “ significativos e susceptíveis de se produzirem, no tempo e no espaço, entre dois acontecimentos que não se encontravam ligados um ao outro por uma necessidade material. De onde a possibilidade das chamadas “ coincidências “ astrológicas… “. Este aspecto da astrologia tem a sua importância nas conceptualizações filosóficas que Jung faz do ser humano, particularmente pelo esforço por parte de Jung em introduzir a possibilidade de determinismo astrológico na sua filosofia geral das relações entre a psique do homem e o seu universo. Jung ( 1954 ) ( citado por Hutin, ? ), numa entrevista dada acerca da astrologia, diz: “ Tem havido muitos casos de espantosas analogias entre o horóscopo e a disposição caracterológica. Há mesmo a possibilidade de uma certa predição ( … ). O horóscopo parece corresponder a um certo momento do conluio mútuo dos “ deuses “, quer dizer, dos arquétipos psíquicos. “.
Faz-se aqui significar, importantemente, que, tendo o dito, e na sincronicidade, este conluio dos deuses ou dos arquétipos psíquicos relaciona-se, em termos exopsicológicos, com entidades alienígenas, cujas actividades de intervenção com dispositivos psicotrónicos e/ou intervenção telepática e/ou outro meio ou dispositivo de alteração comportamental e/ou mental, na vida humana, podem ser referenciados em vários artigos meus. A saber, Exopsicologia: uma nova área de estudo ( Resende, 2009 ), Exopsicologia e esquizofrenia ( Resende, 2009 ), Exopsicologia e o Ser ( Resende, 2010 ), Exopsicologia e a “ Cara “ de Marte ( Resende, 2010 ), Complemento a Exopsicologia e a “ Cara “ de Marte ( Resende, 2010 ) ou ainda em Exopsicologia e o autismo ( Resende, 2011 ). Isto, em particular, no contexto de estudos psicológicos perpetrados pelas entidades alienígenas na vida humana como no contexto de propostas mensagens alienígenas para os humanos.
Tendo presente este aspecto da exopsicologia, atente-se à relação, já referida, entre sincronicidade e telepatia e clarividência, estabelecida por Jung, tal como nos indica Maddi ( 1980 ). Assim, considere-se os meus artigos Serologia: a filha da Psicologia ( Resende, 2010 ), Caracterização específica da Serologia e do Ser ( Resende, 2011 ), A telepatia e suas relações com os psitrões enquanto base dos psemes ( Resende, 2011 ), Características psitrónicas dos inconscientes colectivo e pessoal: a autotelepatia ( Resende, 2011 ) e Distinção entre heterotelepatia e autotelepatia ( Resende, 2011 ), tendo a noção de que os artigos de exopsicologia, em particular, Exopsicologia: uma nova área de estudo, Exopsicologia e esquizofrenia e Exopsicologia e o Ser, já referidos, deram origem, precisamente aos artigos sequenciados, referidos anteriormente, de Serologia e telepatia.
Estabelece-se, então, aqui, um paralelo exopsicológico entre sincronicidade e telepatia.
Assim, relacionando os vários aspectos, aponta-se na mesma direcção de Jung, no estabelecimento de relação entre sincronicidade e telepatia.
Depreende-se, do aduzido, que o fenómeno telepático nos humanos, enquanto, ele próprio, fenómeno sincronístico, está relacionado com actividades e intervenções alienígenas.
Proponho, aqui, que estes contactos e intervenções alienígenas, ao nível da telepatia, serão no sentido de os seres humanos aprenderem a lidar com a comunicação telepática, porventura um passo mais evoluído na comunicação entre seres.
Bibliografia
Hutin, S. ( 19?? ). História da astrologia ( tradução portuguesa ). Edições 70 ( Edição francesa original, 1970 )
Maddi, S. R. ( 1980 ). Personality Theories: a comparative analysis ( 4ª edição ). Homewood, Illinois: The Dorsey Press
Resende, S. ( 2009 ). Exopsicologia: uma nova área de estudo in www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 27/07/2009
Resende, S. ( 2009 ). Exopsicologia e esquizofrenia in www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 08/10/2009
Resende, S. ( 2010 ). Exopsicologia e o Ser in www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 16/10/2010
Resende, S. ( 2010 ). Serologia: a filha da Psicologia in www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 09/11/2010
Resende, S. ( 2010 ). Exopsicologia e a “ Cara “ de Marte in www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 26/12/2010
Resende, S. ( 2010 ). Complemento a Exopsicologia e a “ Cara “ de Marte in www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 28/12/2010
Resende, S. ( 2011 ). Caracterização específica da Serologia e do Ser in www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 01/02/2011
Resende, S. ( 2011 ). A telepatia e suas relações com os psitrões enquanto base dos psemes in www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 06/02/2011
Resende, S. ( 2011 ). Características psitrónicas dos inconscientes colectivo e pessoal: a autotelepatia in www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 14/02/2011
Resende, S. ( 2011 ). Exopsicologia e o autismo in www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 26/02/2011
Resende, S. ( 2011 ). Distinção entre heterotelepatia e autotelepatia in www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi ( no prelo )
Distinguem-se, neste artigo, a heterotelepatia, ou telepatia de ser para ser, e a autotelepatia, ou telepatia intraindividual, utilizando particularmente a noção de campos alargados, da Psicologia Transpessoal.
Como referido em Caracterização específica da Serologia e do Ser ( Resende, 2011 ) e A telepatia e suas relações com os psitrões enquanto base dos psemes ( Resende, 2011 ), é de considerar que o estudo e o desenvolvimento da telepatia surgirá no contexto da Serologia. Como aí indicado, a Serologia procurará a verdade, buscará a realidade última, sendo esta associada à realidade última, a nível mental, que Bion nos fala, sendo também aí indicado que se estabelecerá um paralelo com a Teoria do Tudo em Física.
Antes de avançar, devemos relembrar a noção dos psemes e dos psitrões. Assim, os psemes são unidades de evolução psicológica, unidades psicológicas de transmissão intergeracional. Os psemes serão pensamentos inconscientes que são consituídos enquanto complexos, ou conjunto de complexos, inconscientes, e terão características Lamarckianas. Os psitrões perspectivam-se enquanto partículas psicológicas que subjazem os psemes.
Para mais, dir-se-à que a histeria é caracterizada por psitrões curtos e que a obsessão é caracterizada por psitrões longos. Isto devido à tendência para a satisfação imediata do histérico, que teria por base psitrões que estariam associados à memória curta, e daí o recalcamento histérico, e devido à tendência para o adiamento da satisfação, característico da obsessão, e relacionada com o juízo de condenação, que teria por base psitrões que estariam associados à memória a médio e a longo prazo.
Ainda, no segundo dos artigos referidos anteriormente, são consideradas a dominância psemética da obsessão sobre a histeria e a característica psitrónica de os psitrões longos se caracterizarem psemeticamente por um maior alcance, talvez por razões filogenéticas.
No âmbito da telepatia, que será neste caso a heterotelepatia, dir-se-à que o telepata obsessivo se caracterizará por características telepáticas de maior alcance, com maior distância e intensidade, do que o telepata histérico.
Isto considerando que no telepata obsessivo predominarão psitrões longos e que no telepata histérico predominarão psitrões curtos.
Ter-se-à em conta, ainda, que na utilização de telepatia através de meios como televisão, rádio, cinema, etc., o telepata histérico funcionará melhor do que o telepata obsessivo.
Assim, tem-se que, com materiais de contacto, de aproximação, mas com maior distância relativa implícita, o telepata histérico, com seus psitrões curtos, funciona melhor, e que sem esses materiais, estritamente de ser para ser, será o telepata obsessivo, com seus psitrões longos, a funcionar melhor.
Falámos, agora, mais ao nível da heterotelepatia.
Noutro plano, e voltando às questões filogenéticas e ao maior alcance psemético dos psitrões longos no obsessivo, tipicamente masculino, dir-se-à que o inconsciente colectivo, que se constituirá enquanto vestígios de experiências passadas da humanidade, particularmente pelas questões associadas à memória a longo prazo, caracterizar-se-à por uma espécie de autotelepatia, em que cada indivíduo contribuirá para a memória colectiva através destes movimentos autotelepáticos. Ao nível desta memória longa, teríamos questões como a reflexão sobre o passado e o planeamento do futuro, que se caracterizariam por movimentos psíquicos, ou mais precisamente, psitrónicos autotelepáticos, para o passado e para o futuro.
Ainda continuando a referenciar o meu artigo Características psitrónicas dos inconscientes colectivo e pessoal: a autotelepatia ( Resende, 2011 ), dir-se-à que estes movimentos autotelepáticos, para o passado e para o futuro, explicarão, em boa medida, os fenómenos das premonições e dos déjà vu.
Assim, teremos que no caso das premonições, os movimentos autotelepáticos irão do futuro para o passado, do momento X1 para o momento X0, ou presente, enquanto que nos déjà vu, os movimentos autotelepáticos irão para o passado e para o futuro, do momento X2 para o momento X0 relativamente ao momento X1, de forma a que quando se passa por X1, sente-se que já aconteceu.
Em termos de arquétipos, esta autotelepatia também poderá explicar porque é que os arquétipos, por exemplo, de Herói ou de Mãe, sejam mais fortes nuns indivíduos do que em outros. Assim, considerando, como Jung ( 1988 ), que os arquétipos são propensões psíquicas, tendências probabilísticas, os movimentos autotelepáticos funcionarão como actualizadores das tendências, em que, por exemplo, uma determinada propensão é mais privilegiada do que outra.
Estas descrições autotelepáticas são reminiscentes de quando se fala de experiências de vidas passadas, que se consegue alcançar, por exemplo, através de hipnose regressiva, estando nós aqui a falar, portanto, do fenómeno de reincarnação.
Como para o inconsciente colectivo, da mesma maneira, mas mais ao nível de uma memória média, se pode caracterizar o inconsciente pessoal, ao nível dos movimentos autotelepáticos.
Considerando que, em termos temporais, os inconscientes colectivo e pessoal se caracterizam por uma relatividade temporal, temos, então, a partir dos psitrões longos, a transmissão autotelepática intergeracional e intraindividual do inconsciente colectivo e a transmissão autotelepática intraindividual do inconsciente pessoal, considerando, também, a transmissão interindividual dos psemes, que se constituem enquanto complexos inconscientes, mas que se transmitem também, por exemplo, por comportamentos e verbalizações.
Voltando à questão da caracterização geral da telepatia, em que, como já indicado no início do artigo, esta surge associada à realidade última, a nível mental, podemos equiparar esta telepatia ao estado holotrópico, tal como considerado por Stanislav Grof, por exemplo, em A Psicologia do futuro ( Grof, 2007 ). Este estado holotrópico é considerado um estado alterado de consciência que se caracteriza por ir na direcção da totalidade.
Como esta noção surge no âmbito da Psicologia Transpessoal, outra noção desta área poderá ajudar-nos a caracterizar melhor a telepatia. Assim, esta seria caracterizada pelos campos alargados de consciência.
Esta última telepatia que temos vindo a falar será a heterotelepatia, ou telepatia de ser para ser, que se caracterizará, então, por estes campos alargados de consciência, podendo nós introduzir aqui a noção da autotelepatia como se caracterizando por campos alargados de inconsciência.
Temos, então, a heterotelepatia enquanto relacionada com a consciência e a autotelepatia enquanto relacionada com a inconsciência.
Faz-se, agora, uma distinção importante quanto aos psemes em si.
Eles constituem-se enquanto complexos inconscientes, que transmitem-se interindividualmente, quer pela sua apreensão inconsciente como também, por exemplo, por comportamentos e verbalizações.
No contexto deste artigo, os psemes fundeiam o inconsciente, particularmente, o inconsciente colectivo e o inconsciente pessoal, e influenciam o consciente, particularmente pela consciencialização dos fenómenos inconscientes, que irá permitir, por exemplo, os campos alargados de consciência, onde se pode incluir a telepatia, particularmente a heterotelepatia.
No sentido descrito, os psemes terão características quer heterotelepáticas como autotelepáticas.
Bibliografia
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